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Brasil

Carta da A&G Gases alerta para possibilidade de faltar oxigênio no Ceará

A situação foi negada pelo governo cearense que disse, em comunicado, ter “situação sob controle”

Redação Jornal de Brasília

07/03/2021 15h57

Hylda Cavalcanti
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Uma carta divulgada na manhã de hoje, por representantes da empresa A&G, uma das responsáveis por fornecimento de oxigênio medicinal para hospitais de Fortaleza, deixou profissionais da área de saúde, técnicos e demais envolvidos com os cuidados com a pandemia em estado de alerta no Ceará. O documento afirma que há risco de falta de oxigênio nos próximos dias na capital cearense. Mas apesar dessa preocupação, a Secretaria de Saúde do Ceará ressaltou que os hospitais e equipamentos da saúde de lá estão com fornecimento garantido.

Segundo o documento emitido pela empresa, os fornecedores do estado do Ceará “estão com a sua capacidade de envase totalmente comprometida” devido à alta demanda, motivo pelo qual os representantes da A&G pediram aos secretários de saúde dos municípios cearenses, diretores de hospitais e autoridades competentes a adoção do que chamaram de “plano B” para evitar que o sistema de saúde entre em colapso.

Assinada pelos diretores Antonio Gleison Alves de Souza e Cleber Olieira Lima, da A&G Gases, a carta explica que esse colapso pode vir a acontecer dentro de três a quatro dias e se dá em função de o consumo estar sendo até quatro vezes superior ao consumo normal de oxigênio nas unidades de saúde daquele estado. Ressalta, ainda, que a aquisição de novos cilindros leva até 145 dias para ser entregue.

Suprimento planejado

Por sua vez, o Governo do Ceará destacou que estabeleceu um planejamento de suprimento de oxigênio e que já emitiu comunicado oficial para as empresas fornecedoras do insumo, garantindo o fornecimento do gás para todas as unidades.

Nota da secretaria de Saúde cearense enfatizou, ainda, que “o abastecimento está garantido, mesmo que a demanda pelo oxigênio hospitalar seja cinco vezes maior que o ocorrido durante o pico da pandemia em 2020, ocorrido no mês de março”.

A gestão estadual também orientou que unidades de saúde que não são do Estado façam planejamento similar para que, no caso de sofrerem a falta de oxigênio, possam ser providenciados “empréstimos, transferências de pacientes e ajustes na condução terapêutica para garantir o completo e adequado tratamento de toda a população cearense”.

Nove dias atrás (em 26 de fevereiro), também executivos da White Martins, que mantém o fornecimento de oxigênio às unidades de saúde do Ceará, afirmaram em entrevista para o portal Focus e para o jornal Diário do Nordeste que a empresa estava seguindo o previsto em contrato e que não há risco de desabastecimento.

Caso de Manaus

O alerta preocupou vários médicos porque fez relembrar o caso de colapso de oxigênio observado em Manaus (AM) no início do ano. A questão do baixo estoque naquele estado está sob investigação, devido a uma informação repassada de que a possibilidade de crise chegou a ser alertada com antecedência por empresas, sem que providências tivessem sido tomadas tanto pelo Governo Federal como também o governo estadual.

“O que sabemos é que Fortaleza vive uma crise séria, com grande número de casos. Se o oxigênio vai faltar, não temos como precisar, mas o que não queremos é ver a mesma situação acontecer, agora, no Nordeste. Esperamos que haja bom senso por parte das autoridades”, afirmou um médico infectologista cearense, que pediu para não ser identificado.

Em entrevista concedida na edição desta semana da Revista Isto É, o presidente do Fórum de Governadores, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT) afirmou que os governantes estão fazendo contatos com embaixadas, laboratórios e empresas. Eles querem, segundo Dias, conseguir efetivar a compra da vacina e a aquisição de produtos que ajudem a sanar a crise “por conta própria”, diante das incertezas e demoras observadas por parte do Executivo Federal no controle da pandemia.

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