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Brasil

Ação policial na praça Princesa Isabel previa atendimento médico a dependentes químicos

De acordo com o delegado Severino Vasconcelos, os usuários de drogas da praça Princesa Isabel iriam receber atendimento médico caso quisessem.

FolhaPress

11/05/2022 7h57

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Mariana Zylberkan
São Paulo, SP

Na fila para ser encaminhado para o abrigo durante ação policial na praça Princesa Isabel na manhã desta quarta-feira (11), Ronaldo Alves Teixeira, 54, pediu para ser internado.

Viciado em crack há mais de 20 anos, ele conta que mora na rua por causa do vício. “Só paro de usar quando fico internado”, disse.

Os assistentes sociais o informaram que poderiam levá-lo apenas para o abrigo e de lá ele deveria pedir a internação.

Ele, então, atravessou a praça e tocou a campainha do Caps Ad, unidade criada justamente para tratar os dependentes químicos que ficam no entorno da Cracolândia. Ninguém atendeu. A reportagem o acompanhou durante cerca de meia hora em que esperou atendimento.

“Tiraram as minhas coisas, não tenho onde dormir”, disse Teixeira enquanto esperava. A porta do Caps Ad abriu às 6h30, duas horas e meia após o início da operação.

De acordo com o delegado Severino Vasconcelos, do 77º DP (Campos Elísios), os usuários de drogas da praça Princesa Isabel iriam receber atendimento médico caso quisessem.

A operação policial teve início às 4 horas, quando equipes da Polícia Civil, Militar e GCM entraram na praça. Os usuários receberam ordens para ficarem sentados na base da estátua do Duque de Caxias. Conforme eram revistados, os usuários eram direcionados à rua General Rondon, perpendicular à praça, onde estavam as equipes de assistentes sociais.

Não havia equipes da secretaria de Saúde na praça durante a operação policial, apenas assistentes sociais da equipe emergencial do programa Baixas Temperaturas, que abordam moradores de rua durante o outono e inverno.

Diferente do atendimento a usuários de drogas, essas equipes são orientadas a encaminhar as pessoas abordadas para abrigos emergenciais, não especializado em dependentes químicos.

Os cerca de 50 usuários que aceitaram ir para abrigos foram encaminhados para o complexo Boracea, na região central, e para o Centro de Acolhida Emergencial Maria Maluf, na Mooca. Nenhum foi para as unidades do Siat (Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica), criados para receber usuários abusivos de drogas.

Entre as usuárias que procuraram abrigo estava Simone Soares de Moura Aguiar, 25. Ela reclamava de cólicas e abriu o casaco para mostrar a barriga saliente de grávida. “Está grande mesmo?”, perguntou sem saber quantos meses de gestação e nem quem é o pai.

Usuário de crack desde os 19 anos, Jonathan Nunes Alves de Almeida, 34, aguardava para entrar na van da assistência social que o levaria para o abrigo. “Queria me internar. Essa vida não é para ninguém.”
Sem a certeza de que conseguiria a internação, Teixeira entrou resignado na van e perguntou se poderia descansar. Eram 6 horas e a maioria dos abrigos tem a regra de desocupar as camas às 7 horas da manhã.

Procurada, a Prefeitura de São Paulo não respondeu até a publicação.

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