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Mulher doa rim para esposo transplantar

Diagnosticado com doença renal crônica (DRC), Diego recebeu da esposa o rim que precisava transplantar

Redação Jornal de Brasília

12/12/2022 9h39

Foto: Reprodução / arquivo pessoal

O casal formado pelo farmacêutico Diego Pereira, de 37 anos, e Ana Paula Lima, de 27, foi protagonista de uma história de amor no Hospital Ophir Loyola, em Belém. Diagnosticado com doença renal crônica (DRC), Diego recebeu da esposa o rim que precisava transplantar.

“Nós ficamos muito felizes com a compatibilidade, a minha mulher sempre esteve ao meu lado, nunca me deixou desistir. Mas a cirurgia teve que esperar mais um ano, pois ela ficou grávida do nosso filho”, explicou Diego.


A doença do farmacêutico causa a perda progressiva e irreversível da função dos rins, não apresenta sintomas e tem tratamento, mas o agravamento pode levar a pessoa a necessitar de diálise e até mesmo de um transplante, como explicou a equipe médica responsável pelo caso de Diego no hospital.

Em 2016, ele apresentou urina escassa e sanguinolenta, mas não deu atenção necessária, pensou se tratar de falta de líquido. A princípio, não imaginou ter uma doença renal grave, mas algo que logo iria passar.

“Após quatro anos, os sintomas se agravaram, as pernas incharam bastante devido à retenção de líquidos, desta vez imaginávamos ser problema de má circulação. Os exames nada atestaram, contudo após três dias, não conseguia me alimentar. Refiz os exames em outro laboratório e estava tudo alterado, imediatamente iniciei a hemodiálise”, contou.

Casados há três anos, o casal não imagina que passaria por uma situação delicada, que chegou à necessidade de transplantar o órgão. Porém, Diego não precisou esperar na fila de doação e encontrou na esposa a doadora para ter um recomeço.

Após três meses de uma rotina de tratamento, ligado a uma máquina, o casal deu início ao processo para dar andamento ao transplante de rim. Depois de uma série de exames, a surpresa veio: um percentual de compatibilidade alto entre eles, como se fossem primos, apesar de não terem grau de parentesco.

Após o período do puerpério de Ana Paula, ambos voltaram a realizar os exames para o pré-operatório. No último 1º de dezembro, Diego recebeu o rim da esposa. Ana já recebeu alta e se recupera em casa, porém ele continua em recuperação no hospital.

“Quando o resultado saiu e a porcentagem foi de mais de 80% compatível com o dele. Alegria inexplicável. Só sabe o sofrimento quem passa por isso; eu, meu filho, e nossos pais sofremos muito junto a ele. Hoje, o Diego não está 100% curado, mas proporcionar uma melhor qualidade de vida para a pessoa que eu amo, não tem nada igual.”, ressaltou Ana Paula .

Transplante e doação


O transplante renal é uma cirurgia em que o paciente recebe o órgão de um doador vivo ou falecido, uma opção de tratamento para quem sofre com a doença renal crônica.

O diagnóstico é realizado com a avaliação dos sinais e sintomas que o paciente relata, como inchaço, aumento da pressão, anemia, cansaço extremo e déficit de crescimento em crianças. Com base nisso, o especialista pede os exames de urina e de sangue, exames de imagem, como ultrassom e tomografia computadorizada.

Segundo o urologista Ricardo Tuma, o doador de rins pode estar vivo ou falecido. “Os doadores de rim vivos precisam ser parentes do receptor até o quarto grau ou então quando não é parente do mesmo sangue, no caso de cônjuge, o marido doa para a esposa e vice e versa, não tem problema. Caso não tenha nenhum parentesco, é necessário realizar o procedimento através de ação judicial”, explicou o médico.

O doador falecido é aquele que tem uma morte encefálica, o que ocorre normalmente em decorrência de traumas ou doenças neurológicas graves. Há casos em que o falecimento decorre de parada cardiorrespiratória.

Para receber o órgão, é necessário estar inscrito na lista única de receptores de rim, gerenciada pela Central Estadual de Transplante (CET) da Secretaria de Estado da Saúde do Pará (Sespa). Os critérios de seleção do receptor são a compatibilidade com o doador e o tempo de espera em lista.

Além do rim, também podem ser doados em vida parte do fígado ou da medula óssea pode ser feita em vida.

“Muitas vezes o indivíduo expressa o desejo de ser doador de órgãos em vida e a família acata. Vários exames são realizados para comprovar que o doador apresenta rins com bom funcionamento e saudáveis e não possua nenhuma doença que possa ser transmitida ao receptor”, enfatizou Ricardo Tuma.


Segundo o especialista, após a realização do procedimento, todo cuidado é pouco, principalmente para pacientes diabéticos e hipertensos, pois se não houver e não seguir as orientações, o rim que ele transplantou vai perder a sua função novamente.

“Após alguns meses, liberamos o paciente para realizar atividades físicas de baixo impacto, como caminhadas e natação para poder voltar a ter uma vida ativa normal”, concluiu Tuma.

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