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Médicos usam mais de 500 bolsas de sangue em parto para salvar vida da mãe

O número de transfusões é maior do que o total feito na Santa Casa de Misericórdia do Pará em um mês

Redação Jornal de Brasília

16/09/2021 14h38

Imagem: Arquivo Pessoal

A auxiliar administrativa Thaís Cristina Sousa, se viu entre a vida e a morte durante o parto de Saulo Gabriel, seu filho. Thais, com 35 anos, e Saulo, hoje com dois meses, precisaram de 531 bolsas de sangue para passarem pelo momento difícil do parto. O número de transfusões é maior do que o total feito na Santa Casa de Misericórdia do Pará em um mês. Foi o apoio de centenas de doadores de sangue que permitiu o sucesso dessa etapa da vida da mãe e do bebê.

A necessidade dessa quantidade exorbitante de sangue se deu pois Thaís é portadora de uma Síndrome, a Púrpura Trombocitopênica. Por esse motivo, ela precisou ir para a UTI logo após dar a luz, para continuar o controle da doença. O bebê, que nasceu prematuro, também preciso de cuidados semi-intensivos.

Thais fala com orgulho de tudo que passou. “Não sou uma gata de sete vidas, sou uma onça. Lutei pela minha vida e meu filho lutou pela vida dele. Tivemos muita ajuda para vencer. Obrigada, Deus. Obrigada a quem doa sangue”, afirmou ao G1.

Mãe e filho foram separados cerca de uma semana depois do nascimento, por um fator incomum, neste caso, Thais quem ficou no hospital e Saulo quem teve a alta primeiro. Normalmente, o contrário acontece. Thais foi acolhida e cidade pela sua mãe durante o tempo longe do seu bebê. A professora aposentada Maria do Socorro, 61, esteve ao lado da filha e do neto.

O nascimento prematuro de Saulo se deu pois Thaís teve uma crise da Síndrome Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) no 7º mês da gestação, a condição é uma doença hematológica rara. Ela ficou 30 dias internada em estado gravíssimo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. No total, a mamãe esperou 45 dias para rever seu filho.

Ao G!, os médicos do caso deram detalhes sobre o caso de Thaís “Era uma situação clínica delicada, com plaquetas baixíssimas e formação de trombos por causa da doença PTT. Havia risco de perda gestacional, risco de morte para a gestante e risco de agudização com sequelas para ambos”, disse o médico Daniel Lima, hematologista e hemoterapeuta da Santa Casa e do Hemopa.

Em decorrência da doença, Thaís também enfrentou uma infecção, hipertensão e uma segunda cirurgia, de laparatomia exploratória, para sanar uma hemorragia interna. Além da quantidade de sangue, a auxiliar administrativa precisou de quatro doses de um medicamento que chega pode custar R$ 12 mil a dose.

Apesar da gravidade, Thaís já sabia da síndrome muito antes de engravidar, o diagnóstico veio em 2016, depois de sofrer uma isquemia cerebral e crise aguda. Já em 2019, ela enfrentou uma gravidez ectópica, quando o óvulo fertilizado se forma fora do útero. Em 2020, ela tentou engravidar novamente e obteve sucesso, gerindo seu filho, Saulo Gabriel.

A médica Patrícia Arruda, integrante da equipe de plasmaférese terapêutica do Hemopa, diz que o caso foi um milagre. “Foi um milagre. Um milagre da ciência e do SUS (Sistema Único de Saúde). São duas instituições públicas que uniram esforços e competências para resolver um caso difícil”.

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