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Justiça determina fiança de R$ 500 mil e manda soltar fazendeiro que aparece em vídeo abraçado com onça morta a tiros em MT

O fazendeiro Benedito Nédio, que aparece em um vídeo abraçado a uma onça-pintada morta com um tiro na cabeça foi solto

Redação Jornal de Brasília

19/04/2022 10h03

Foto: Reprodução

O fazendeiro Benedito Nédio Nunes Rondon, que aparece em um vídeo abraçado a uma onça-pintada morta com um tiro na cabeça, no Pantanal mato-grossense, foi solto após determinação da Justiça. Foi estabelecido o uso de tornozeleira eletrônica além de uma fiança de 413 salários mínimos, um valor de mais de R$ 500 mil.

Nessa segunda-feira, 18, Benedito junto ao seu advogado se apresentaram na polícia após passar mais de duas semanas foragido. Durante a audiência de custódia ele permaneceu em silêncio.

A defesa do fazendeiro informou que o pagamento da fiança já está sendo providenciado para ele ser colocado em liberdade. O suspeito tem até 24 horas para colocar a tornozeleira, em Cuiabá, e realizar o pagamento.

A prisão preventiva foi expedida no dia 1° deste mês, no entanto, desde então o suspeito estava foragido. Segundo delegado responsável, Maurício Maciel Pereira, as investigações serão concluídas em 10 dias.

Vídeo

O vídeo circulava nas redes sociais no início do mês, mostrava o fazendeiro Benedito Nédio, ao lado da onça morta com uma pistola em cima do corpo do animal. O suspeito confessa, no vídeo, ter matado a onça e zomba do corpo do animal silvestre dizendo que ela “não valia nada” e se fosse uma fêmea aproveitaria para ter relações sexuais com o animal.

Conforme a Polícia Civil, o suspeito teria outras armas de fogo, além de couro, patas e outros materiais decorrentes de caça ilegal de animais silvestres na casa e na fazenda dele.

A defesa do fazendeiro contestou a informação repassada pela polícia de peças de caça ilegal estariam em posse do acusado e negou que ele seja caçador e responsável pela morte da onça.

Segundo manifestação do advogado Anderson Nunes de Figueiredo, os vídeos são antigos sendo editados e divulgados, o que poderá provar isso em perícia judicial.

O delegado de Poconé, Maurício Maciel Pereira Júnior, representou com pedido de urgência os mandados de prisão preventiva, busca e apreensão contra o suspeito pelos crimes ambientais de matar animal silvestre, guardar produtos oriundos de animal silvestre, posse e porte ilegal de arma de fogo.

Investigações

A mulher do suspeito foi encontrada, e a mesma afirmou que o marido possui armas na propriedade, porém a pistola que estava no vídeo não foi localizada.

Segundo o delegado, dois irmãos de Benedito que também estavam no local informaram que ele saiu da fazenda ainda nessa sexta-feira para ir até à cidade, mas não foi mais encontrado e não fez mais contato com a família.

Ao ser identificado pelo vídeo divulgado, os policiais conseguiram a localização da propriedade do homem pelo Cadastro Ambiental Rural (CAR). Uma equipe da Polícia Militar de proteção ambiental esteve no local para tentar localizar o suspeito e materiais usados na caça, mas não conseguiram.

Os policiais encontraram apenas uma espingarda com uma munição intacta, em um curral próximo da sede da propriedade. A arma foi apreendida e encaminhada para a Delegacia de Poconé, como material das investigações do caso.

A onça

A onça-pintada foi identificada como ‘Queixada’, um jovem macho que era monitorado. Segundo a ONG Jaguar Identification Project, a onça foi avistada pela primeira vez no Pantanal em novembro do ano passado.

Em uma publicação nas redes sociais, a organização disse que realizou a identificação do animal.

“Fomos avisados ??pelos donos da Fazenda Piuval pedindo para verificarmos se este indivíduo é um de seus machos residentes. Estávamos com dor de estômago quando encontramos a onça morta. Este não é o tipo de identificação que queremos fazer, mas esta informação é extremamente valiosa dando mais peso ao caso quando o condenarem à prisão”, disse a ONG na publicação.

O que diz a lei

O crime de caça, previsto no Art. 29 da lei 9.605/1998, na seção dos crimes contra a fauna, prevê pena de detenção de seis meses a um ano, e multa. O artigo diz o seguinte: Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida.

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