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Cinema

Música e crise criativa: produtores afirmam que adaptações do cinema afetam os musicais

Charles Möeller, diretor de teatro, acredita que o público mudou nos últimos anos, e agora são os espectadores que ditam o que desejam ver

Redação Jornal de Brasília

28/06/2023 9h50

Foto: Reprodução

A eleição de Rudolph Giuliani para a prefeitura de Nova York, em 1994, e suas políticas de combate às gangues de rua que afetavam os latinos nos guetos urbanos afastados do centro, tiveram um impacto significativo na Broadway. Foi nesse contexto que estreou o musical “A Bela e a Fera”, uma adaptação do desenho animado da Disney, que se tornou a primeira produção do estúdio para os palcos. A mudança de público nos teatros nova-iorquinos, impulsionada pelo sucesso do filme, levou os estúdios Disney e outros a apostarem cada vez mais em adaptações cinematográficas para os musicais.

Charles Möeller, diretor de teatro, acredita que o público mudou nos últimos anos, e agora são os espectadores que ditam o que desejam ver. Essa mudança resultou em um aumento significativo de adaptações do cinema para os musicais, uma vez que o público tem menos familiaridade com o inglês, possui um repertório cinematográfico mais limitado e encontra mais facilidade em se relacionar com títulos conhecidos.

A relação entre cinema e teatro não é algo novo, com Hollywood se beneficiando de peças teatrais há décadas. No entanto, o cenário atual é diferente, pois são os palcos que buscam o material que antes estava exclusivamente nas telas. Enquanto nas décadas de 1970 a 1990, dramas de época e romances musicais encontravam uma nova chance nos teatros, agora são os sucessos como “Homem-Aranha” que têm a oportunidade de arrecadar milhões de dólares.

Na última década, a Broadway recebeu uma enxurrada de adaptações cinematográficas, desde filmes como “Beetlejuice – Os Fantasmas se Divertem”, “As Pontes de Madison”, “Ghost”, “Uma Linda Mulher”, “Meninas Malvadas”, “Moulin Rouge”, “Escola do Rock”, “O Diabo Veste Prada” e “Frozen”, até mesmo o desenho animado “Bob Esponja”.

No entanto, essa tendência de adaptações cinematográficas para musicais não é garantia de sucesso. Gustavo Barchilon, diretor de teatro, expressa certo preconceito em relação à quantidade de adaptações, que frequentemente não obtêm sucesso. Ele destaca que produções como “Shrek” e “Uma Linda Mulher” foram fracassos, e a tentativa de replicar as acrobacias do filme “Homem-Aranha” quase causou danos aos membros do elenco.

Apesar disso, esses espetáculos despertam o interesse tanto dos produtores quanto da equipe criativa. Por exemplo, o musical “Homem-Aranha”, que teve acidentes envolvendo o elenco devido às coreografias arriscadas, contou com a trilha sonora composta por Bono Vox e The Edge, do U2.

No Brasil, também ocorre um movimento de adaptações cinematográficas para musicais, visto como uma maneira de atrair o público que ainda não retornou aos teatros após os anos de pandemia. Os produtores brasileiros tendem a buscar

títulos estrangeiros, considerados mais seguros em termos de retorno financeiro, em vez de investir em histórias brasileiras originais.

Embora essa tendência possa ser passageira, alguns pesquisadores apontam que o Brasil está seguindo o movimento de adaptações dos Estados Unidos e do Reino Unido até que comece a adaptar suas próprias histórias. No entanto, a falta de compositores e o direcionamento de patrocínios para obras importadas são desafios enfrentados pelo teatro musical brasileiro. Apesar disso, o mercado de adaptações cinematográficas para musicais ainda mantém os atores ocupados.

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