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Música

Em entrevista ao Jornal de Brasília, Thiago Jamelão fala sobre seu álbum mais recente

Em entrevista ao Jornal de Brasília, o artista falou sobre seu processo criativo, sua amizade com o rapper Emicida e muito mais

Eduardo Naoum

12/01/2024 5h00

Atualizada 11/01/2024 12h44

Foto: Divulgação

O rapper Thiago Jamelão lançou recentemente a versão deluxe do álbum SÓIS e o clipe de “Sobrevivente”, que faz parte do disco. Em entrevista ao Jornal de Brasília, o artista falou sobre seu processo criativo, sua amizade com o rapper Emicida e muito mais.

Nascido em Goiânia-GO, Thiago se interessou pela música muito jovem e, na infância, já era compositor. Em 2008, mudou-se para Brasília-DF e começou a tocar em algumas bandas locais de rock e suas variações. De acordo com o artista, nessa época, a música era um escape e ele não pensava que seria possível viver da arte.

Em Brasília, Jamelão começou a trabalhar em uma loja de camisetas voltada para pessoas negras e, nesse período, ele conheceu diversos artistas que usavam o comércio como ponto de encontro. Thiago diz que pôde aprender muito sobre a história preta brasileira e figuras importantes do movimento preto no Brasil. “Ali foi o meu primeiro contato real com meus antepassados. Fiquei surpreso como eu não conhecia nem 5% da nossa origem, não sabia quem era Luiz Gama, João Cândido, Zumbi dos Palmares, dentre outras figuras.”

Thiago foi tendo contato com pessoas importantes no cenário musical brasiliense, até que conheceu integrantes da banda Ataque Beliz e acabou se tornando integrante. O artista também fez participações em outras bandas da cidade, tocando desde o rock ao sertanejo.

Sobre o SÓIS (DELX), o álbum tem um tom mais melódico e cantado em relação ao rap, por exemplo. As faixas são uma junção de estilos diferentes. “Além de sempre ter ouvido, eu toquei estilos variados durante minha carreira”, pontua Jamelão.

Confira a entrevista com o artista:

Seu álbum mais recente, ‘SÓIS (Deluxe)’, tem uma pegada de rap melódico e bem cantado. Essa característica vem da inspiração do MPB, que você já falou que escuta bastante?

Também, mas não posso afirmar que é só a MPB. Eu sou a junção de muitas sonoridades. Além de sempre ter ouvido, eu toquei estilos variados durante minha carreira. Então, eu sou o resultado disso.

O ‘SÓIS’ tem letras do Emicida, um cara consolidado no rap com quem você trabalha há algum tempo. Qual sua relação com o Emicida e qual a participação dele na sua carreira individual?

Emicida é um irmão que a música me deu. Nos tornamos amigos anos atrás, depois começamos a nos encontrar pelos palcos e, mesmo na sua ascensão, ele sempre foi um irmão presente, até chegar o momento de um convite para caminharmos juntos fazendo música.

Hoje sou parte da banda. Além de backing vocal, sou guitarrista, assino a direção vocal e algumas co-produções do álbum ‘AmarElo’, com o qual ganhamos um Grammy.

Ele é um dos grandes responsáveis pela minha carreira solo ter se iniciado, sempre me incentivou e me direcionou artisticamente.

Recentemente, você lançou o clipe da música “Sobrevivente”. Como foi essa experiência e o que você quis passar com o clipe, que ilustra muito bem a música?

Foi uma experiência muito bonita, desde o primeiro contato com o time de produção até a última cena gravada. Esse clipe foi dirigido pela Karine Reis, ela me ajudou a desenhar em imagens o sentimento e os estados nos quais eu me encontrava quando escrevi a canção. Agradeço a Karine e ao Estúdio Hefe.

Temos três momentos ali: a bagunça, a organização e o encontro comigo mesmo, entender o quão grande sou. No meio acontecem algumas imagens, lembranças.

Quando eu escrevi “Sobrevivente”, o sentimento era de: ”Cheguei até aqui, sigo vivão e vivendo e não desistirei”.

A respeito das suas produções, qual o seu estilo? Você gosta de centralizar as ideias ou prefere deixar os diretores mais livres para criar?

Sinceramente, não sei me colocar em um rótulo. Só tenho a certeza de que a minha base é o rap, me vejo como um artista do rap que traz as sonoridades que gosta de ouvir e tocar.

Geralmente, quando começo a produzir as canções, já tenho uma ideia para onde eu gostaria que elas fossem. Sempre faço as pré-produções das minhas canções, mas sou super aberto, porque gosto de ter a soma de outros olhares. Quando eu chamo alguém pra trabalhar comigo, quero ter a fusão do olhar e do sentimento dessa pessoa, foi o que aconteceu no ‘SÓIS’ e no ‘SÓIS DELX’, todos que somaram comigo eu deixei livres.

Vemos que suas músicas têm uma forte carga emocional e geralmente falam das suas vivências. Como é o seu processo criativo?

Eu faço o exercício diário de estar atento, observando, pensando e escrevendo praticamente todos os dias sobre coisas do meu dia a dia. 

Meu processo se inicia na escrita. Quero falar sobre coisas que acredito, que precisam ser colocadas para fora, e mesmo expondo minhas vivências, eu sei que várias pessoas estão sentindo e vivendo algo parecido.

Você já compôs para outros artistas e vice-versa. Qual a diferença da criação de uma letra em conjunto e de uma letra sozinho? O que você prefere?

Os dois jeitos são bacanas. Com mais pessoas, você sai muitas vezes de um lugar comum, tendo olhares diferentes. Sozinho, você tende a ir para um lugar mais profundo. Mas confesso que gosto de escrever a sós.

Você já trabalhou em outros estilos musicais como rock, metal, MPB e até sertanejo. Que outro estilo você tem vontade de explorar?

A música baiana, em todas as suas dimensões, e o reggae. Amo reggae. 

Quais os próximos passos da carreira do Thiago Jamelão?

Novo álbum e muitos shows. Quero viajar esse Brasil. Espero encontrar vocês em algum momento.   

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