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Integrante da Gaviões que iria representar Bolsonaro gay desfila com faixa presidencial

Ferreira estava em uma ala com integrantes representando militares, armados com fuzis. O enredo da Gaviões falava da luta contra o racismo

Redação Jornal de Brasília

24/04/2022 8h26

Priscila Camazano e Alfredo Henrique
São Paulo, SP

O hair designer Neandro Ferreira, 55 anos, desfilou pela Gaviões da Fiel, segunda escola a entrar no Anhembi, na segunda noite do Grupo Especial de São Paulo, usando terno e uma faixa semelhante às usadas por presidentes. Ao lado dele, uma componente da escola, de terninho e saia, também usava uma faixa.

Ferreira estava em uma ala com integrantes representando militares, armados com fuzis. O enredo da Gaviões, “Basta”, falava da luta contra o racismo, o fascismo e as opressões.

Antes do Carnaval, Ferreira disse em entrevista ao F5 que desfilaria como um “Bolsonaro Gay”. “Vou vir como um Bolsonaro bem gay, bichíssima, dando muita pinta”, afirmou.

Após a repercussão da entrevista e de acusações de homofobia a Ferreira na internet, a Gaviões disse que o personagem que seria interpretado por Ferreira seria um “governante facista qualquer”.

O desfile da Gaviões levantou as arquibancadas. Com bandeirinhas nas mãos, o público faz coreografias sincronizadas com a batida da bateria.

Assim que o abre alas despontou na avenida, uma queima de fogos vinda da arquibancada fez o clima de estádio tomar conta do Anhembi. O público também usou sinalizadores e pintou o céu com uma fumaça preta.

Logo no início, o abre-alas, com a ave símbolo da escola, chamou a atenção do público pelas grandes dimensões.

A segunda alegoria da escola, também de grandes proporções, representava uma favela, sobre a qual ficava uma construção dourada, remetendo às desigualdades sociais.

Nela, foi encenada a morte de um morador, ferido a tiros, amparado por uma mulher. Na traseira do carro, havia o símbolo da Justiça. Logo após este carro vinha a ala em que o hair designer Ferreira estava.

A Gaviões também lembrou dos indígenas, os empecilhos para a demarcação de terras e a violência de que são vítimas. Um carro alegórico representava crânios de animais silvestres brasileiros, representando também o descaso com o meio ambiente.

Atrás da terceira alegoria, uma ala carregou estandartes de personalidades, como o pacifista indiano Mahatma Gandhi, assassinado em 1948, e Sócrates, ídolo da torcida e um dos idealizadores da Democracia Corintiana.

O desfile, em tom de protesto, seguiu com a ala da Velha Guarda e das crianças, e terminou com um carro alegórico que levava uma pomba da paz. Uma das asas da alegoria estava quebrada, o que deve custar pontos à agremiação.

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