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Há cem anos nascia a atriz Ruth de Souza, nome fundamental das artes

Nascida no bairro Engenho de Dentro, no subúrbio carioca, Ruth Pinto de Souza passou parte da infância em uma fazenda em Minas Gerais

Redação Jornal de Brasília

12/05/2021 15h17

Inigualável em suas atuações, Ruth de Souza brilhou nas telas e nos palcos por mais de seis décadas. A atriz, que morreu em 2019, completaria 100 anos nesta quarta-feira, 12. Logo cedo mostrou sua força nas artes, superando as dificuldades que surgiam. Nascida no bairro Engenho de Dentro, no subúrbio carioca, Ruth Pinto de Souza passou parte da infância em uma fazenda em Minas Gerais. Com a morte do pai, ela e a mãe voltaram para o Rio de Janeiro. Nesta data marcante para as artes brasileira, a atriz foi homenageada com o Google Doodle.

Ruth de Souza, ou Dona Ruth, como os amigos a tratavam carinhosamente, tem seu nome inscrito na história da cultura nacional. Em sua extensa carreira, teve participação decisiva na trajetória do teatro, cinema e TV. Ícone de toda uma geração, que a acompanhou nos mais diversos trabalhos, Ruth é exaltada por ter lutado pelo reconhecimento do artista negro no Brasil.

Expoente do Teatro Experimental do Negro, do multiartista Abdias do Nascimento, ela foi a primeira atriz negra a subir ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, encenando a peça O Imperador Jones (1945), do dramaturgo americano Eugene O’Neill. Ainda no teatro, em 1959, sua atuação em Oração para Uma Negra, de William Faulkner, foi tão impactante que ela ganhou uma bolsa da Fundação Rockfeller para estudar nos EUA. Quando retornou ao País, após um ano, trazia na bagagem o conhecimento sobre o movimento negro nos Estados Unidos, na luta por direitos civis. Traz sentimentos que vão nortear ainda mais sua trajetória.

No cinema, surgiu na telona no filme Terra Violenta (1948), de Edmond Francis Bernoudy, uma adaptação do romance Terras do Sem Fim, de Jorge Amado. Esse seria apenas o pontapé inicial, que teria ainda outros grandes trabalhos, como atuações em A Morte Comanda o Cangaço, O Assalto ao Trem Pagador, As Cariocas, O Homem Nu, Orfeu Negro. E foi na sétima arte que Ruth de Souza foi reconhecida lá fora, quando foi indicada para o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema de Veneza, em 1954, pelo filme Sinhá Moça, dirigido por Tom Payne. No entanto, quem levou o Leão de Ouro na edição foi a alemã Lilli Palmer.

Na televisão, Ruth participou de inúmeras novelas, sempre com presença marcante, mesmo que fossem papéis secundárioS. E a sua estreia foi em A Deusa Vencida (1965), de Ivani Ribeiro, da TV Excelsior. Passando para a Globo, em 1969, foi a primeira atriz negra a protagonizar uma novela. Em A Cabana do Pai Tomás, ao lado de Sérgio Cardoso, Ruth viveu importante personagem, no entanto, os créditos não davam destaque para ela. Participou de folhetins clássicos como O Bem Amado, Os Ossos do Barão e O Rebu Sua última participação em uma produção televisiva foi na minissérie Se Eu Fechar Os Olhos Agora, exibida pela Globo em 2018.

Entre as homenagens que recebeu em vida, a grande atriz foi homenageada no carnaval carioca, em março de 2019, pouco antes de sua morte, em julho do mesmo ano. Ruth de Souza foi o tema do samba de enredo da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz, Ruth de Souza – Senhora Liberdade.

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Letra do samba Ruth de Souza – Senhora Liberdade

(Autores: Samir Trindade, Elson Ramirez e Júnior Fionda)

Dama, meu motivo de rara beleza

Acalanto a sua alteza

A estrela que brilha por nós

Oh, pérola negra!

Joia que emana a paz

Lapidada nas Minas Gerais

Seu destino: encantar corações

Canoas, um cortejo de saudade

A doce lembrança que ficou pra trás

No Rio, lindo mar de esperança

Refletindo a infância, acende os ideais

Talento é dom pra vencer

Preconceito não pôde calar

Foi preciso acreditar

Menina mostra a força da mulher

O negro pode ser o que quiser

Resplandeceu da humildade a sua glória

A emoção, pioneira no Municipal

E aprendeu, viveu a arte em sua história

Inspiração, no palco do meu carnaval

Divina musa, no esplendor se fez atriz

Um sorriso de uma raça não apaga a cicatriz

Voa, senhora mãe da liberdade

Em seu papel, a igualdade

De quem sentiu na pele a dor

Brilham Marias, Carolinas de Jesus

Você foi a resistência

E a resistência hoje é Santa Cruz

Ê Odara… ê, Odara… ê Odara… Ê,

Oh, Sinhá Moça

Ê, Odara… ê, o samba

A reverenciar Ruth de Souza

Estadão Conteúdo

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