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Cinema

Série fala de amor com protagonismo negro

“O que eu quero dizer quando falo de amor”, uma série documental da Kilomba Produções, está em fase de produção. O teaser já pode ser conferido

Redação Jornal de Brasília

24/05/2023 12h28

Foto: Kilomba Produções/Divulgação

O desafio de falar de amores, afetos, relações de diversos tipos, sem recorrer a clichês e à ficção, norteia o processo de realização da série documental “O que eu quero dizer quando falo de amor”. Há 4 anos a Kilomba Produções iniciou esta jornada: colocar pessoas negras como protagonistas de narrativas sobre o amor, com espaço para a participação de pessoas não-negras.

O projeto, que está em fase de captação, é composto por cinco episódios de 45 minutos cada. A série coloca na tela temas delicados e complexos, como vivências de famílias interraciais, relações abertas, amor, sexualidade, sexo, paternidade presente, na perspectiva das pessoas negras.

O projeto é vencedor do edital de desenvolvimento de roteiro da Rio Filme 2021 e tem sua equipe composta principalmente por pessoas negras, em todas as etapas do processo. A Kilomba Produções está em processo de captação de recursos para iniciar as filmagens ainda em 2023. Já foram realizadas algumas gravações e, a partir da edição de primeiras entrevistas, foi produzido um teaser para apresentação do projeto e divulgação no Instagram da produtora. Assista:

“O projeto nasce depois de várias rodas de conversas com amigues. A maioria foi chamada para falar das lutas das batalhas. Amor, afeto, tesão são assuntos onde nossas corporalidades são excluídas. Somos agora os narradores destes temas e falamos sem temor do mais nobre dos sentimentos; o amor”, assim a relembra a diretora Natara Ney ao falar como surgiu a ideia da série.

Uma das entrevistadas para o teaser, Mãe Celina de Xangô, iyalorixá e gestora cultural, ressalta: “Amor é uma palavrinha desse tamanhinho que representa algo enorme. Estar nessa série e poder tocar nesse assunto, pouco falado, é responsabilidade, tem tudo para dar o que falar e é para falar mesmo, para entender as várias formas de amar, muito mais que o amor romântico. Isso pode ajudar alguém que ainda tem esperança de que algo se modifique na vida dela. Às vezes, numa situação miserável, basta uma palavra. Espero que essas formas de afeto, carinho, cheguem a quem mais precisa, para quem não tem acesso a muita coisa, fora de grandes centros.”

Mosaico

A Kilomba Produções se propõe a formar um mosaico composto das entrevistas e imagens de cotidiano das personagens, mais as contribuições de convidados e convidadas sobre os temas de cada episódio. Além disso, o roteiro prevê a inserção de outros elementos, como explica a produtora Erika Candido: “Temos um mosaico de imagens, sons, depoimentos, registros, que redimensionam os temas abordados em cada episódio, com diversas camadas de informações e sensações com referências visuais, sonoras, memórias, para cada tema. Um mosaico para mostrar muitos ângulos das experiências afetivas”.

O público-alvo de “O que eu quero dizer quando falo de amor” são pessoas interessadas em discutir, pensar e entender as condições de vida da população negra na sociedade brasileira, com destaque para a construção da afetividade, além do público estudioso do tema da negritude e seus muitos afluentes. Trata-se de um projeto que servirá de base de dados para outras narrativas e discursos. Ao trazer para as telas o protagonismo negro amoroso também vem respostas e vozes que podem reposicionar o tema na própria comunidade e dar visibilidade a essas experiências.

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