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Brasília

Vice-presidência da Câmara Legislativa do DF se torna batata quente até para o Buriti

Arquivo Geral

22/08/2016 7h00

Atualizada 21/08/2016 22h18

Tereza Neuberger/Cedoc

Francisco Dutra
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A eleição da vice-presidência da Câmara Legislativa, no meio de tiroteios e escândalos, se transformou em uma “batata quente” para o governo Rollemberg. Com as bençãos do Palácio do Buriti, o deputado distrital Juarezão (PSB) lançou-se para a disputa. Nas últimas horas, parlamentares da base e algumas alas do Executivo passaram a defender a apresentação de outro nome. O problema é que ninguém quer ocupar a Mesa no meio da crise atual. E, aparentemente, a oposição não deseja entrar nesta corrida.

O nome de consenso entre situação e oposição seria o deputado Rodrigo Delmasso (PTN). Com bom trânsito entre os diversos grupos e blocos dentro da Casa, o parlamentar seria uma escolha “moderada”. Seria, se ele quisesse. “Inicialmente, não tenho interesse”, resumiu o distrital. Correndo por fora, o PT começou a levantar a escolha de Ricardo Vale (PT). Mas em uma conversa pelo Whatsapp o parlamentar teclou: “Nem que fosse indicado pelos 23 outros deputados iria para a Mesa Diretora”.

A vice-presidência da Câmara estava nas mãos da deputada Liliane Roriz (PTB). A deputada renunciou ao posto depois de denunciar ao Ministério Público do Distrito Federal um suposto esquema de corrupção enraizado na Mesa Diretora da Casa. A distrital gravou uma série de conversas comprometedoras, envolvendo a presidente da Casa, deputada Celina Leão (PPS) e o ex-diretor geral da Câmara Valério Neves. Apesar do impacto da acusação, a cúpula do Legislativo não entregou os cargos.
Na análise governista, no cenário atual, a nomeação de Juarezão poderia pesar em desfavor da imagem do Buriti, pois o parlamentar foi um dos personagens do escândalo dos grampos no Buriti. Em uma conversa com Rollemberg, outros distritais e assessores, o deputado disse que o o governo sofria derrotas na Câmara porque “não estava dividindo o bolo” igualmente entre a base. Na época, a frase inflamou a opinião pública.

“Não acho que o Juarezão seja um boa opção neste momento. Não sei se ele tem a força e a experiência suficiente caso haja o afastamento da Mesa”, ponderou o deputado Reginaldo Veras (PDT). Por outro lado, parlamentares da base têm o receio de ter os nomes associados ou confundidos com a Mesa conforme os desdobramentos da crise.
Caso a presidência caia ou seja afastada, o vice-presidente terá uma caneta poderosa em mãos. Se o afastamento ocorrer em um prazo maior do que três meses para a próxima eleição da Mesa, cabe ao vice gerenciar a Casa e convocar a disputa de mandato tampão em até sete dias. No entanto, se a queda acontecer em um período inferior à marca de três meses, o vice será responsável pelo Legislativo até a votação para o próximo biênio.
Além do apoio do governador, a candidatura de Juarezão também é endossada por Agaciel Maia (PR), o principal candidato de Rollemberg para a sucessão de Celina na presidência para o próximo biênio. “Ele é a escolha natural. Juarezão era do bloco de Liliane quando ela se elegeu para a vice-presidência”, contou Agaciel.

Saiba mais

Juarezão elegeu-se em 2014 pelo PRTB, com 15.923 votos. A partir de uma articulação conduzida pelo próprio governador Rodrigo Rollemberg, migrou para o PSB neste ano.

A presidência da Câmara convocou a eleição da vice-presidência para às 15h desta segunda-feira. Curiosamente, o Buriti buscava ontem marcar a reunião de hoje da base com Rollemberg para o mesmo horário.

Ao longo desta legislatura, Juarezão vem construindo o mandato de forma reservada, longe dos grandes debates. O distrital mantém um bom relacionamento com o grupo político de Agaciel Maia.

Até o domingo, figurões da oposição antecipavam: votariam em Juarezão.

Governador convoca os aliados

O governador Rodrigo Rollemberg pretende reunir-se hoje com a base na Residência Oficial de Águas de Claras. Esta será a primeira conversa do socialista com a base após a detonação do escândalo envolvendo a Mesa Diretora da Câmara. Segundo parlamentares, a conversa inevitavelmente abordará a nova crise.

“Eu já tenho uma coisa para falar. A comunicação do governo deixa muito à desejar. Se o Ministério Público admite a denúncia, carimbando que a investigação é sobre a Câmara Legislativa, por que o povo acha que o governo está envolvido? A comunicação não está explicando direito as coisas”, criticou Reginaldo Veras.

Atento às redes sociais, Veras observou que o GDF têm sido alvos de vários comentários negativos em postagens sobre o caso. “E tem mais. Parece que o governador e a cúpula vivem em uma redoma. Tem gente enchendo os ouvidos deles dizendo que o governo parece ruim, mas está bom. Nas ruas, o governo parece ruim, mas na verdade está péssimo”, desabafou o parlamentar.

Na discussão sobre a crise, o governo também deverá definir o futuro da liderança na Câmara. O posto, atualmente, está nas mãos do deputado Julio Cesar (PRB). O nome dele estava sendo contestado por algumas alas do Buriti.

A situação ficou ainda mais delicado pelo fato de Julio ter sido citado nos polêmicos áudios divulgados por Liliane Roriz. Veladamente, o GDF passou a analisar outros nomes como os de Rodrigo Delmasso e até mesmo Joe Valle (PDT), que voltou para a Câmara.

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