Após o Colégio Militar de Brasília (CMB) afastar o professor de Geografia major Cláudio, docentes e estudantes saíram em defesa do profissional. Cláudio foi punido por criticar os diferentes tratamentos dados pelas autoridades de segurança aos manifestantes antidemocráticos e antifascistas.
Em vídeo-aula na última terça-feira (2), Cláudio abriu um parêntese na aula sobre migração na Europa para falar sobre a atual conjuntura política do Brasil. “Vocês devem ter acompanhado os dois protestos”, começou o major. “Uma senhora branca, falsamente com uma bandeira do Brasil nas costas (…) patriota de araque que ela é, e com um tremendo taco de beisebol”, descreveu.
Segundo ele, no ato pró-governo antidemocrático não houve ação da polícia, ao contrário dos protestos antifascistas. “Os outros manifestantes foram tratados a bomba de gás lacrimogêneo”, denunciou.
“Recebemos os mais baixos salários”
Em repúdio ao afastamento do major Cláudio, 49 professores assinaram uma nota que critica a precariedade, a desvalorização e a perseguição sofridas por docentes de todo o país. “Apesar de formarmos todas as outras
profissões, recebemos os mais baixos salários, somos atacados por todos os
lados e mesmo assim nos levantamos todos os dias e ensinamos para muitos
(centenas de pessoas)”, diz o pronunciamento.
Dentre os docentes que assinam a nota, está um ex-professor de Geografia do CMB. “Expressamos, por meio desta nota, toda a solidariedade a professores(as) e afirmamos nossa luta em defesa do direito, da liberdade de ensinar e, em especial, do conhecimento acumulado nas ciências humanas”, conta o texto. Leia a nota na íntegra.
Carta
Assim como os professores, estudantes e ex-alunos do CMB classificaram como indevido o afastamento do docente. Em carta direcionada ao coronel de cavalaria Carlos Vinícius Teixeira de Vasconcelos, os discentes contam que o major Cláudio mostrou apenas fatos recentes, sem desrespeitar normas da instituição.
“Em muitos de nossos ‘Manuais do Aluno’, vimos enumerados os valores do CMB: lealdade, verdade, probidade, responsabilidade, patriotismo, civismo, camaradagem, cooperação, e disciplina. Entendemos que nenhum desses valores toma precedência com relação ao outro, e que apenas exercendo excelência em cada um deles, podemos individualmente nos tornar melhores cidadãos. Logo, a educação crítica de jovens brasileiros, de acordo com os valores do próprio Colégio, passa pelo compromisso com a verdade, ainda que por vezes nos force a lidar com passados e presentes desconfortáveis.”
A carta busca ainda a assinatura de alunos e funcionários do colégio para reforçar o repúdio ao afastamento. É possível ver na integra e assinar no seguinte link.
