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Brasília

Desapego era golpe: produtos vendidos na web não existiam

Arquivo Geral

04/05/2018 13h04

Jéssica Antunes

Jéssica Antunes
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Perfis de desapego em redes sociais eram usados por uma brasiliense velha conhecida da polícia para aplicar golpes na internet. Karine de Oliveira Simino, de 23 anos, tinha diversas contas no Instagram para vendas de produtos que sequer existiam. Há confirmação de que ela tenha feito pelo menos 14 vítimas em diversas regiões brasileiras, com prejuízo estimado em R$ 23 mil. A Polícia Civil estima, porém, que centenas de pessoas possam ter sido enganadas.

A mulher liderava uma organização criminosa composta por oito pessoas e foi presa preventivamente na manhã desta sexta-feira (4). Ela anunciava produtos de grife importados em vários perfis nas redes sociais, como bolsas, calçados e até celulares, e negociava com clientes do Brasil inteiro. Muitas vezes eram ofertas de desapego e os itens indicados como de segunda mão, com valores abaixo do mercado.

O preço médio era de R$ 2 mil, pagos integralmente ou em forma de sinal pelas vítimas, que jamais recebiam os produtos. “Depois de receber e era cobrada, ela desaparecia, bloqueava os números e os perfis dos clientes e passava para outra conta para aplicar novos golpes, sempre com nomes distintos”, conta o delegado Hudson Maldonado, da 13ª Delegacia de Polícia, em Sobradinho.

A suspeita informou à polícia que os golpes começaram a ser aplicados em 2009, quando ela ainda era adolescente. O nome aparece em outros sete inquéritos no DF e em mais quatro ocorrências em apuração. “Ela possivelmente fez centenas de vítimas fora daqui. Quando uma pessoa de outro estado procura a polícia, ela usa o nome falso que está no perfil. Nem sabe que a autora do golpe é a Karine, que está presa”, ressalta o delegado. Há casos identificados em São Paulo, Rio de Janeiro, Pará e Minas Gerais, além do DF.

No site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), tramitam três processos de estelionato no nome de Karine. A mulher não tinha profissão e mantinha estilo de vida modesto, segundo o investigador. Desempregada, ela morava em uma casa em Planaltina com marido e filha pequena, que ficará com avós. Na residência, foram encontrados documentos que indicam as transferências bancárias e continuidade do golpe.

Leia mais: Vice-presidente da Fecomércio foi vítima de golpe do desapego na web

O marido dela, Igor Bezerra, também foi preso. Além de integrar o bando, ele tinha um revolver calibre .38 municiado em casa. As investigações continuam e a polícia já sabe que outras seis pessoas, moradoras de Sobradinho, fazem parte da organização criminosa emprestando o celular para ser aplicado o golpe ou indicando contas para depósito. Somados, os crimes de associação criminosa e estelionato podem levar a pena de dois a oito anos de reclusão.

Para não cair em golpes de estelionatários pela internet, o chefe da 13ª DP recomenda: “cautela, cautela e cautela. Se vai comprar pela internet procure sites confiáveis. Cuidado com pessoas anônimas. Não dá para saber quem está do outro lado”.

Jéssica Antunes

MEMÓRIA

Em agosto de 2015, Karine foi presa pela prática do mesmo crime. Na época, 21 vítimas haviam sido identificadas e a mulher vendia os produtos por R$ 800 a R$ 2 mil. No momento da prisão, a suspeita negociava a venda de produtos por telefone e por e-mail.

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