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Brasília

Coronavírus no DF: Saúde diz que isolamento social garantiu achatamento na curva de casos

Segundo Hage, a previsão do pico da doença no DF foi descartada, já que as previsões eram baseadas em países que tomaram as mediadas de maneira tardia

Aline Rocha

06/04/2020 16h34

Durante coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (6), o subsecretário de vigilância em Saúde do Distrito Federal, Eduardo Hage, afirmou que as práticas de distanciamento e isolamento social estão possibilitando que a curva de casos de coronavírus no Distrito Federal (DF) tenha achatamento.  

Segundo o subsecretário, a previsão do pico da doença no DF foi descartada, já que as previsões eram baseadas em países que tomaram as mediadas de prevenção de maneira tardia. “As medidas que estão sendo tomadas no DF e em alguns outros estados, como São Paulo, que tomaram medidas de maneira precoce, tiveram registro no achatamento da curva, e não há aceleração, como previsto”, explica. A previsão do número de casos para os próximos 15 dias é se manter menor do que o previsto, como vem acontecendo na capital. 

Hage diz estar preocupado com o relaxamento do isolamento. “Precisa haver adesão da população, pois a própria sociedade se coloca em risco, com o possível aumento do número de casos gerando sobrecarga no sistema de saúde. Mantenha-se em casa, no seu isolamento”, reforça.

“É fundamental evitar aglomeração e manter o isolamento, se mantendo em casa, exceto aquelas que trabalhem com serviços essenciais. Pessoas que descumprem ou que propagam a falta de necessidade estão agindo de forma irresponsável com a saúde pública do Distrito Federal”, diz o subsecretário.

Segundo o secretário de Saúde do DF, Francisco Araújo, o SUS já conta com 4.333 leitos destinados para o coronavírus e todo o esforço vem sendo feito em parceria entre a rede pública e privada de saúde. 

Novos leitos

Fotos: Breno Esaki/Saúde-DF

Com o objetivo de reforçar o atendimento aos pacientes diagnosticados com coronavírus no Distrito Federal, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) abriu 40 leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 10 de pronto-socorro e 16 de retaguarda. Essa ação ajuda a ampliar a infraestrutura da saúde do DF diante das necessidades de enfrentamento à pandemia previstas a partir desta segunda-feira (6).

O anúncio de abertura dos leitos foi feito pelo secretário de Saúde, Francisco Araújo, durante uma visita técnica realizada no local. “Montamos os 40 leitos de UTI aqui com a força de trabalho dos nossos profissionais. Utilizamos toda a estrutura do hospital e engenharia clínica para fazer a nossa parte e reforçar o atendimento em caso de necessidade. Nós estamos organizados para enfrentar essa pandemia”, afirmou Francisco Araújo, depois de visitar o 5º andar do HRSM onde está a UTI.

A unidade já estava disponível no hospital, mas precisava de adequações para receber os pacientes com a Covid-19. Ao longo de uma semana a UTI passou por nova pintura, vedação de entradas e a construção de mais portas de acesso aos profissionais. Além disso, as equipes de saúde fizeram treinamentos sobre a paramentação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPis) e os novos fluxos assistenciais voltados aos pacientes com coronavírus.

“Tudo isso é fruto do empenho dos servidores, colaboradores, das equipes de saúde e do Instituto de Gestão Estratégica em Saúde (IGESDF), que já estavam fazendo esse trabalho”, agradeceu o secretário de Saúde. “Na semana que vem, já teremos mais entregas de leitos de UTI para pacientes com Covid-19, dentro do planejamento que a Secretaria de Saúde fez para enfrentar esse problema”, garantiu.

Ministério da Saúde

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

O secretário de Saúde disse, ainda, que é importante que o Ministério da Saúde se preocupe em ajudar os estados e municípios e que, todos os pedidos feitos até o momento não foram atendidos. Segundo Francisco Araújo, 318 leitos de UTI ainda não foram autorizados, foi enviado álcool sem possibilidade de uso, testes sem funcionamento completo e aventais sem possibilidade de uso foram enviados para a secretaria de Saúde do DF.  

“A gente espera ações concretas para ajudar estados e municípios, como o DF, que estão correndo para ajudar as pessoas”, afirmou o secretário. Segundo ele, o valor liberado para auxílio no combate ao coronavírus no DF, de cerca de R$ 15 milhões, é pouco para as ações que vêm sendo tomadas para combate ao vírus . 

Lacen

Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde

O Laboratório Central de Saúde Pública ganhou notoriedade ao ser o centro das análises do vírus recém-chegado ao território. Isso mudou a rotina de todos os servidores do Lacen e as relações com seus familiares.

No rosto de Larissa da Costa Souza, que trabalha diretamente no diagnóstico do coronavírus, é visível o cansaço. A fala sobre os processos de trabalho e todo o histórico sai naturalmente, com propriedade, mas de forma mecânica, ininterrupta. Uma pausa para refletir sobre o impacto das horas a mais no trabalho e a emoção toma conta ao relembrar da família e dos filhos.

“Eu estou muito ausente. Eu fazia lanchinho, já não faço mais, porque de noite só dá tempo de tomar banho e dormir (choro). Fim de semana a gente trabalha também. São crianças de 2, 4 e 6 anos… não, confundi, o de 6 fez 7 e o de 4 fez 5, recentemente. Nessa rotina, fico atrapalhada”, relata a servidora, que antes de continuar a conversa precisou controlar as lágrimas.

“É mais tempo de trabalho. A sorte é que meu marido não é da área da saúde e conseguiu um tempo de home Office. Então ele está ficando com as crianças em casa”, completa a profissional que também está responsável pela capacitação das equipes que estarão no novo regime de plantão do laboratório.

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