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Brasília

2019 registra queda de taxas criminais no Distrito Federal

Apesar de queda generalizada, Ceilândia continua no topo da
violência no DF em homicídios e estupros; números da RA IX superam soma de Samambaia e Planaltina

Willian Matos

14/10/2019 8h37

Olavo David Neto
[email protected]

Os índices de criminalidade no Distrito Federal apresentam queda. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), homicídios, latrocínios e estupros registraram, cada, 10% ou mais de redução de janeiro a setembro de 2019 em relação ao mesmo período de 2018. Os índices de violações sexuais apresentaram a maior baixa, com 15,3% de diferença entre os dois anos. Segundo a Polícia Militar (PMDF), mudanças no policiamento ostensivo explicam as quedas, mas especialista afirma que é preciso mais tempo para entender se a queda nos números mostra, de fato, maior segurança.

Conforme os números, foram 524 estupros consumados até setembro de 2018, enquanto o nono mês deste ano apresentou 444 casos de violência sexual. A redução chega a 15,3% e puxa a fila de quedas nas estatísticas criminais. Quanto aos latrocínios, a redução é menor: em 2018, entre janeiro e setembro, foram 19 casos de roubo seguido de morte, enquanto que, no mesmo período, 2019 contabiliza 17.

Com 297 registros no primeiro ano do governo Ibaneis Rocha (MDB), a taxa de homicídios decresceu em 11,3% em comparação com os nove primeiros meses do ano passado. Foram 335 mortes em 2018, o que significa uma morte violenta intencional a cada 1,2 dia. “Temos uma análise cotidiana dos dados criminais, dos ‘pontos quentes’, onde ocorrem os crimes, o modus operandi, e então o remanejamos o efetivo”, comentou o Chefe do Centro de Comunicação Social da Polícia Militar, Coronel Souza Oliveira.

A professora e pesquisadora em ciências criminais Carolina Costa Ferreira aponta certas deficiências na análise dos índices. Para ela, as reduções são positivas, mas seguem uma tendência nacional e não há como identificar suas causas. “Significa que algum ponto da política de segurança está funcionando, mas a discussão é que não dá para identificar
qual é esse ponto”, comentou a especialista. Com relação à queda de homicídios, Carolina explica que é necessário realizar uma análise pertinente:

“É preciso mais tempo para checar se há menos acesso da população à polícia, ou menos crimes por conta de ações preventivas.”

Ceilândia mais violenta

Apesar de também registrar quedas nos índices criminais, Ceilândia mantém uma liderança histórica nas taxas de homicídios e estupros. 48 assassinatos aconteceram na RA IX até julho deste ano – período divulgado pela SSP para crimes por Região Administrativa.

O número é superior à soma das mortes violentas em Planaltina e Samambaia, que dividem a segunda colocação no ranking no DF, cada uma com 22 mortes. Segundo o coronel Souza Oliveira, a Região Administrativa possui alguns agravantes para manter-se no topo das taxas criminais. “Ceilândia tem uma população muito grande, é uma região enorme”, comentou o Policial Militar, lembrando que as áreas ao redor da RA IX, como Sol Nascente, Pôr do Sol e Samambaia, por exemplo, influenciam
nos altos índices.

Carolina corrobora a fala do coronel sobre o tamanho da Região Administrativa, mas alerta para a falta de incentivo público em medidas que tirem os habitantes de Ceilândia da mira do submundo. “Quanto menos investimento tiver em política pública, maiores serão os índices de violência. A principal medida preventiva para diminuí-los é o aumento de
emprego, renda e educação”, comenta a professora de Ciências Criminais.

O estupro é o único crime comum a todas as RAs. Houve registro desse tipo de violência em todas as cidades-satélite do DF, com exceção do Jardim Botânico, que não repassou dados do gênero criminal à SSP. Mais uma vez, Ceilândia está no topo da tabela em 2019 com 67 casos consumados até julho. 2018 foi mais violento: no mesmo mês, os ceilandenses testemunharam 94 ocorrências. Os dados desse ano apontam para uma
redução de quase 29% no mesmo período. Samambaia aparece novamente na vice-liderança: foram 36 estupros registrados na cidade-satélite até o sétimo mês.

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