“Meu pai foi um exemplo de vida, ser humano e empresário”, disse Elsinho Cascão, 64 anos. Familiares e amigos de longa data de Elson Cascão, prestaram, nesta quinta-feira (18), os últimos agradecimentos ao pioneiro e empresário da capital federal, do ramo de combustível, no Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília. Quem passou pelo local, não deixou de lembrar que Elson foi um pai e amigo presente, além de um homem trabalhador, honesto, sincero e companheiro.
Elson Cascão, fundador do Grupo Cascol de combustível, faleceu na quarta-feira (17), aos 92 anos, após passar mal na última terça-feira (16). Segundo a família, o empresário teve uma partida natural e sem sofrimento. “Ele teve umas complicações renais e o coração já estava bem fraquinho, afinal são 92 anos. O pulmão também tinha um problema. Mas foi uma morte natural e tranquila. Ele foi muito tranquilo, nós estávamos juntos. Ele foi sem sofrimento. Deus levou ele com muito amor”, comentou ao Jornal de Brasília, o administrador de empresas e filho do pioneiro, Elsinho.
Para o filho de Elson, que leva o mesmo nome do pai, e foi apelidado de “Elsinho”, o empresário deixa um grande legado: “Ele criou uma empresa que é referência no Brasil, uma das maiores no ramo de combustível. Ele veio para Brasília em 1957, e fundou a empresa em 1958. A empresa hoje já está com 65 anos, entrando na terceira geração. Nós vemos que o legado foi muito forte. É muito difícil construir um legado desse. No Brasil, podemos contar que deve ter 15 empresas com 65 anos. Foi um legado deixado com muita honra e firmeza. Um cara que foi diferenciado”.
Dentro de casa, Elson foi um pai e avô presente: “Minha filha mais nova que nem está aqui exprime muito bem quem era meu pai. Meu pai, além de avô, era amigo e um pai para os netos. Era uma pessoa que dava muitos conselhos. Um homem com uma cabeça muito boa e fresca, os netos sempre adoraram ele. Podemos dizer que ele era um homem família”. O velório do empresário começou no fim da manhã, e foi encerrado, a tarde, com uma missa de corpo presente, onde foram feitas orações e homenagens ao pioneiro de Brasília.
Após a missa, o corpo do empresário foi levado para o Cemitério Campo da Esperança, onde foi cremado. Para Carmen Gramacho, 78 anos, amiga de longa data de Elson, o pioneiro era um exemplo de empreendedor: “Eu e meu marido somos amigos dele a tempos. Elson era um guerreiro e um exemplo de empreendedor. Muito inteligente, culto e gostava bastante de ler. Um gentleman como pessoa. Super educado, tratava o funcionário do mais simples ao mais alto grau sempre com o mesmo respeito e carinho. Uma pessoa exemplar”.
“Um pai e avô presente na vida dos filhos e netos. Uma pessoa única. Ele deixou um grande legado, mas acima de tudo ele deixa muito carinho em volta dele porque todas as pessoas que falam dele falam o que ele foi e representou para todos. É um grande homem. Um homem que o corpo estava doente, mas a cabeça não. Ele era um homem que gostava da vida, amava viver, estar com pessoas, viajar e conhecer novos lugares. Uma pessoa maravilhosa e que começou a vida de uma forma muito guerreira e simples. Que ele descanse em paz e siga na luz de Deus para sempre”, completou Carmen.
O secretário de governo, José Humberto, esteve presente no velório em nome do Governo do Distrito Federal (GDF): Nós fomos surpreendidos com essa notícia do falecimento, mas são 92 anos. Ele viveu bem. Dei um abraço na família toda, deixando aqui a solidariedade da minha família e também do GDF, por conta desse empresário que tanto gerou emprego, investimento e fomento para a economia do DF. Ele deixa um grande exemplo. Um homem muito simples, com o jeito mineiro de ser, além de ser um amigo para todas as horas. Embora tenha tido um grande sucesso empresarial não mudou nunca sua maneira de ser”.
José Humberto lembrou ainda ao JBr, que ambos começaram na mesma época no ramo empresarial de Brasília, Elson no setor de combustível e o secretário nos supermercados: “Nós começamos as empresas praticamente na mesma época, ele nos postos de gasolina e nós nos supermercados. Foi um crescimento praticamente homogêneo entre as duas empresas durante um bom período. Nós trocavámos muitas informações, fomos, inclusive, vizinhos de operação”.
O velório do empresário foi marcado pela passagem de muitas pessoas, dentre eles familiares, amigos e funcionários. Os presentes levaram várias coroas de flores em homenagem a Elson. O sentimento maior na despedida do pioneiro de Brasília foi o de agradecimento, por todo legado que ele construiu na capital federal. Os presentes não deixaram de exaltar que a sua caminhada foi de muito trabalho, mas principalmente de simplicidade, carinho e amizade. Elson deixará saudades, mas sempre será lembrado pelo amor que depositou aos familiares, amigos e a Brasília, que escolheu como sua capital. “Eu adoro Brasília. Não deixaria Brasília por nada. Só em uma circunstância: Pra ir a algum lugar e voltar a Brasília”, frase dita pelo próprio Elson, quando vivo, e entregue junto com uma foto dele para quem foi prestar as últimas homenagens.
A reportagem, Antônio Matias, sócio do empresário, falou como foi trabalhar com Elson todos esses anos, e prometeu seguir o seu legado: “Eu cheguei quase junto com o Elson em Brasília, e em 1958 comecei a fazer parte da empresa junto com ele. Foi um cara formidável, é difícil encontramos um homem igual ele. Um homem trabalhador, honesto, sincero e companheiro. Nós trabalhamos 66 anos juntos e nunca discutimos, sempre nos tratamos com muito respeito. Eu vi os filhos dele nascerem e ainda fui padrinho de todos. Foi um pioneiro que participou da construção da capital da República. Só tinha três postos naquela época em Brasília e nós vendíamos para todos. O próprio Elson entregava óleo diesel na sua caminhonete. Ele foi embora, mas eu vou continuar o trabalho dele junto com a família dele e a minha”.
Elson Cascão
Elson Cascão, nasceu em Araguari, em Minas Gerais, e aos 92 anos deixa um grande legado no setor empresarial do Distrito Federal. Em 1958, o mineiro abandonou a carreira militar, na Força Aérea Brasileira (FAB), e saiu com destino à Brasília em busca de novas oportunidades. Sendo um dos pioneiros da capital federal, fundou o Grupo Cascol de combustível. O primeiro posto de gasolina, de Cascão, foi comprado com ajuda da família, no Núcleo Bandeirante. Ao longo dos anos, o Grupo Cascol foi ganhando novos sócios, e, atualmente, conta com os empresários Antônio Matias, Luiz Imbroisi e Laudenor Limeira. Hoje, o grupo empresarial do setor de combustível é dono de 92 estabelecimentos no DF. Em 2020, Cascão participou do documentário “BSB60 – Brasília e Seus Pioneiros”, longa que reúne histórias dos precursores de Brasília.