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Brasília

Três meses depois do ‘Caso Lázaro’, Cocalzinho segue com fama de ‘cidade assombrada’

Enquanto uns moradores levam a situação “na esportiva”, outros se mudaram da região e até hoje não voltaram. Lázaro foi morto há exatos três meses

Redação Jornal de Brasília

28/09/2021 8h16

Foto: Divulgação/ PCGO

Neste dia 28 de setembro faz três meses que Lázaro Barbosa de Sousa faleceu em Águas Lindas de Goiás-GO. Lázaro ficou famoso após cometer uma chacina no Incra 9, em Ceilândia, e dar início a uma fuga que mobilizou quase 300 policiais e a mídia de todo o país.

Após a chacina, Lázaro se escondeu na grande área de mata que liga Ceilândia, Águas Lindas e Cocalzinho de Goiás-GO. Em Cocalzinho, há ainda os distritos de Girassol e Edilândia, por onde o criminoso também passou. Foram 20 dias vendo o assassino se esconder em fazendas, roubar e tentar matar pessoas, fazer reféns e driblar a polícia em meio ao matagal da região.

A caçada só terminou no dia 28 de junho, quando Lázaro foi visitar a ex-mulher e a ex-sogra em Águas Lindas e finalmente acabou sendo cercado. Uma troca de tiros com policiais resultou na morte do criminoso, baleado com 38 tiros, e pôs fim à busca policial. O que ainda não teve fim, no entanto, é o medo de parte da população de Cocalzinho, região por onde Lázaro transitava.

O radialista Fábio Júnior Mendes, de 25 anos, comenta que, três meses após o caso, ainda há moradores que querem distância de tudo o que se refere a Lázaro. Alguns deles até deixaram a cidade. “Muitos fazendeiros que trabalham com colheita, que entregam leite e queijo na região, ficaram parados em suas fazendas. Teve muitas perdas de alimentos, os comerciantes também, muita gente deixou de sair de casa, muita gente saiu da cidade e demorou para voltar. Então teve muito prejuízo para a cidade”, explica Mendes, ao jornal O Globo.

Por outro lado, alguns moradores levam o ‘Caso Lázaro’ na brincadeira. O crime acabou gerando expressões populares entre pessoas da região. Virou comum, por exemplo, ouvir mães falando para os filhos não ficarem na rua pois “o Lázaro vai te pegar”. “Hoje a gente leva muito na brincadeira, na esportividade. Alguns moradores brincam que a cidade ficou com essa fama aí, de ser a cidade assombrada do Lázaro”, disse Mendes.

“Já tem o ditado aqui de que não vai ficar muito tarde na rua por causa do Lázaro. É aquele modo de assombrar as pessoas. Mas ele já está morto, né. Mas a brincadeira continua. Daqui dez anos ainda vai ter história para contar e vai ser uma brincadeira. Isso aí não some da mente de quem passou o sufoco que o município passou. Isso não vai sair tão fácil, principalmente das pessoas que foram vítimas”, declarou o radialista da Rádio Vitória, que transmite música e faz jornalismo comunitário para a região.

“Maior caçada a um psicopata no país”

Também ao jornal O Globo, o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, classifica o Caso Lázaro como “a maior caçada a um psicopata no país”. Miranda acredita que a perseguição policial só durou 20 dias porque Lázaro contava com ajuda. “Ele tinha uma rede de proteção, sim”, resumiu.

O secretário não se arrepende de ter mobilizado tantos agentes de segurança (foram ao menos 270). “A quantidade de pessoas (que participaram da procura a Lázaro) foi até pela dimensão do local. São mais de cinco mil propriedades. Nosso principal objetivo, o número um, era não deixar ele machucar mais ninguém”, declarou.

O caso segue sendo investigado. Miranda frisou ainda que não foi descartada a hipótese de Lázaro ter agido com algum parceiro. Num dos crimes praticados por ele, um estupro em Ceilândia, em 2009, o criminoso estava junto com o irmão, Deusdete, morto há cinco anos.

Ainda sobre investigação, o Ministério Público de Goiás investiga o fazendeiro Elmi Evangelista, de 74 anos. Ele é acusado de acobertar Lázaro e seus crimes. A promotora responsável pelo caso, Gabriela Sterling Jorge Vieira de Mello, não fala sobre uma rede de fazendeiros, hipótese que se levantou durante a caçada, mas não descartou o caso e disse apenas que a Promotoria de Cocalzinho não recebeu informações nesse sentido.

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