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Brasília

Testemunhas se emocionam ao falar sobre o comportamento de Adriana

ex-companheiro da acusada, Livino Silva afirmou que ela sempre teve um temperamento forte, decidido, mas que nunca chegara às vias de fato, por exemplo

Marcus Eduardo Pereira

28/09/2019 17h56

A terceira testemunha a falar neste sábado (28) foi Livino Silva, companheiro de Adriana de 1994 a 1998 e, posteriormente, amigo da arquiteta. O depoimento dele ficou por conta do comportamento de Adriana no período em que moraram juntos, bem como as reações dela quando do sumiço dos pais, já que Livino foi o responsável por levá-la ao apartamento onde José Guilherme, Maria Villela e Francisca da Silva foram assassinados.

Livino mal chegara em casa, no Altiplano Leste, quando recebeu uma ligação de Adriana, “muito apreensiva, preocupada”, dizendo que não tinha notícia dos pais. Para ela, segundo o relato, “algo muito sério acontecera”. Ele a buscou na QI 29 do Lago Sul, onde a filha dos Villela morava à época, e a levou, primeiro à padaria que José Guilherme frequentava, depois ao apartamento da 113 Sul.

Livino se emocionou ao comentar o momento em que Carolina Villela veio ao encontro dos dois e anunciou a morte de José Guilherme e Maria. “Mataram meus avós”, disse a menina, entre lágrimas, segundo o relato. “Tinha duas pessoas que eu amava sofrendo muito naquele momento [Adriana e Carolina], então isso mexeu muito comigo”, confessou Livino.

Sobre as ligações que Adriana fez no caminho, ele afirmou que ela estava com o telefone fixo e o celular no momento em que chegou à casa dela, e que não sabia ao certo, mas ouviu os telefonemas para o banco e para a agência de viagens já dentro do carro. “Ela temia sequestro. Até considerou uma viagem, mas eles não tinham costume de viajar sem avisar”, declarou o ex-companheiro da acusada.

Quanto ao comportamento da ex-companheira, Livino afirmou que Adriana sempre teve um temperamento forte, decidido, mas que nunca chegara às vias de fato, por exemplo. “Ela tinha a opinião dela e queria sempre mostrá-la, mas nada agressivo”, disse o depoente. A respeito do relacionamento com a família, ele disse considerar um relacionamento normal, com altos e baixos, “mas com muito carinho entre eles”.

O Espírito das Leis

Quarto a subir ao púlpito, Ronei Silva foi presidente da cooperativa de catadores de lixo com a qual Adriana desenvolveu o projeto de mestrado e dava curso de reciclagem de vidro para a comunidade. Segundo o relato, Adriana era gentil no trato com os trabalhadores da cooperativa e “chegou falando em recuperar a nossa dignidade”.

O trabalho de Adriana junto à cooperativa, conforme Ronei, ajudou a desenvolver a autoestima dos colaboradores. “Esse copo de vidro tem um valor, se ele quebrar não tem mais. Ela ensinou a gente a reutilizar, a pegar os pedaços do vidro e agregar valor novamente”, comentou. “Isso foi muito importante pra gente. Todo mundo que conviveu com ela pensa a mesma coisa”.

A repercussão do caso na mídia alertou Ronei, mas logo ele se viu em meio às investigações. Segundo companheiros do ex-presidente da cooperativa, a delegacia afirmava que ele teria contratado o irmão para matar o casal Villela. “Me ligaram da Corvida e pediram pra eu tirar a impressão palmar. Depois nunca mais falaram mais nada. Foi um sofrimento que eu passei”, relatou Ronei.

Ronei inclusive rememorou um período em que começara o curso de Direito, e, sem dinheiro, precisava de livros emprestados para acompanhar as aulas. Quando procurou Adriana, ela “ficou muito feliz, disse que o pai era advogado e tinha esse livro”. No fim, a versão que José Guilherme Villela tinha de O Espírito das Leis, obra de Montesquieu, era uma edição especial e ele não emprestaria. “Ainda bem que ele não me emprestou, doutor”, declarou Ronei. “Se eu tivesse pegado esse livro emprestado esse livro, levado ele de volta naquela casa ou tivesse contato com a família, eu estaria preso hoje”.

Por fim, Ronei fez questão de afirmar que Adriana “não era que nem essas ‘madames’ que chegam com ar de superior”. Para o homem, a acusada tinha o interesse de fazer o bem às pessoas que mais precisam. Depois da morte dos pais, Adriana juntou os trabalhadores da cooperativa – envolvidos num projeto de mural no lixão da Estrutural. “Ela nos encontrou e pediu desculpas por não poder mais participar da construção de um mural da cooperativa”, declarou a testemunha.

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