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Brasília

Sessão na Câmara concede anistia à Clarice Herzog, viúva de jornalista morto pela ditadura

Clarice Herzog foi descrita por Eneá Almeida, presidente da Comissão de Anistia, como uma mulher de história emblemática

Redação Jornal de Brasília

03/04/2024 16h12

Foto: Banco de Imagens

Por Júlia Lopes, Juliana Sousa e Maria Beatriz Giusti
Agência de Notícias Ceub/Jornal de Brasília

A Comissão de Anistia junto com a Câmara dos Deputados realizou, nesta quarta-feira (3/4), uma sessão especial que aprovou, por unanimidade, a anistia de Clarice Herzog, que foi perseguida política durante a ditadura militar.

Clarice, que não pode estar presente por questões de saúde, foi representada por seu filho Ivo Herzog. 

“Tenho muito orgulho de ser filho dela. Minha mãe foi uma mulher que teve a vida destruída, não apenas por um crime bárbaro, mas pela impunidade de seus agressores” , disse Ivo Herzog. 

Ivo descreve sua mãe com carinho e emoção em meio ao seu testemunho.“Minha mãe é heroína. (…) Minha mãe nunca quis reparação financeira. Ela não queria que pagasse pela morte do meu pai.”

A cerimônia aconteceu às 9h no auditório Nereu Ramos no anexo II da Câmara dos Deputados durante o seminário de 60 anos do Golpe Militar de 1964 “Lembrar para que nunca mais se repita” .

O autor do requerimento foi o deputado federal do PT de Minas Gerais, Leonardo Monteiro. A sessão temática foi transmitida ao vivo pelo canal do YouTube da Legislação Participativa da Câmara dos Deputados.  

Desculpas

Clarice Herzog foi descrita por Eneá Almeida, presidente da Comissão de Anistia, como uma mulher de história emblemática. Eneá, como representante do Estado Brasileiro, pediu desculpas para Ivo após a votação e a declaração da sentença. 

“Em nome do Estado brasileiro, eu peço desculpas por toda perseguição que ela sofreu, extensivo à família inteira, por todo o sofrimento que vocês passaram de maneira absolutamente cruel e bárbara. Nenhum Estado tem direito de abusar do seu poder e investir contra seus próprios cidadãos. (…) A história da sua mãe nos dá força na luta pela democracia”, declarou Eneá. 

Clarice foi casada com o jornalista Vladimir Herzog, preso, torturado e morto pelo regime em 1975.

Após a morte do marido, passou a ser perseguida política por buscar a verdade sobre a prisão de Vladimir no DOI-CODI.

Clarice lutou a vida inteira pelo reconhecimento do assassinato do jornalista e nunca acreditou na versão de suicídio defendida pelo Estado.

Apenas em 2013, a viúva conseguiu provar e  alterar os documentos de óbito. A partir daquele momento, a certidão de óbito passou a constar lesões e maus tratos sofridos durante o interrogatório com os militares. 

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