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Brasília

Semana que antecede o natal congestiona centros comerciais da capital

Pagamento do 13 e compras deixadas para última hora enchem shoppings e feiras de consumidores

Mayra Dias

21/12/2021 17h36

Filas. Pessoas se esbarrando. Fluxo lento e lojas lotadas. Essa é, e será, a visão de quem for em qualquer centro comercial da capital essa semana. Faça chuva ou faça sol, não há nada que impeça o brasiliense de fazer suas compras de natal, ainda mais quando o prazo está curto. Na semana que antecede o dia 25, espaços como shoppings e feiras tendem a ter seu movimento triplicado, pois muitas pessoas deixam para agora aquele presente de amigo oculto ou a tão sonhada roupa para as festividades de dezembro. Dados do Sindicato do Comercio Varejista (Sindvarejista), informam que, nesta semana, mais de 250 mil pessoas devem ir às compras.

É o caso, por exemplo, da engenheira Julia Alves que, entre um intervalo e outro, conseguiu, nesta terça-feira, algumas horinhas para comprar os presentes da família. “Pretendia ter vindo antes mas tive imprevistos que me impediram. Não gosto de vir ao shopping nas vésperas pois é sempre muito lotado, mas não tive muita opção, terei que encarar as filas gigantescas”, brinca, com pressa, a moradora do Grande Colorado. Assim como ela, muitos consumidores, por já se encontrarem perto do local por causa do trabalho ou algum outro compromisso, e também por preverem o que encontrariam, preferiram minimizar os estresses da superlotação e economizar tempo, pelo menos, nos estacionamentos. Locais com grande variedade de lojas, assim como fácil acesso por transporte público, como é o caso do ParkShopping, localizado na cidade do Guará, fazem quem opta por ir de carro perder um tempo precioso atrás de uma vaga. “Eu estou quase desistindo, faz quase 35 minutos que estou esperando alguém sair para eu deixar o carro. Já dei três voltas no estacionamento”, reclama Matheus Augusto, de 29 anos. Mas não é todo mundo que tem a paciência do estudante de direito. Ao dar uma volta no local, é possível ver carros estacionados em locais proibidos ou perigosos, como gramado e saídas com curvas estreitas. “Prefiro ir embora e ir para outro lugar ao fazer isso. Acho arriscado tanto pela multa quanto pela possibilidade de baterem no meu veiculo”, argumenta Matheus.

Efeito 13º

Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o pagamento do 13º salário a quase 1,5 milhão de pessoas neste 2021 injeta R$ 7,054 bilhões na economia. No ano passado, esse número foi mais baixo, totalizando R$ 6,2 bilhões. Nesta segunda-feira, 20, a última parcela do 13º no DF foi paga e isso, certamente, contribuiu para o alto fluxo de consumidores que irão lotar as lojas da capital. “Queria ter vindo semana passada, fiquei frustrada. Esperava ter recebido o pagamento até sexta, mas só caiu na segunda, então tive de vir hoje”, compartilha Luzia Monteiro. A técnica de laboratório, que mora em Sobradinho, foi até um shopping da Asa Norte à procura dos presentes do famoso amigo oculto natalino, assim como roupas para os dois filhos. “O que ajuda a não perder muito tempo, o que já acontece por causa do congestionamento dentro das lojas, é vir já sabendo o que procurar e onde. Fiz isso e levei uma hora e meia para resolver tudo, menos do que esperava”, afirma.

O valor médio do 13º pago no DF, segundo o Sindvarejista, é um dos maiores do país, correspondendo a R$ 4.541. Segundo a entidade, as festas de fim de ano devem movimentar na economia local mais de R$ 670 milhões contra R$ 190 milhões de 2020. Com o pagamento da última parcela, nem só as compras de natal ficaram para essa semana, mas também as de ano novo e as das férias de janeiro, afinal, o verão chegou. “Eu já comprei os presentes de natal. Vim hoje apenas para comprar algumas coisas que faltavam para fechar minha mala de viagem, pois viajo dia 26”, compartilha Daniele Araújo, secretária. Moradora do Guará, ela foi atrás de biquínis no shopping mais próximo a sua casa e, por pouco, saiu de mãos vazias. “Tá tudo muito cheio, fica até difícil de olhar os produtos. Muita gente querendo ver a mesma peça ao mesmo tempo, filas que desanimam a gente de levar as peças. Mas eu só tenho essa semana e sei que independente do dia que escolhesse, enfrentaria isso”, expõe Daniele. “Com muita força de vontade consegui chegar até o pagamento”, diz, com bom humor, e sua sacola repleta de itens praianos em mãos.

Bom momento para o comércio

Por mais que o forte movimento desanime os compradores, para os comerciantes, é satisfatório ver tanta gente dentro de suas lojas. Conforme traz o sindicato do setor, a maioria do comércio está otimista com o momento, esperando que as vendas cresçam entre 12% e 14% contra faturamento negativo de -2% visto no último natal, quando os efeitos da pandemia causaram queda nas vendas e desemprego. O vice-presidente do Sindivarejista, Sebastião Abritta, informou, nesta terça-feira, que o gasto médio com compras no comércio tende a subir para R$ 270. No ano passado, neste mesmo período, esse valor foi de R$ 230. “Há mais dinheiro em circulação e mais consumidores nas lojas graças ao avanço da vacinação contra a covid-19”, defende. De acordo com a entidade, os segmentos que mais estão vendendo presentes são os de confecções, calçados, brinquedos e objetos para o lar, e os cartões de crédito e débito respondem por 52% do pagamento das compras.

Vendedora em uma loja de brinquedos do Boulevard Shopping, na Asa Norte, Isabel comenta que, especialmente nessa época do ano, as vendas saltam para um patamar incomparável. “Quase todo mundo tem criança na família, né? O brinquedo é escolha certeira para presenteá-las pois, todas gostam, e existem opções dos preços mais variados”, avalia a lojista. Entre um cliente com dúvida e outro, ela conta que os horários mais movimentados são os horários de almoço e a noite, momentos esses em que as pessoas, ou saem para intervalo, ou deixam o serviço. “Esses períodos são uma loucura, os mais corridos do dia”, continuou. Se tratando das formas de pagamento mais comuns, ela revela que os cartões de crédito realmente lideram. “Pagamentos no crédito, na maioria das vezes parcelados”, diz Isabel.

Trabalhando em outra loja que também está entre os segmentos mais procurados, Antonio, vendedor do ramo de roupas e calçados, diz que essa semana, em todos os anos, são sempre as mais exaustivas e turbulentas. “É muita gente comprando ao mesmo tempo e querendo ser atendida ao mesmo tempo. Temos que nos desdobrar. Mas o retorno é satisfatório, principalmente por que trabalhamos com comissão”, desenvolve. Concordante a ele, está Maria Rita, atendente de uma loja de perfumaria. “Cosmesticos estão entre os presentes mais procurados e desejados. É fácil de acertar e agradar com eles. Então muita gente vem direto buscar esses itens, perfumes, kits montados…”, conta. “A loja está lotada a todo momento e nós não paramos um segundo”, finalizou a vendedora. Essa semana, como ela afirma, o fluxo de pessoas realmente aumentou, mas já vinha sendo alto desde a semana passada. “Deu uma crescida desde sábado, porém já estamos vivendo esse movimento mais intenso desde a semana passada. Está sendo um ‘batidão”’, completou.

O vice do sindicato afirmou, ainda, que neste 2021, o natal será em um sábado, dia este em que as lojas não abrirão, ao contrário da véspera, onde elas funcionarão normalmente até as 19h. No dia 31, véspera do réveillon, elas fecharão às 15h. Vale ressaltar, também, que a temporada de trocas de mercadorias começará no dia 26. “O consumidor deve guardar e apresentar nas lojas a nota fiscal e a etiqueta do produto para facilitar as trocas”, finalizou Sebastião.

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