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Brasília

Projeto pretende trazer modernidade ao tratamento do lixo no DF

Parceria Público Privada da Secretaria de Projetos Especiais quer montar três Ecoparques para transformar resíduos em energia sustentável

Vítor Mendonça

16/11/2021 13h08

Foto: Agência Brasília

Inédito no Brasil, o uso de energia renovável a partir de resíduos sólidos está cada vez mais próximo no Distrito Federal. Em projeto desenvolvido juntamente com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), a Secretaria de Projetos Especiais do DF (Sepe) planeja instalar três Unidades de Tratamento Mecânico Biológico (UTMBs), chamados de Ecoparques, com o objetivo de promover uma recuperação energética e tratamento sustentável de recicláveis e orgânicos da capital.

A princípio, os primeiros Ecoparques serão instalados na Asa Sul, no Gama e no P Sul, em Ceilândia – todos eles feitos a partir de Parceria Público Privada (PPP). O processo de tratamento dos resíduos irá gerar um biogás, que será capaz de beneficiar a geração de energia renovável e adubo orgânico. Até o momento, o tratamento dos A meta é ampliar o tratamento de resíduos sólidos urbanos no DF de 30% para 94%, com geração de biogás associada, aumento da reciclagem e redução de material aterrado

Uma das ramificações do projeto também é a implementação de Instalações de Recuperação de Resíduos (IRRs), além de um centro de visitação e treinamento para educação ambiental da população. Assim, além do melhor aproveitamento dos resíduos sólidos, o processo de encaminhamento deles começará desde as residências dos brasilienses, facilitando e promovendo o descarte consciente.

De toda a coleta seletiva no DF, segundo o apurado pela Sepe, apenas 40% é aproveitado para a reciclagem – o que significa que 60% do que é descartado nas residências brasilienses vai para o aterro sanitário, sem aproveitamento nenhum nem para o ser humano, muito menos para a natureza. A partir dos Ecoparques, comuns em países da Europa como Espanha, Itália e Portugal, a expectativa é que 100% dos resíduos sólidos produzidos no DF sejam revertidos para novos usos.

“Estamos usando conceitos que são usados na Europa há mais de 30 anos. Tudo o que estamos fazendo é o que países mais desenvolvidos fazem. Os Ecoparques são super comuns no dia a dia da população de lá”, destacou o técnico da Sepe, responsável pelo projeto dos Ecoparques, Antônio Dourado.

“Imagine que se está gastando muito dinheiro para pegar o lixo e enterrá-lo. É algo que pode virar riqueza, mas está sendo pouco aproveitado. Ele tem o poder de trazer economia de matérias-primas e gerar um avanço na economia circular, além da geração de emprego e renda. No fim das contas, uma quantidade importante de investimentos privados no DF será usada para criar alguns milhares de postos de trabalho diretos, produzindo riqueza e lucro”, afirmou ainda o engenheiro naval, especialista em energia e resíduos sólidos.

Todo o projeto terá o investimento de R$ 600 milhões e depois de passar pela consulta pública, irá para uma avaliação pelo Tribunal de Contas do DF (TCDF) e, posteriormente, por uma licitação, para que as empresas interessadas possam participar e garantir o melhor contrato, que beneficie principalmente a sociedade civil da capital. Somente após esse processo é que o objetivo da energia será definido, seja para o uso como biometano – por ônibus ou empresas de transporte para garantir combustível – ou para energia elétrica.

A poluição no DF, então, tenderá a diminuir cada vez mais, melhorando até mesmo o ar local, de acordo com Dourado. “Aterros sanitários e todo o manuseio do lixo são contribuintes para o efeito estufa com a produção de metano – que é 10 vezes mais potente que o CO². Vamos reduzir 75% da emissão de metano do setor de resíduos do DF”, garantiu o especialista.

“Sentimos que a capital do país precisa dar exemplo, ainda também por conta de ter um dos IDHs [Índices de Desenvolvimento Humano] mais altos do Brasil. Não podemos ficar sem um desenvolvimento sustentável consciente. […] Precisamos aproveitar o máximo e enterrar o mínimo possível. [O projeto] visa também aumentar a vida útil dos aterros sanitários”, ressaltou Dourado.

Ele destaca ainda que a educação, um dos propósitos da PPP, será um dos pontos principais do projeto. Está definido que, independentemente da empresa que assumir a licitação, terá de colocar um setor específico para visitações educacionais. O contato com professores e treinamento dos docentes é uma das estratégias para que o conhecimento seja repassado nas escolas e uma nova cultura consciente e ecologicamente correta seja ensinada nas instituições de ensino da capital.

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