A população do Distrito Federal reclama de falta de atendimento nos hospitais públicos e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) atendidos pelo Instituto de Gestão Estratégia de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF). Dentre as reclamações estão ausência de médicos, leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e equipamentos básicos para realização de consultas e exames.
O Iges-DF é responsável em administrar o Hospital de Base (HB), Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e 13 UPAs nas regiões administrativas de Brazlândia, Ceilândia (com duas unidades), Gama, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo II, Samambaia, São Sebastião, Sobradinho e Vicente Pires.
O Jornal de Brasília esteve, na manhã desta segunda-feira (27), no Hospital de Santa Maria – considerado a segunda maior unidade de saúde do DF, com 384 leitos, sendo 60 de UTI – e constatou a ausência de atendimento na emergência do HRSM. Por conta da demora no atendimento e dos avisos que somente seriam atendidos pacientes da pediatria e quem estivesse com a pulseira vermelha em casos de clínica médica muitas pessoas desistiram de aguardar no hospital.
“Somente a emergência na pediatria está funcionando aqui, eu cheguei sete horas com o meu neto e eu fui liberada agora às 11h30. Mas clínica médica desde cedo eles avisam pelo painel que só vão atender as vermelhas, e vi muita gente chegando passando mal, mas se não tiver morrendo eles não atendem”, desabafou a cabeleireira Sheila Santos.
Sheila considerou o atendimento, desta segunda-feira (27), infelizmente uma raridade, porque na maioria das vezes que leva o seu neto para ser atendido no hospital demora muitos mais do que quatro horas. “O atendimento aqui no Hospital de Santa Maria é muito demorado, o atendimento do meu neto hoje [27/11] realmente foi um atendimento fora do normal pela rapidez. Em muitos casos chegamos de manhã na emergência para sermos atendidos no início da noite. A justificativa que eles sempre dão para a demora é a demanda muito grande, falta de leitos e instrumentos para auxiliar nas consultas”, completou.
Já a dona de casa, Mônica Soares, aguardava a mais de quatro horas por uma pequena cirurgia de emergência, e foi avisada, às 12h, que somente um médico estava disponível para o atendimento e provavelmente ele não iria trabalhar no período da tarde.
“O atendimento em emergência aqui no Hospital de Santa Maria não é bom, muita gente chega passando mal e desmaiando e nada é feito. O guarda me falou que depois do horário de almoço o médico da cirurgia costuma ir embora, e eu estou aqui sinceramente sem saber se serei atendida”, comentou Mônica.
Mônica é moradora do Valparaíso, e precisou ir ao HRSM para retirar um bicho de praia que entrou no seu pé a mais de um mês, e está crescendo com o tempo. Para a dona de casa, a saúde pública de Goiás atualmente encontra-se melhor do que a do DF, e só procurou o hospital da capital pelo fato do Centro de Atendimento Integrado de Saúde (CAIS) do Valparaíso não ter cirurgião.
“O CAIS de Valparaíso está sendo melhor do que os hospitais do Distrito Federal. Há uns 20 anos para cá também aumentou o número de postos de saúde e UPA na cidade e o atendimento é maravilhoso, mas aqui no DF está difícil. O único problema lá é que não tem cirurgião, por isso eu vim até Santa Maria”, frisou Mônica.
Iges-DF
Em nota ao Jornal de Brasília, o Iges-DF afirmou que os atendimentos nos dois hospitais e nas 13 UPAs de seu domínio encontram-se ativos e sem interrupções, mas o aumento no tempo de espera de casos menos graves ocorre pela alta demanda que as unidades enfrentam.
“Tanto o Hospital Regional de Santa Maria quanto o Hospital de Base atendem pacientes de diversas regiões do estado e do país, tal fato resulta em estarmos constantemente trabalhando acima da nossa capacidade, o que impacta diretamente no tempo de espera de atendimento dos pacientes, bem como o aumento de remanejamentos de cirurgias eletivas em detrimento das urgentes”, informa a nota.
Com o objetivo de melhorar a qualidade do serviço prestado, o Iges-DF comunicou que busca aumentar as metas de atendimento em várias unidades, com inovações tecnológicas, informatização e inteligência artificial nas UPAs.
Além disso, comentou sobre as novas nomeações de médicos para o DF: “Nós acreditamos que a recente contratação de médicos pelo governo, é uma decisão positiva que contribuirá significativamente para aprimorar a qualidade e eficiência dos serviços da saúde do Distrito Federal”.
Nomeação de novos médicos
Em contrapartida, aos problemas enfrentados nos atendimentos nos hospitais públicos do DF, o governador Ibaneis Rocha nomeou, nesta segunda-feira (27), 56 novos médicos, da especialidade clínica médica, aprovados no mais recente concurso público da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).
A lista dos nomeados consta no Diário Oficial (DODF), desta segunda (27). De acordo com a Secretaria de Saúde, as nomeações ocorrem em um bom momento e visam melhorar os atendimentos nos leitos de retaguarda e reforçar as unidades móveis avançadas do SAMU. O DF conta atualmente com um déficit de mais de 2 mil médicos na rede pública.
Com essa nova convocação, sobe para 726 o número de médicos nomeados em 2023 pelo Governo do Distrito Federal (GDF). “A nomeação de 56 médicos, ampliando a rede de atenção, é um passo significativo impulsionado pela visão proativa do governador Ibaneis Rocha e da vice-governadora Celina Leão. Essa iniciativa bem-sucedida foi possível graças à eficaz coordenação com a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Administração (Seplad)”, comentou a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio.
“Agora, com a nomeação dos aprovados que estavam no final da fila, fortalecemos significativamente nosso quadro médico, visando uma prestação de serviços mais eficiente para atender às necessidades da população do Distrito Federal”, finalizou.