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Brasília

Paradeiro de onça-parda é localizado

Foram ao menos quatro ataques em propriedades do Altiplano Leste, caçando vacas, potros, galinhas e ovelhas. Felino pode estar com filhote

Vítor Mendonça

17/02/2022 20h24

Belinha, que foi atacada pela onça e sobreviveu. Foto: Vitor Mendonça/Jornal de Brasília

O paradeiro de uma onça-parda que tem amedrontado os moradores da região de chácaras do Altiplano Leste, no Jardim Botânico, foi localizado nesta quinta-feira (17) por equipes de busca do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) e do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). A localização do felino de hábitos noturnos ainda estava indefinido, mas com a ajuda de voluntários, foi possível identificar o local onde a onça está se abrigando nestes últimos dias. Segundo as informações, é lá que ela leva alguns dos animais caçados, descansa e bebe água.

O local fica a menos de um quilômetro de onde ocorreu o mais recente ataque, na madrugada do último domingo (13). O animal estava se escondendo na alta mata dos lotes da região e matado animais há pelo menos um mês. Há rumores de que o felino circula pela localidade desde novembro do ano passado, mas sem evidências até as matanças começaram a acontecer.

Até o momento, foram ao menos quatro ataques em propriedades da região, caçando vacas, potros, galinhas e ovelhas. A suspeita é de que o animal esteja com um filhote, o ensinando a caçar – o que justificaria os ataques a galinhas em dois haras, onde muitas foram deixadas mortas no próprio local, indicando que a onça não estaria apenas buscando alimento.

Após o êxito ao encontrar onde o animal estava, e com a intenção de estudá-lo melhor para articular a captura, câmeras de captação de movimento foram instaladas para monitorar o comportamento da onça-parda, examinar o tamanho e confirmar a existência de um filhote até a próxima segunda-feira (21), quando coletarão o material e prepararão uma armadilha para colocar o felino em uma grande gaiola.

Uma vez capturada, a onça-parda deve ser levada para uma região de proteção ambiental, sendo ou o Parque Nacional de Brasília, longe da ação humana, ou a Reserva Ecológica do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), de onde ela pode ter vindo, segundo o subtenente Leal, da Polícia Ambiental.

Duas potras atacadas

No ataque da madrugada do último domingo, o felino caçou duas potras da raça Árabe no Haras Santa Ana. Uma delas, de apenas 20 dias de vida, foi morta e arrastada por 150 metros na propriedade. A outra, Belinha, de um mês, ficou com um grande ferimento na perna direita, mas sobreviveu e está sendo tratada com ozônio.

A onça chegou a abrir um buraco na grade que divide as propriedades e atravessou o haras pela madrugada. Por causa da forte chuva, os cachorros da propriedade ficaram nas casinhas naquela noite e não viram a movimentação. Os barulhos também não foram ouvidos pelos moradores. O felino encontrou as potras fora do estábulo, onde normalmente alguns cavalos ficam durante a noite, e as atacou.

Quem conta o último episódio é o montador e caseiro do Haras Santa Ana, Lucas Silva, de 21 anos, que encontrou os dois animais na manhã seguinte ao ataque, comunicou o proprietário e chamou as autoridades. Desde então, o BPMA fez três buscas na segunda (14), quarta (16) e hoje na região para encontrar o paradeiro da onça. De acordo com o funcionário da propriedade, na outra semana, outro ataque havia acontecido às galinhas do Haras. A onça pulou duas cercas e matou todos as aves.

Agora, as cercas da propriedade foram reforçadas e o buraco foi fechado. Todos os cavalos passaram a dormir nos estábulos até que a onça seja capturada. “Estou dormindo com os cachorros dentro do quarto que fica ao lado dos estábulos, então qualquer movimentação que eles notarem, já vou acordar para ver do que se trata”, destacou Lucas.

Segundo ele, todos na região já sabem do assunto e não andam mais à noite pelas estradas que levam às propriedades da área, amedrontados pelo risco de serem mais uma vítima da onça. A preocupação também se estende para a instituição rural de ensino Escola Classe Alto Interlagos, a menos de um quilômetro do raio de onde os últimos rastros da onça foram encontrados.

Caso o animal apareça novamente, o proprietário e os funcionários do local foram orientados a ligar para o Batalhão, já que, de acordo com os militares, com o avanço das construções residenciais, a tendência é o aparecimento de mais animais silvestres na área urbana. Na área delimitada pelas câmeras da BPMA, está proibida a circulação de pessoas.

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