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Brasília

Mulheres são maioria em tratamento contra tabagismo no DF

Esse vício é um grave problema de saúde individual e pública e, segundo a OMS, é a principal causa de morte evitável no mundo

Redação Jornal de Brasília

29/08/2023 12h02

Foto: Divulgação/ONU

No primeiro quadrimestre deste ano, 55% dos 527 tabagistas atendidos no tratamento de combate ao vício eram mulheres, com a predominância da faixa etária entre 18 e 59 anos. Atualmente, o Programa Distrital conta com 78 unidades de saúde cadastradas para realizar tratamento de tabagismo.

Nesta terça-feira (29), é celebrado o Dia Nacional do Combate ao Fumo, com o objetivo de conscientizar sobre os riscos do tabaco e de outras formas derivadas da nicotina.

Esse vício é um grave problema de saúde individual e pública e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a principal causa de morte evitável no mundo. Os dados são alarmantes: o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, sendo 7 milhões pelo uso direto da substância e 1,2 milhão de não fumantes, expostos ao fumo passivo.

Conforme informe sobre o Perfil de Atendimentos no Programa de Controle do Tabagismo no Distrito Federal, em 2022, houve atendimento inicial de 1.650 tabagistas nas unidades de saúde, o que representou um aumento de 85,6% em relação ao ano de 2021. Deste número, a maioria é do sexo feminino, com 57,8% de predominância, sendo que a maior parte está na faixa etária de 18 a 59 anos.

Dos 1.650 pacientes que realizaram os atendimentos iniciais do tabagismo no ano passado no DF, 97,6% seguiram no atendimento da primeira consulta de avaliação clínica. Destes, 86,1% participaram ainda da primeira sessão estruturada.

O protocolo de atendimento no programa consiste em uma primeira consulta, que deve ser uma avaliação clínica. Em seguida, o paciente passará por quatro sessões de aconselhamento, com o intervalo de uma semana entre cada uma.

Dos atendidos, 13,8% (223) dos pacientes desistiram entre a primeira consulta de avaliação clínica e a primeira sessão de aconselhamento. No entanto, o percentual dos pacientes que participaram das quatro sessões estruturadas iniciais de tratamento foi de 47,2%.

O prejuízo à saúde é devastador, de acordo com a médica pneumologista e Referência Técnica Distrital (RTD) de tabagismo, Nancilene Melo. “Vivemos uma pandemia de tabaco e seus derivados há muitos anos. Ele é a maior causa de adoecimento e morte evitável no mundo, além de onerar os custos com os tratamentos de saúde.”

Embora as consequências sejam graves e conhecidas, parar de fumar não é tão fácil. A nicotina é uma droga cuja dependência é uma das mais difíceis de tratar. “O sucesso do tratamento depende do grau de motivação e determinação da pessoa. Em casos específicos, é necessário o auxílio de profissionais especializados na abordagem cognitivo comportamental e medicamentos para alívio para a síndrome de abstinência”, explica a especialista.

O tabaco é uma planta cujas folhas são utilizadas na confecção de diferentes produtos que têm como princípio ativo a nicotina, que causa a dependência. Há diversos produtos derivados de tabaco, como cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha, tabaco para narguilé, dispositivos eletrônicos para fumar e outros.

Atualmente, com o advento dos dispositivos eletrônicos, a agressividade da nicotina é mascarada por meio de aromatizantes, permitindo o consumo de uma dosagem elevada, que leva a efeitos negativos à saúde dos usuários mais precocemente. Por isso, o tema da campanha de combate ao fumo deste ano é “Sabores e aromas em produtos derivados de tabaco: uma estratégia para tornar a população dependente de nicotina”.

O objetivo é alertar a população sobre como o consumo destes produtos representa um risco por aumentar a experimentação entre crianças, adolescentes e jovens; ser um fator agravantes na dependência; e causar mais prejuízos.

Mudança de hábito

“O processo de parar de fumar é mais complexo, é mudança de hábito, mudança de estratégia”, explica a farmacêutica da UBS 1 do Cruzeiro, Anna Eliza, que atua no Grupo de Combate ao Tabagismo, uma das 73 unidades que oferecem o programa.

Em uma roda com sete profissionais de saúde, nove pacientes em tratamento ao fumo trocam experiências sobre o combate ao vício. Na sessão, cada um relata suas lutas e avanços. Para Carlúcio Pereira de Araújo, de 39 anos, uma conquista importante foi ficar um mês sem fumar. O incentivo? Ele passou as férias com o filho, de 2 anos, e não queria ser um mau exemplo.

Participante do grupo desde maio, ele começou a fumar jovem, quando tinha apenas 14 anos. O vício cresceu ao começar a trabalhar e ter o próprio dinheiro para comprar cigarros. Quanto mais o tempo passava, mais ele experimentava jeitos diferentes de tragar nicotina: vaper, paiol, tabaco, cigarro.

“Eu comecei a repensar meu vício, quando comecei a passar muito mal. Sofri uma tosse muito intensa, muito forte, escarrando sem parar. Também comecei a ter refluxo e gastrite”, relata.

O estopim e a decisão de mudar vieram quando o cigarro tornou-se um problema em relacionamentos e o filho usou uma caneta para “brincar” que estava tragando. “Não queria que meu filho me visse fumando e eu quero jogar bola com ele. Quando ele estiver com 14 anos, eu vou estar com 50 e estarei lá, jogando bola com ele”, conta sobre a motivação.

Mais de 1,6 mil atendimentos

Toda segunda-feira, às 15h, o grupo se reúne na tenda da UBS para realizar uma roda de diálogo e discutir práticas para quem quer largar o fumo. As sessões são abertas para qualquer paciente, basta ir ao local e se sentar.

“O benefício do paciente participar do grupo é conviver com pessoas que sofrem do mesmo vício que ele, compartilhar as dores e as dificuldades, mas também as coisas que deram certo. A troca de experiência alivia, no primeiro momento, e funciona como motivação”, pontua a farmacêutica Anna Eliza.

Após a sessão, a equipe de saúde faz uma entrevista com o paciente, analisa em qual estágio de dependência se encontra e quais medidas podem ser utilizadas. Além de medicação, que é avaliada caso a caso, no grupo são criadas estratégias de Práticas Integrativas de Saúde (PIS). “A cada sessão, temos auriculoterapia, tai chi chuan, meditação. São medidas para alívio dos sintomas”, acrescenta.

Programa de Controle ao Tabagismo

O Programa de Controle do Tabagismo no Distrito Federal segue as diretrizes do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PCNT), coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), cujo objetivo é a prevenção à iniciação ao tabagismo, a redução da prevalência de fumantes e da morbimortalidade relacionada ao consumo de produtos derivados do tabaco, por meio do desenvolvimento de ações educativas, de comunicação e de atenção à saúde, além de ações legislativas e econômicas.

Na Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), estão cadastradas 73 unidades para realizar o tratamento contra o tabagismo. Os interessados podem procurar a unidade mais próxima do seu domicílio ou trabalho, onde serão acolhidos e receberão todas as informações necessárias. Interessados também podem acessar este link ou o Disque Saúde 136. Confira aqui a lista completa com os centros de atendimento.

Nesta terça-feira (29), a SES-DF, por meio da Subsecretaria de Vigilância Sanitária (SVS), promoverá evento da campanha, às 15h, na Estação do Metrô Galeria.

As informações são da Agência Brasília

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