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Brasília

Moradora de Luziânia que já fez 2 transplantes de coração precisa de ajuda da Prefeitura

Terceiro coração da jovem já está 50% comprometido; Secretaria de Saúde não estaria fornecendo insumos adequadamente

Redação Jornal de Brasília

14/05/2021 7h30

Foto: arquivo pessoal

A moradora de Luziânia-GO Vitória Chaves da Silva, 22 anos, já passou por dois transplantes de coração. Agora, Vitória possui um órgão que está 50% comprometido, não pode passar por um terceiro transplante e precisa de ajuda da Prefeitura de Luziânia. A jovem necessita não só de uma ajuda de custo, mas também de insumos como agulhas, seringas e placas de insulina para o tratamento de diabetes.

Vitória tem uma cardiopatia rara, a Anomalia de Ebstein. Precisa fazer seis aplicações de insulina por dia e anda tendo dificuldades para adquirir seringas. A jovem conta ao portal UOL que os servidores da Secretaria de Saúde local insistem para que ela reutilize os equipamentos. Uma funcionária chegou a dizer que assim como ela não troca de escova de dentes, não precisa trocar de seringa.

O procedimento não é adequado, pois, de acordo com o Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), as seringas devem ser utilizadas apenas uma vez para evitar infecções devido à baixa imunidade de vitória. “Então a sua escova de dentes é anti-higiênica. Pelo menos três vezes ao dia você escova os dentes”, responde a servidora em áudio obtido pelo UOL.

Outro dos embates entre Vitória e a prefeitura é o valor de R$ 150 diários estabelecido pelo SUS em caso de Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e repassado pelo município. “Recebíamos uma ajuda de custo de R$ 30, mas minha mãe recorreu à Justiça. Hoje, pagam R$ 150. Depois disso comecei a ouvir que eu era um gasto para o governo, que estava usando dinheiro do povo e era um abuso eu receber mais e outras pessoas, menos.

Mãe tem a mesma doença

A mãe de Vitória, Cláudia Aparecida da Rocha Chaves, 39, também é diagnosticada com Anomalia de Ebstein. Quando a filha tinha 18 anos e estava prestes a fazer o segundo transplante, Cláudia atear fogo ao próprio corpo, mas foi socorrida por Vitória, que chegou a se queimar. A família sobrevive só com o R$ 1,1 mil pago pelo Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência (BPC).

A mãe de Vitória diz ser difícil conseguir emprego, porque precisa acompanhar o tratamento de saúde das filhas. Além disso, ela foi diagnosticada com um câncer na coxa, que já tem cerca de 16 cm. “É muito difícil ver as portas se fechando e pensar que, se tivesse dinheiro ou nome importante, eu teria valor. Como não tenho, não sou ninguém.”

Vitória também lamenta os desgastes com as autoridades. No início do ano, a jovem pensou em desistir, atentando contra a própria vida. “Chega uma hora que cansa. Você vai a todos os cantos, pede ajuda e, para todo mundo, você está mentindo, está errada e tem que abaixar a cabeça. Não acho certo as coisas serem assim. Sinto que nadei, nadei e vou morrer no meio do caminho. Meu coração funciona só 50%. O restante já foi comprometido; penso que é de tanta raiva e nervoso que passo. Não estou fazendo meu tratamento em paz.”

O que diz a Prefeitura

Em nota, a secretaria municipal de Saúde de Luziânia confirmou que o valor para TFD é de R$ 30 por dia, desde 2019, mas que Vitória e Cláudia só recebem R$ 75 cada por terem entrado na Justiça. Quanto às seringas, a pasta informou que um protocolo do Ministério da Saúde preconiza a reutilização por até oito aplicações, descrito no Caderno de Atenção Básica.

A secretaria ainda acusa Cláudia e Vitória de serem agressivas. “Informamos que reiteradamente a paciente e sua genitora são agressivas e desacatam os servidores e profissionais da secretaria municipal de saúde. Informamos que se encontra em poder do Ministério Público de Goiás um dossiê, enviado em 2020, com todas as provas dos fatos. A Secretaria aguarda as apurações, desde o ano passado”, finaliza a nota.

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