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Brasília

“Minha participação era missionária”, afirma Major Cláudio Mendes à CPI da CLDF

Parlamentares ouviram major da reserva da PMDF, preso desde março por liderar o acampamento golpista em frente ao QG do Exército

Mayra Dias

09/11/2023 13h17

Foto: Rinaldo Morelli/Agência CLDF

Na manhã desta quinta-feira (9), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa (CLDF), que investiga os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro ouviu Cláudio Mendes dos Santos, major da reserva da Polícia Militar do DF (PMDF) que liderou o acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército. Em seu encontro com os parlamentares, o militar negou que exercesse liderança dentro do grupo e afirmou que sua participação nos movimentos não incentivaram os ataques de 8/1.

Vídeos mostram o major, preso desde março, convocando os apoiadores do ex-presidente Bolsonaro a “encherem as ruas” após a divulgação do resultado das eleições mas, ao relator da Comissão, deputado Hermeto (MDB), Cláudio Mendes afirmou que o não reconhecimento da derrota nas eleições por parte de Bolsonaro foi crucial para que os acontecimentos de janeiro ocorressem. “Se o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, tivesse ido uma vez ao acampamento e dito ‘pessoal, vão embora’, todo mundo tinha ido”, afirmou.

Participação missionária

O depoente também negou as acusações de que teria ensinado técnicas de guerrilha a outros manifestantes nos acampamentos. Sobre sua participação, ele afirmou ser “missionária”, e que atuava como pastor evangélico, não como militar. O major completou dizendo que o acampamento teria virado um “santuário” de cunho religioso, não golpista. “Muitas pessoas foram curadas ali, muitas pessoas receberam orações naquele lugar”, disse, garantindo que, lá, aconteciam rezas e cura de doenças.

O momento também foi usado por Mendes para declarar que o acampamento era “controlado pelo exército”, e que recebiam a visita, inclusive, de ex-magistrados. Em sua fala, foram citados os nomes de Wilson Koressawa, ex-juíz com quem teve uma desavença no QG e de Sebastião Coelho.

O militar disse ainda que se arrepende da participação nos acampamentos e suplicou ao presidente Lula um induto para si e para diversos manifestantes que estariam “presos injustamente”. “Peço ao presidente Lula que ele haja com misericórdia”, ponderou.

O major é investigado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

O depoimento foi um dos últimos marcados, e a CPI do DF deve ouvir, agora, somente mais uma pessoa, o coronel da PMDF Reginaldo de Souza Leitão, que era chefe do Centro de Inteligência da corporação no 8 de janeiro. Sua oitiva está marcada para o dia 16 de novembro.

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