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Brasília

Máscaras voltam a ser vistas na cidade

Chegada da nova variante no Brasil alertou alguns brasilienses, que resgataram o uso do item para reforçar segurança

Vítor Mendonça

24/08/2023 19h15

Vitor Mendonça

A nova variante da covid-19 pode trazer a volta do uso das máscaras no dia a dia da capital. A cepa denominada Éris (EG.5), que surgiu em 2023, é uma subvariante da Ômicron que se espalhou em 51 países do mundo desde fevereiro e chegou ao Brasil, em São Paulo, na última semana, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado no início do mês. No Distrito Federal, até o momento, a nova variante Covid-19 não foi identificada.

Entretanto, em razão da preocupação de uma nova onda de casos, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) emitiu nota técnica na última semana com a recomendação do retorno do uso da máscara em ambientes fechados e em aglomerações dentro do estado. O Núcleo de Enfrentamento e Estudos em Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier) da instituição ressaltou que 1,5 milhão de novos casos já foram identificados.

De acordo com a Secretaria de Saúde do DF (SES/DF), não há a necessidade de uma recomendação nesse sentido, uma vez que não foi verificado aumento no número de casos, nem graves nem leves, de infectados com a covid-19 no DF. A pasta ressaltou, porém, que a vigilância à saúde deverá ser reforçada, a fim de identificar e entender o comportamento do vírus caso chegue à capital.

“Por ser uma nova variante, há a necessidade de se manter uma vigilância ativa, com a coleta dos exames conforme orientação do Ministério da Saúde, a fim de se detectar precocemente qualquer mudança em nosso cenário epidemiológico”, pontuou o órgão. A SES/DF destaca ainda a importância de manter hábitos de higiene, como a lavagem das mãos, para evitar contaminações tanto da covid-19 quanto de outras doenças respiratórias, como gripes e resfriados.

Máscaras voltam a aparecer

Devido à preocupação com a nova variante, a aposentada Márcia Matias, 63 anos, voltou a usar a máscara há aproximadamente um mês. De acordo com ela, que costuma pegar muitos ônibus para se locomover na cidade, a máscara é um lembrete de que a doença não parou de circular e que, principalmente com a cepa Éris, os riscos de contaminação precisam ser minimizados.

“Parei de usar a máscara, mas voltei agora depois que vi as notícias da nova variante”, explicou. “Durante a pandemia quase não saía de casa, mas agora tô saindo para fazer as minhas coisas. Me vacinei em todas as fases e se tiver uma nova, serei a primeira a tomar. Acho que a máscara e o álcool em gel são as armas que temos contra essa nova variante”, continuou, mostrando o frasco.

Ela não chegou a pegar a covid-19 e, para continuar assim, garante que os itens de higienização sejam levados por onde for, tendo um vidro pequeno cheio em todas as bolsas que utiliza no dia a dia, seja com álcool líquido ou em gel. “Apesar desse calorão, prefiro usar a máscara pela minha saúde”, finalizou.

Quem não parou de usar as máscaras para trabalhar foram os cobradores de ônibus Romildo Pereira, 47, e Apolônio Viegas, 52, que usam todos os dias. De acordo com os trabalhadores, utilizar o item passou a ser rotina. “Antes a prioridade era usar em todos os lugares, mas acabando com as determinações, só não parei de usar no ônibus”, disse Apolônio.

“É uma segurança a mais porque, agora que surgiu a nova variante, não custa nada eu usar [para a proteção individual]. Não me incomoda. Quando eu vou para o trabalho e não levo, sinto que estou esquecendo de alguma coisa”, continuou Apolônio.

No caso de Romildo, a preocupação é com a mãe, com quem mora, que está dentro do grupo de risco da doença. “Ela é idosa e hipertensa, então tenho medo de levar alguma coisa para casa. Não me incomoda porque já virou hábito. Pretendo continuar usando até quando eu me sentir seguro”, destacou.

Variante deve chegar

De acordo com o infectologista Dalcy Albuquerque, a princípio, a Éris é uma variante sem grandes preocupações, uma vez que os casos estudados não mostram um padrão de evolução grave da doença nos pacientes. Segundo ele, é possível que a nova cepa já esteja em circulação na capital. “O fato dela não ter sido detectada ainda em Brasília, não significa que ela não tenha chegado. Então a possibilidade dela ser identificada nas próximas semanas é grande”, disse.

Após a chegada dos primeiros casos no DF é que será possível fazer uma avaliação detalhada dos quadros clínicos que serão vistos quanto à evolução da doença nos infectados, que, até então, é aparentemente um quadro brando. “Se ela está circulando no Brasil, com certeza vai chegar no DF”, afirmou o especialista.

“Voltaremos àquela discussão sobre as pessoas com os quadros de riscos, que são os idosos, os doentes crônicos, os imunossuprimidos”, pontuou. “Principalmente em locais com grandes aglomerações, seria prudente, mesmo que o governo não desse uma recomendação nesse sentido, que a máscara fosse usada. O vírus continua circulando, apesar de não de maneira abundante”, reforçou.

No último dia 13, o historiador e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), José Murilo de Carvalho, de 83 anos, foi vítima da covid-19, mostrando que o vírus ainda pode impactar fatalmente o sistema imunológico dos infectados. O ator Carlos Alberto de Nóbrega, 87, chegou a ser internado em São Paulo em razão da doença, mas teve alta na última segunda (21).

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