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Brasília

Lobinhos do Lago

São garotos/garotas, de 6 a 10 de idade, integrantes do Grupo Escoteiro Lis do Lago, que se reúnem para “verdadeiras aventuras”

Gustavo Mariani

17/08/2022 16h50

Atualizada 19/08/2022 13h28

Quem quiser assistir belíssimo por do sol à beira do Lago Norte, por volta das 17h30, basta ir à EQL (entrequadra) seis. Pr aquele horário, o “astro rei” vai sumindo e colorindo um espelho d´água que permite fotos incríveis.

Pra completar o cenário, “lobinhos” aprontam por ali. Mas não animaizinhos uivantes e perigosos. São garotos/garotas, de 6 a 10 de idade, integrantes do Grupo Escoteiro Lis do Lago, que se reúnem para “verdadeiras aventuras”, entre as 15h e as 18h30 de todos os sábados.

Mais desenvolvidos do que os “lobinhos” há os já classificados por “escoteiros”, na idade dos 11 aos 14. Estes já começam a paquerar as meninas, se bem que um deles jura que elas os paqueram muito mais: “Foi ela (de 13) quem me pegou” garante um garoto, de 14, pedindo para não citar o nome, por vergonha dos pais (dele e dela).

Vergonha foi o que o hoje engenheiro civil Lúcio e a geóloga Camila não tiveram. Namoraram, como escoteiros, e hoje são casados e colaboradores da unidade do 15º grupo do DF.

Uma das “aventuras” mais curtidas pelos “lobinhos” é vencer um labirinto de barbante. “No começo, me enrolava toda. Agora, estou melhor”, garantiu Alice, de 10. “Ráááá!”, gritava Gustavo, de 9, exibindo-se muito, após sair do labirinto saudado pela menorzinhada. “Ele já é grandão. Vocês vão fazer o mesmo”, alentava o instrutor, para animar a turminha que curtia o desembaraço do “grandão” que só é (um pouco) menor do que Aurora, de 10, em seu grupo. “Eu também consigo vencer o labirinto”, faz questão de afirmar a Aurora.

No instante do lanche (sanduíches e refrigerantes), a garotada de grupamentos mais velhos se junta de forma generalizada. Já os “lobinhos” formam mais grupinhos entre os “mais chegados”. Catarina e Maria Clara, ambas de 9, não se desgrudam e brincam: “Ela é a minha falsa amiga/Ela é que é a minha falsa amiga”. Mas se igualam em uma opinião: “Tudo aqui (no Lis) é legal”. Opinião, também, de Gustavo Dalla Costa, que elas acham “um menino legal” e que contou uma “aventuraça” de noite de acampamento: “Fomos passear na floresta (na verdade, no meio de arbustos à beira do Lago) e protegi as meninas com a minha lanterna. Ninguém ficou com medo de lobisomem e nem de fantasmas”, vangloriou-se ele, para muitos risos da turma dos 15 aos 21 que, curiosamente, escutava o papo dele com o repórter, no momento do lanche.

Já distante dos tempos de ter medo de figuras sobrenaturais, Francisco Drumond, de 17, já sente pavor é da proximidade dos 21, quando terá de deixar o escotismo. “A gente faz muitos amigos, a amizade cresce”, afirma o garoto, exibindo uma barba ralinha e saudando Amélia Pagano, com um animado “Ôi, Chefe!”, no momento do lanche.

Amália é a chefe geral do Lis. Está por lá desde 1993, quando foi à procura de matrícula para uma filha e teve de passar quase mil dias à espera de vaga. Frequentando a cena, ela passou a colaboradora e, “depoismente”, entrou para os grupos de chefia e chegou à diretora. Hoje, é a “Poderosa Chefona”, como brincam os colaboradores. “Formamos uma família” diz Amélia, que não interage com a garotada, só com os chefes de grupo. Brincalhona, ao ser solicitada uma entrevista, saiu com esta: ‘Preciso pedir permissão à Rede Globo (alusão à TV Globo de muitos astros).

Por falar em chefes citados acima pela Amélia, a Camila que começou a namorar o Lúcio, aos 15 de idade, é, hoje, chefe da Alcateia Vermelha, dos “lobinhos”. Ela conta uma historinha interessante: “Certa tarde, de repente, caiu um chuvão de tocar o terror, e toda a garotada correu pra dentro da sede (do grupamento). Como garotos não param de falar, o ambiente ficou uma loucura. Uma garotinha, de 6 da idade, em seu primeiro dia conosco, apavorou-se. O pai, um alemão que não falava uma palavra em português, apavorou-se ainda mais, por não ver a esposa brasileira e sua tradutora no meio de umas 150 pessoas. Quando o chuvão começou a parar, a garotada foi fazer a maior bagunça na lama. A menininha sorriu e quis ir pra lá, também. Foi, com um aliviado pai, e gostou tanto da bagunça, que até hoje está conosco, sem faltar uma dia”.

O movimento escotista surgiu, em 1907, quando o inglês Robert Stephenson Smith Powell – adotado Baden-Powell, 12 temporadas depois – promoveu um encontro entre 21 rapazes com 12 aos 16 de idade, na ilha de Brownsea, e ensinou-lhes várias habilidades, entre elas primeiros socorros e técnica de se dar bem na mata. Ao Brasil, a moda foi trazida pelo próprio Baden-Powell, em 1909. Em 1916, para não deixar os “pirralhinhos” de fora da onda, ele criou os “lobinhos”, baseado no livro “Mowgli, o Menino Lobo”, escrito pelo seu amigo Rudyard Kipling.

O Lis do Lago, além dos “lobinhos” (6/10) e escoteiros (11/14), divide a moçada, ainda, em sênior (15/17) e pioneiros (18/21), e cobra R$ 75 reais por mensalidade – contatos por (61) 98196-4336. Os grupamentos reúnem 24 lobinhos; 32 escoteiros; 24 seniors/guias e 24 pioneiros, misturando meninos e meninas, com cada seção tendo um chefe e assistentes que variam pelo número de garotos/a.

Diz a “Poderosa Chefona” Amélia: “Nós oferecemos várias atividades atraentes e progressivas, como excursões, jogos, acampamentos, aprendizagem de técnicas úteis e serviços comunitários, entre outros. Os orientadores são preparados por cursos para ensinaram valores fundamentais que valorizem a vida em equipe e o aprendizado pela prática”. E finaliza, com mais uma brincadeira: “A Rede Grôbo artorizô e ieu falô!’. Tamo conversado?” – mais do quê!

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