Ana Lúcia Ferreira
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A jovem de 19 anos, que morreu após participar de uma festa rave no dia 23 de junho no Recanto das Emas fez uso de droga sintética e pesada. A informação consta no laudo pericial divulgado nesta sexta-feira (14). De acordo com o documento, no sangue de Ana Carolina Lessa foi encontrada a substância N-Etilpentilona, ainda pouco conhecida, porém bastante perigosa.
Ana saiu de casa, em Águas Claras, para ir ao evento com amigos. Porém, durante o festival de música eletrônica, ela passou mal. A jovem foi localizada por parentes e amigos na casa de um conhecido, no Sol Nascente, por volta de 00h10 do dia 25. Valda Lessa, mãe da garota, chegou a registrar ocorrência pelo desaparecimento da filha.
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Mãe de jovem que morreu após rave suspeita que bebida foi adulterada
De acordo com a delegada-chefe da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), que investiga o caso, Cláudia Alcântara, a droga é novidade na Capital e só entrou no registro de substância entorpecentes da Anvisa em março de 2017.
“O N-Etilpentilona é uma droga sintética, com aparência similar ao Ecstasy, porém, com efeito potencializado. Acreditamos que a Ana e outros jovens que estavam na festa tenham consumido a substância sem saber do que se tratava. Quando misturada com o álcool ela pode causar um efeito ainda maior”, afirmou.
Agora, a polícia investiga se os organizadores da festa tinham controle efetivo para coibir a possível entrada de drogas nos eventos realizados. Até o momento, 32 pessoas foram ouvidas pela delegada. Além dos produtores, a equipe médica contratada para o atendimento de possíveis emergências no evento também será chamada.
Efeitos
O laudo apontou que a ingestão da substância pode causar agitação, euforia, pânico, alucinação, coma e até mesmo o óbito. No caso de Ana Carolina não foi possível identificar a quantidade de droga em seu sangue.
Em depoimento, a mãe da vítima disse que a filha, quando localizada, estava com comportamento alterado e com diversos hematomas pelo corpo, mas se negava a ir a um hospital. “Por volta das 7h, quando ela acordou, continuava agitada e com fome. Levei ela ao Hospital São Mateus, no Cruzeiro, onde ela teve duas paradas cardíacas, insuficiência renal e foi a óbito”, contou.
Ainda conforme o relato da mãe, testemunhas disseram que a filha começou a ter alucinações durante a festa. O N-Etilpentilona pode ser comercializado em comprimidos, selo ou frasco (líquido).
Relembre
Ana Carolina Lessa morreu após participar de uma festa rave no Recanto das Emas no dia 23 de junho de 2018. A menina saiu de casa, em Águas Claras, na companhia de amigos com destino ao evento. Como não retornou para casa, a mãe registrou um boletim de ocorrência pelo desaparecimento. Porém, ela foi localizada por familiares na casa de um conhecido em Sol Nascente, na madrugada do dia 25.
A jovem foi levada para casa, mas aparentava um comportamento agitado. Na manhã seguinte a mãe da garota,Valda Lessa, levou a menina a um hospital particular no Cruzeiro, onde ela teve duas paradas cardíacas, insuficiência renal e morreu.
Profissionais admitem dificuldade
Empresas que prestam serviços de primeiros socorros apontaram em reportagem feita pelo Jornal de Brasília, que o uso de drogas e entorpecentes é mais recorrente – mas não exclusivo – em festas de música eletrônica e que, muitas vezes, enfrentam barreiras no atendimento.
Por outro lado, produtores argumentaram que é difícil conter a entrada de drogas, mesmo com revistas. A polícia também confirmou a situação recorrente. A morte da jovem Ana Carolina Lessa, 19 anos, horas após uma festa rave, reacendeu o debate sobre o consumo de drogas em eventos. Seria preciso mais segurança, brigadistas e firmeza da fiscalização?
Pelas normas técnicas, festas com estimativa de público de 200 a mil pessoas precisam ter, inicialmente, três brigadistas. A partir daí, a quantidade de bombeiros civis aumenta gradativamente. No entanto, a norma estabelece apenas um mínimo de dez brigadistas para eventos estimados em mais de sete mil pessoas.