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Brasília

Junho em ritmo de Carnaval

Três meses após o período tradicional do Carnaval, Brasília receberá um desfile fora de época, que marca o retorno das escolas de samba após oito anos sem investimentos

Redação Jornal de Brasília

20/06/2023 6h22

Foto: Nuno Ribeiro Junior

Elisa Costa
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No próximo final de semana, do dia 23 ao dia 25 de junho, acontecerá no Eixo Cultural Ibero-Americano, em frente à Torre de TV, o desfile das escolas de samba de Brasília. O local será fechado, com arquibancada e camarotes para comportar cerca de 40 mil pessoas que irão assistir às apresentações O evento conta com um investimento de cerca de R$7 milhões, e segundo o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues, é importante para a representatividade do setor para a economia e a cultura de Brasília, por envolver uma cadeia grande de produtores.

“Aqui você não vê apenas o samba sendo exibido. Estão presentes a gastronomia, o vestuário, o design e uma série de atividades. Está aí a razão de todo esse investimento. São escolas que têm história. Esse é um grande palco para uma grande volta”, destacou Bartolomeu. De acordo com o líder da pasta, as apresentações foram abandonadas por governos anteriores e apenas na gestão de Ibaneis Rocha elas voltaram a ser valorizadas. Segundo o GDF, o evento ajuda a movimentar a cadeia da economia criativa da capital federal, que vai desde o ambulante ao setor hoteleiro, bem como na valorização das comunidades da cultura popular.

Das 13 escolas de samba que vão desfilar, seis são do grupo especial e sete do grupo de acesso. O grupo especial deve ter, no mínimo, dois carros alegóricos e um carro menor, em um desfile de 400 pessoas, enquanto o grupo de acesso entra com, no mínimo, um carro alegórico, um carro menor e 200 pessoas para desfilar. Vale ressaltar que, a Via S1, entre o Clube do Choro e o Eixo Cultural, estará interditada no dia do evento, para estacionar os carros alegóricos. A entrada para assistir os desfiles é gratuita e a segurança dos desfiles será feita pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) em conjunto com o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF).

Também em entrevista ao Jornal de Brasília, Rafael Fernandes de Souza, presidente da Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc), a maior vencedora dos desfiles do DF, explicou que a expectativa para o final de semana é a melhor possível, já que foram oito anos sem entrar na avenida: de 2015 a 2022. “Foi o mais longo período sem o desfile, e queremos muito voltar não só a desfilar, mas a ganhar o carnaval. A ansiedade é parte deste processo de construção, que envolve tantas pessoas, diferentes trabalhos, mas sempre com o mesmo objetivo, que é fazer uma grande e vitoriosa apresentação na avenida”.

Para 2023, a Aruc apresenta o enredo “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”, que vai abordar sua recente história de superação, quando ficou sem desfilar na passarela e ao mesmo tempo, enfrentou situações muito difíceis, como a pandemia, o embate por conta da Lei do Silêncio e a regularização de seu terreno. “É uma história de resistência da cultura popular, que não pode desistir jamais”, destacou Rafael. O presidente da escola acrescentou que, com os oito anos de hiato, o carnaval de Brasília perdeu tempo no processo de atualização da construção de um desfile, e agora é hora de recuperar isso.

“Será praticamente um nascer de novo para as agremiações, então a maior novidade é mesmo estar na passarela, inclusive para muitos componentes que nunca desfilaram”, explicou Rafael. Na visão do líder da escola, a melhor parte do processo de criação e organização do desfile é a concepção do enredo, pois desta forma é possível imaginar a história a ser mostrada ao público, e a partir disso, o desenrolar das fantasias e carros alegóricos. Por outro lado, a parte mais difícil para Rafael é o pouco tempo para a produção e a necessidade de recursos extras.

“É uma luta muito grande colocar o seu melhor na avenida, sem o tempo e o dinheiro adequado, mas a resiliência do sambista brasiliense supera tudo isso”, afirmou Rafael de Souza, que segue otimista com os desfiles mesmo com as dificuldades. À reportagem, o presidente ressaltou que o trabalho da Secretaria de Cultura foi essencial para que as escolas tivessem visibilidade novamente. “A secretaria tem trabalhado, especialmente com o projeto Escola de Carnaval, ao trazer profissionais do Rio para atualizar nossos profissionais”, contou. Este ano, a Aruc entrará na passarela com mais de 600 pessoas.

A Aruc foi fundada no mesmo ano de inauguração de Brasília, em 1961, tem um gavião como símbolo e suas cores são azul e branco. A escola é a maior vencedora dos desfiles do DF, com 31 títulos e em 2009 foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal, por meio de decreto. A sede da Aruc fica no Clube Unidade Vizinhança do Cruzeiro, que abriga quadras esportivas, campo de futebol e salão para eventos. Em todos seus anos de desfiles, já entrou na passarela para falar de Brasília, das artes, do universo, de Iemanjá, sonhos, misticismo, entre outros diversos assuntos.

Quem vai desfilar?

GRUPO ESPECIAL:

Aruc

Acadêmicos da Asa Norte

Águia Imperial de Ceilândia

Bola Preta de Sobradinho

Mocidade do Gama

Vila Planalto

GRUPO DE ACESSO:

Acadêmicos de Santa Maria

Unidos da Vila Paranoá

Capela Imperial de Taguatinga

Unidos do Varjão

Acadêmicos do Riacho Fundo II

Coruja Serrana

Unidos de Vicente Pires

*Até a publicação desta matéria não havia sido divulgada a programação dos desfiles

Música e blocos

No mesmo dia dos desfiles acontecem também apresentações culturais e de blocos carnavalescos. Confira:

Sexta-feira (23/06), das 15h30 até a madrugada:

Samba das Pretas, Dudu Nobre e Vou pro Sereno

Sábado (24/06), das 14h até a madrugada:

Matuskela, Bloco dos Raparigueiros, Os Criollos e Cacique de Ramos

Domingo (25/06), das 12h às 21h:

Alexandre do Samba, Kris Maciel, Roda de Samba Sagaz, Milsinho e Délcio Luiz

Saiba Mais

O evento acontece em meio ao mês junino porque a Secretaria de Cultura do Distrito Federal (Secec-DF) passou por alguns impasses no início do ano para autorizar as apresentações. Os desfiles estavam programados para acontecer em abril, contudo, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) fez alguns questionamentos acerca do edital de chamamento público e a data de apresentação foi adiada para que a pasta regularizasse o processo.

Ao Jornal de Brasília, a Secec explicou que os desfiles ficaram de fora do período tradicional do Carnaval, para que eles não concorressem com os blocos de carnaval e nem com os desfiles já consagrados de estados como RJ e SP.

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