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Brasília

Na CLDF, uma delegada em defesa da mulher

Dentre eles, o principal objetivo da deputada distrital Dra. Jane são projetos em defesa da mulher

Mayra Dias

20/06/2023 5h00

Imagem: Divulgação

Depois de ter relatado na edição de ontem do JBr sua trajetória até a eleição para a Câmara Legislativa, a deputada distrital Dra. Jane diz que enxerga seu mandato através de recortes. “Eu trouxe uma equipe que identifiquei que conseguiria me auxiliar no meu planejamento, porque não é fácil”, pondera. “Gosto de dizer que o mandato é como um grande elefante. O elefante é um animal grande, pesado, difícil de carregar. Você tem que conduzir ele, e é muito difícil”, acrescentou a política.

Como ela ressalta, seu trabalho envolve muitas variantes. “Não basta a minha vontade e o meu desejo de fazer. Tem tudo isso e ainda a locução com parlamentares, governo local, secretarias, população, líderes comunitários, a vontade dos outros com relação ao seu mandato, e você tem que juntar tudo isso e entregar um produto”, reitera. Em suas palavras, o parlamento é falar, usar a voz, representar, não é fazer, porque isso é tarefa do Executivo. “Nosso trabalho é ajudar a conduzir, fiscalizar, procurar realizar esses projetos”.

Em suas caminhadas por Brasília, Jane conta ter visto muita gente fazendo muita coisa boa. “Cheguei com muitas expectativas, achando que tinha que criar muitos projetos, mas vi que já existem tantos tão bons que a missão não é criar novos, mas tornar os que já existem, efetivos”, argumenta. “Muitas pessoas têm projetos muito bons mas não conseguem colocar em prática por não saberem planejar. Tem toda uma questão burocrática por traz também. Questões técnicas. Elas precisam de ajuda”,
explica a distrital.

Segundo a deputada, seu foco, no momento, é organizar os eixos. “E estou fazendo isso. Meus eixos são: defesa intransigente da mulher (eixo este que ocupará mais da metade do mandato), segurança pública e educação, que é o pilar de tudo, e eu sou o exemplo de que a educação transforma”, afirma. “Quero que sejam 4 anos que façam diferença, quero deixar um legado, e não ser só mais um mandato que trouxe despesas”, reiterou. Em cinco meses, a deputada já entregou dez projetos, e oito deles foram de defesa da mulher, como o Educa Por Elas, que preconiza que as instituições de ensino públicas e privadas de educação básica incluam em seus planejamentos bimestrais conteúdos relativos à prevenção de todas as formas de violência contra a mulher, sendo inseridos como tema transversal e abordados de forma interdisciplinar, e a criação de comitês, que dará estrutura à política pública nas RAs.

“Terá um comitê com cinco comissários com função de articular a política no território. Pessoas com formação técnica farão parte disso, e fornecerão acompanhamento e segurança às mulheres”, explicou. O projeto já foi sancionado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) e está em processo de regularização.
Racismo estrutural

Assim como outras pessoas negras, Jane Klebia também precisou enfrentar dificuldades que a cor da sua pele lhe impôs no seu percurso até aqui. “Somos um país negro, mais da metade da população é declaradamente negra. Temos negros em espaços de poder e isso gera o racismo estrutural que vemos no país. O racismo aqui é velado, um dos piores. As pessoas têm práticas racistas sem saber. Vemos isso em propagandas, em piadinhas”.

Ter entrado no serviço público cedo permitiu à Jane que ela reagisse de maneiras diferentes em momentos que se deparou com o racismo. “Entendia que era racismo, mas sem deixar aquilo me diminuir. Transformava isso em inspiração para lutar”, comenta. Ela conta que, uma vez, em um evento no Ministério Público, alguém estava procurando a delegada e, naquela época, ela já era delegada chefe.

“Estava com algumas policiais e apontaram para o nosso grupo dizendo que a delegada estava lá. A pessoa foi, primeiro, na mais branca, e a chamou de doutora. Ela, na mesma hora, disse que não era doutora, mas não disse que a delegada era eu. A pessoa foi, então, de uma em uma, de acordo com a cor da pele, perguntando se ela era a delegada. Por último, ela veio até mim”, relata. “As pessoas não enxergam com naturalidade pessoas negras nesses espaços”, lamenta
a deputada.

Em Planaltina, Jane conta que viveu outra situação parecida. “Atendi uma senhora, a levei para a minha sala de delegada-chefe, ajudei, acolhi, coloquei ela no meu carro pra ajudar ela com a documentação da prisão do filho e, quando chegou a audiência judicial, perguntaram para ela se ela havia sido atendida por algum delegado, e ela disse que não. Depois ela descobriu que eu era delegada e me pediu desculpas dizendo que nunca imaginou que eu seria delegada. Para ela era impossível”, relembrou a doutora. “Acreditarem que negro é inferior. Cor da pele não diferencia ninguém, e sim o caráter”, finalizou Jane.

Paixão pela cozinha

Apesar de ter uma relação próxima com os livros, a verdadeira paixão de Jane Klebia está em um cômodo específico de sua casa: na cozinha. A deputada que já foi enfermeira, professora, policial e delegada é, também, cozinheira. Todas as segundas-feiras, às 20h, Dra. Jane abre uma live intitulada “Casos e Cozinha” nas suas redes sociais para ensinar pratos simples e deliciosos para o dia a dia ou para receber alguém especial em casa.

“Minha sogra sempre cozinhou muito bem. Eu desenvolvi o gosto pela cozinha comendo a comida simples que ela fazia. A partir daí, comecei a cozinhar, vendo receitas em livros”, conta Jane. “Comida para mim é afeto”.

Com o advento da internet, ela decidiu unir a necessidade de estabelecer uma relação com quem a acompanhava através das telas com um momento de descontração. “Comecei a gravar programas semanalmente, sem script, de forma bem descontraída”, revela. Nas transmissões, ela faz um prato simples e conversa com as pessoas.

“Conto histórias. O público é muito fiel. Com a vida agitada, esse é meu momento de diversão. Percebi que as pessoas gostavam de ver. É intuitivo, lúdico. Conto piadas, a equipe atrás da câmera participa”, diz. Nas lives, que duram cerca de uma hora, os casos contados pela deputada são histórias vividas nos seus tempos de polícia.

Ela conta que, hoje em dia, as pessoas abordam ela nas ruas ou na própria Casa legislativa para falar sobre suas receitas, dizer que as reproduziram. “Uma senhora com o filho autista me contou uma vez que, devido a dificuldade de criar o filho ao longo do dia, o meu programa é o momento dela se distrair. O marido chega no horário da live, fica com o filho e ela vai cozinhar”, conta, feliz.

No último dia 12, no Dia dos Namorados, a deputada abriu as portas de sua cozinha para um casal sortudo que pôde passar a data provando um de seus deliciosos pratos.

Atitudes como essa revelam o tamanho do coração da mulher batalhadora que, independente da área em que estava, sempre dedicou a vida em prol da comunidade, e buscou, de qualquer forma, fazer o bem aos outros. É isso que Jane Klebia, a Dra. Jane, promete que irá fazer, para os brasilienses e, principalmente, as brasilienses, ao longo dos próximos anos na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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