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Brasília

IPEDF divulga resultados preliminares da PDAD Rural 2022

A pesquisa apresenta as características sociodemográficas da população rural do Distrito Federal

Mayra Dias

20/12/2022 17h48

Foto: Divulgação

O Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF) apresentou, na manhã desta terça-feira (20), no Salão Nobre do Palácio do Buriti, os resultados preliminares da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) Rural 2022. Realizada com o apoio da Emater-DF, o levantamento buscou conhecer a situação sociodemográfica e econômicas das pessoas residentes nas áreas rurais da Capital. É a primeira pesquisa sobre as condições de vida da população que mora nas áreas rurais do Distrito Federal. São seis mil domicílios visitados em 208 comunidades rurais.

“É com muita honra que fazemos essa entrega hoje pois a PDAD Rural dá luz a muitos que estavam na invisibilidade. Muitos movimentos sociais, assentamentos, produtores não eram contabilizados pela tradicional PDAD e agora, os novos dados podem ajudar na implementação de políticas públicas eficazes que cheguem até quem mais precisa”, comenta Jean Lima, diretor-presidente do IPEDF.  “Agradecemos a todos que trabalharam nessa pesquisa e principalmente ao governador Ibaneis que acreditou e aumentou os investimentos para que este, e outros estudos, fossem realizados pelo IPEDF”, continuou o titular. 

A realização da PDAD Rural é amparada pelo Decreto n° 32.087, de 19 de agosto de 2010, alterado pelo Decreto n° 39.403, de 26 de outubro de 2018, que criou a PDAD no Distrito Federal. A unidade elementar de interesse foi o domicílio situado em área rural do Distrito Federal, definida como rural pela Lei Complementar n° 803 de 2009, que trata do ordenamento territorial do Distrito Federal. Para cada domicílio que participou da pesquisa, foram coletadas informações acerca dos residentes, gerando conjuntos de informações sobre as características dos domicílios e dos moradores. 

A mesa de abertura do evento contou com a presença do diretor-presidente do Instituto, Jean Lima; do secretário de Fazenda, José Itamar Feitosa; do secretário de Agricultura, Cândido Teles; da presidente da Emater-DF, Denise Fonseca e da diretora de Estudos e Políticas Ambientais e Territoriais do IPEDF, Renata Florentino. 

Ao todo foram visitadas 24 Regiões Administrativas e 4.716 domicílios. As localidades agrupadas por uso do solo são: Agricultura Empresarial, Agricultura Familiar, Assentamentos e área rural com características urbanas. Com a participação na pesquisa, o GDF pode conhecer as condições de vida da população rural do DF. As respostas servirão como informação para ajudar o planejamento e tomada de decisões governamentais com relação às áreas rurais do Distrito Federal e como subsídios para formular políticas públicas, avaliação e monitoramento das ações descentralizadas de governo. É seguro receber um agente de coleta, pois as respostas são anônimas e o pesquisador está proibido de pedir dados bancários.

Resultados 

Dentre os principais resultados obtidos estão que 58,66% desses moradores possuem até 39 anos e ? é negra. “É uma população negra e relativamente jovem”, avalia Renata Florentino, diretora de Estudos e Políticas Ambientais e Territoriais do IPEDF. Os habitantes rurais pesquisados com até 24 anos apresentam percentual de 37,01%, dos quais, 21,33% são crianças e pré-adolescentes entre zero e 14 anos, e 15,67%, jovens de 15 a 24 anos. A faixa que vai dos 25 aos 39 anos compõe 21,65% dos pesquisados. Os moradores entrevistados com 40 anos ou mais representam 41,34% do total; destes, 29% possuem idade entre 40 e 59 anos. Os idosos, com 60 anos ou mais, representam 12,34% dos habitantes, dos quais, 1,38% possuem 80 anos ou mais. 

Além disso,  79,12% dos domicílios têm acesso a energia elétrica via rede geral. Cenário diferente ao da iluminação pública, que só atende 44,54%. 21,56% residem em locais com ruas asfaltadas e 32,20% das casas nas áreas rurais são atendidos pela CAESB, número inferior aos dos usuários de poços artesianos (46,66%).

Vale destacar ainda que mais da metade desses moradores não possuem plano de saúde contratado (84,34%), e a conectividade está presente em boa parte dos lares rurais, apresentando percentual de 82,68%. O policiamento regular foi observado para 34,85% da população das localidades pesquisadas. “Mas há outras características que chamam atenção como ? desses domicílios em situação de insegurança alimentar”, pontuou Renata. “Dentre outras informações interessantes tem-se que o uso de gambiarra para utilização da rede elétrica é bastante significativo”, acrescentou. 

Quanto ao arranjo familiar, é possível verificar que há uma concentração maior de respondentes que participam dos arranjos: casal com 2 filhos (23,54%), casal com 1 filho (21,89%) e outro perfil (17,84%). Além disso, apenas 5,16% dos habitantes da área rural caracterizaram seu arranjo familiar como unipessoal. 

A distribuição do arranjo familiar para negros e não negros é semelhante. Ainda assim, é evidente que a frequência relativa de casais sem filhos é maior para os grupos de não negros (Não negro: 16,95%; Negro: 13,97%). Também, para os habitantes rurais negros os arranjos familiares monoparental (feminino) e casal com 3 filhos ou mais apresentou maior frequência quando comparado aos habitantes não negros. 

Na área rural, 84,34% dos moradores entrevistados não possuem plano de saúde contratado. Assim, aproximadamente apenas 15,04% dos pesquisados têm acesso a planos de saúde. O sexo que mais contrata plano de saúde é o feminino, cerca de 15,75% dos moradores da área rural deste sexo possui algum convênio médico.

A percepção da existência de espaços para práticas culturais nas proximidades é de 4,58%, enquanto para práticas esportivas é de 15,62%. A percepção de existência de pontos de ônibus é 44,84%, enquanto a de ciclovias é de 6,55%. Outras áreas públicas comuns, como praças, jardins e parques apresentam percentuais de 14,29% e 9,90%. Sobre a existência de policiamento regular, o percentual é de 34,85%. Observa-se que não existem serviços ou equipamentos de segurança coletiva na percepção de 95,02%.

Na avaliação de Renata Florentino, a PDAD Rural é um retrato social. “Conhecer como mora a população que constrói 70% do território do DF é muito importante, seja para o setor produtivo seja para o poder público. Além disso, é possível a própria população se conhecer”, disse. “Um dado interessante é que as pessoas moram, majoritariamente em casas, como se espera, mas 20% já são casas dentro de condomínios. Ou seja, a área rural do DF tem a característica não só de produção, mas também de moradia como escolha de diversas pessoas”, finalizou a diretora.

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