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Brasília

Imersão e democratização da arte é o que promete o Festival Dança em Trânsito

Pela primeira vez em formato híbrido, projeto chega ao CCBB reunindo artistas nacionais e internacionais

Mayra Dias

16/11/2021 18h10

Foto: Divulgação

Sendo a arte considerada indispensável, principalmente nesse momento de pandemia e pós isolamento social, o Festival Dança em Trânsito chega, em mais uma edição, com o objetivo de democratizar o acesso à dança. “Levamos a dança até o público e trazemos o acesso tanto para as cidades grandes, quanto para as pequenas, onde o movimento e as oportunidades de apreciar e vivenciar a arte são poucas”, defende Flávia Tápias, diretora artística e curadora do evento. 

Depois de expor uma edição cem por cento online, o festival internacional de dança contemporânea volta às ruas e palcos mas, desta vez, em formato inédito. Pela primeira vez, o Dança em Trânsito acontecerá de forma híbrida, incorporando a versão online ao mesmo tempo que realiza as atividades presenciais. Na capital, o evento ocupará os espaços do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), de 18 a 21 de novembro. “Nosso festival tem a característica de falar e trazer uma diversidade curatorial dentro do universo da dança, além de tirá-la do teatro convencional e trazê-la para rua, para espaços inusitados”, comenta a responsável. 

Contemplando todos os cantos do Brasil, 25 cidades, de 10 estados, estão envolvidas no projeto com residências, projetos formativos, mentorias e intercâmbios. Espetáculos, performances e projeções de filmes acontecerão em diferentes espaços do CCBB, a partir das 17h, com entrada gratuita ou a preços populares. “Estamos celebrando o retorno da arte, da ocupação da rua. Esta edição conta com um movimento plural, são vários estilos de criação, onde os artistas locais poderão participar e se colocar em cena, assim como as pessoas que nunca tiveram contato com a dança, devido às residências de criacao”, argumenta Flavia. 

Para a curadora, há, dentro do Dança em Trânsito, um universo formativo muito explorado que, devido ao formato digital implementado este ano, alcançou muitas cidades fora dos grandes eixos. “Isso é o que tem de mais diferente nessa edição”, comentou, acrescentando o envolvimento significativo de muitos artistas locais, além dos renomados nacionais e internacionais. 

Os espetáculos dentro do teatro terão ingressos a R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia), que poderão ser adquiridos no site ou aplicativo da Eventim. Para as sessões no cinema a entrada é franca, mas será preciso reservar os bilhetes – também pela Eventim, a partir das 9h do dia da sessão. As apresentações ao ar livre terão acesso liberado.  

Produção longa

Iniciado em novembro de 2020, Flávia conta que o processo de produção do evento não foi fácil. “Desde de então viemos trabalhando na curadoria, na organização, na possibilidade de não haver, devido a pandemia. Foi um desafio, pois cada cidade tem seu decreto, suas possibilidades e limitações, e também precisávamos de todos os artistas vacinados para entrar nos locais”, explica a diretora artística. 

O Dança em Trânsito precisou ser adiado de julho para novembro em função do calendário de vacinação nacional. “Mas iniciamos de forma remota, em março, uma série de ações online e gratuitas envolvendo artistas nacionais e internacionais, com aulas de dança, formação de professores multiplicadores, mentoria para criação de turmas em centros culturais longe das metrópoles e manutenção para profissionais da dança e artes cênicas”, explica Giselle Tápias, que divide a direção e curadoria com Flávia. 

O Teatro e o Cinema do CCBB estão funcionando com capacidade reduzida a 50% dos espectadores, para garantir o distanciamento de dois lugares entre grupos de pessoas e respeitar os protocolos de prevenção à Covid. Nestes e nos demais espaços fechados, é obrigatório o uso de máscara cobrindo boca e nariz durante toda a sessão.  A fim de minimizar os riscos para toda a equipe, a curadoria artística também levou em consideração o número de integrantes das companhias a serem convidadas, os perfis de espetáculos e performances adaptáveis aos ambientes externos, assim como os deslocamentos de cada companhia. 

O que esperar de Brasília

Mesmo com a volta das apresentações presenciais, o festival incorpora, além das transmissões nas plataformas digitais, projeções em salas de cinema e mesmo no Teatro, para garantir mais visibilidade. No Teatro do CCBB, será possível assistir, por exemplo, ao filme “Revisor”, curiosa produção canadense, dirigida pela dançarina e coreógrafa Crystal Pite, que mistura teatro e dança com muito humor. “Quando o público chegar ao Centro Cultural, poderão esperar muita emoção por parte tanto dos artistas quanto da curadora, assim como bastante diversidade dentro dos trabalhos apresentados. Será muita arte e muito movimento”, salienta Flavia Tapias. 

A ideia do Dança em Trânsito Projetado é, conforme esclarece Giselle, ampliar ainda mais o alcance e as possibilidades do festival. “Dentro dessa proposta há cinco recortes, sendo os dois primeiros heranças diretas da nossa edição online de 2020: a transmissão de vídeos com os novos trabalhos de companhias estrangeiras que participam remotamente do festival e a exibição de coproduções da edição 2020, como a videodança Solos_On. Além do público presente, internautas de qualquer lugar do mundo terão acesso às apresentações praticamente em tempo real. Por fim, veiculamos na internet resumos diários da programação do Dança em Trânsito”, detalha. 

O projeto

O festival é parte do projeto Ciudades Que Danzan, que reúne 41 cidades em diversas partes do mundo com o intuito de difundir a dança contemporânea. Desde a sua criação, em 2002, o Dança em Trânsito já apresentou mais de 90 companhias de 16 países em 18 cidades de 9 estados brasileiros, para um público de mais de 48 mil pessoas. 

Muitos foram os processos pelos quais o trabalho passou e, os projetos formativos, que fazem parte do DNA do festival, ganharam um novo viés este ano com o Projeto Valia, que promoveu a partir de março aulas online de mentoria em dança contemporânea voltadas para o aprofundamento profissional de professores de cidades com poucas oportunidades e distantes dos grandes centros. “É um projeto de geração de renda, que traz multiplicadores na área da dança. Dou aula para os professores dessas cidades todas as sextas, fazendo uma mentoria para prepará-los para as aulas que eles, por sua vez, dão às suas turmas”, explica Flávia Tápias que também é coreógrafa e coordenadora do projeto.

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