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Brasília

Horta acessível atende pessoas com deficiência no Parque da Cidade, em Brasília

Os canteiros suspensos do UNA Parque, o primeiro parque 100% inclusivo do Brasil, possibilitam o acesso às aulas de jardinagem para crianças ou pessoas com limitações físicas, além de estimularem os sentidos e a alimentação saudável

Mayra Dias

22/11/2022 18h31

Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

“Os alunos, com destaque para as pessoas com deficiência, se sentem seguros tanto para desenvolver as atividades como para degustar as plantas medicinais e temperos. Assim, aprimoram o paladar, olfato e a memória, além da alegria que desperta ao descobrirem e reconhecerem as espécies cultivadas na horta”, comenta Cleiton Viveiro,  professor responsável pela horta comunitária acessível, uma das mais de 10 atividades propostas pelo UNA Parque, em Brasília, para pessoas com deficiência.

Praticar a horticultura pode ser um passatempo e tanto para quem procura por um novo hobby ou uma forma de aliviar o estresse da rotina. Além disso, é um convite a uma alimentação mais saudável, com mais verde no prato, e o melhor: livre de defensivos tóxicos para o organismo. Para proporcionar acessibilidade a quem tem limitações físicas ou crianças, o espaço oferece canteiros suspensos, com altura adaptável. De acordo com Getúlio Magalhães, um dos coordenadores do UNA Parque, pessoas com deficiência precisam de espaços de lazer, prática esportiva e convivência que as receba com acessibilidade. “Por isso, as atividades do UNA têm o intuito de proporcionar ao máximo oferecer essas oportunidades a elas”, comenta. 

De acordo com Cleiton, as aulas da horta são contínuas, “pois precisamos entender todo o ciclo de produção desde o plantio, a manutenção e a produtividade das espécies”, explica. “Promovemos o preparo do solo, plantio, podas e a colheita, além de apresentarmos os valores nutricionais”, acrescentou. Nas aulas, os alunos têm a oportunidade de cultivar hortaliças e plantas alimentícias não-convencionais, conhecidas como PANCs. A lista de vegetais inclui alface, couve, espinafre, cebolinha, alho-poró, tomate, manjericão, orégano, tomilho, alecrim, capuchinha, hortelã, menta e pimentas.

Vale destacar que, ao ter contato com a terra, a água, as ferramentas e as plantas, o público que frequenta o parque aprende a olhar de forma mais afetiva e cuidadosa para a natureza, além de praticar a concentração e adquirir conhecimentos valiosos. Como defende o professor, é preciso atenção para entender as necessidades de cada hortaliça, fornecer os nutrientes adequados para que elas se desenvolvam bem, com a adubação, e eliminar a possibilidade de pragas. O uso da horticultura no tratamento e na prevenção de desequilíbrios emocionais ou doenças crônicas é conhecido como “hortoterapia”.

Quando os vegetais chegam ao ponto de consumo, o professor ensina as técnicas mais adequadas para colher. Então, as hortaliças são entregues de forma gratuita para os alunos ou consumidas durante as aulas.

Cuidados

O professor esclarece ainda que, durante as aulas, ele deixa os alunos livres para experimentarem, mas tudo é supervisionado para garantir a segurança. “Nós não deixamos quaisquer ferramentas no local e cultivamos pimentas para aplicar como defensivo natural. As pimentas, inclusive, ficam em um local seguro por conterem capsaicina, substância que provoca a ardência. Não utilizamos produtos químicos na horta, então é tudo totalmente orgânico”, garante o docente. 

Para o responsável, a hidroterapia desenvolve, principalmente, a atenção e a curiosidade dos alunos, além de reforçar os hábitos alimentares saudáveis. “Nosso modelo de horta suspensa facilita todo o trabalho desenvolvido, pois além de confortável, é acessível e sem risco de acidentes”, assegura Cleiton.

Como participar

As aulas de horta funcionam aos domingos no UNA Parque, das 9h30 às 17h. As inscrições são feitas pelo site oficial do projeto (https://unaparque.com.br/agenda/), mediante a doação de 1 kg de alimento não perecível no caso das pessoas sem deficiência. Cada oficina dura uma hora, com limite de seis pessoas por vez. A atividade é uma das mais de 10 oferecidas no espaço, que também inclui canoagem, escalada, tiro com arco e até mergulho.

O UNA

Já em sua terceira edição, o UNA Parque é o primeiro parque 100% inclusivo do Brasil e atualmente ocupa uma área próxima ao Estacionamento 10 do Parque da Cidade, em Brasília (DF). A iniciativa é da União Nacional de Acessibilidade, ONG presidida por Andréa Pontes, e com um time de paracanoagem em 2014. A UNA tem um canal no YouTube e, por meio do parque, oferece diversas práticas esportivas e atividades inclusivas para pessoas com deficiência ou sem.

“A União Nacional de Acessibilidade é um projeto que iniciamos em 2014 como um time de paracanoagem e, atualmente, estamos na terceira edição do nosso parque, o primeiro 100% inclusivo do Brasil”, diz, orgulhoso, Getúlio Magalhães. De agosto deste ano até janeiro de 2023, estamos em um espaço no Estacionamento 10 do Parque da Cidade, com mais de 10 atividades inclusivas para pessoas com deficiência ou sem, além dos eventos mensais, sempre com temas atuais e relevantes. Nossa lista inclui canoagem, stand up paddle, escalada, fisioterapia, mergulho, horta comunitária, tênis de mesa, teqball, tiro com arco, yoga e meditação, além de atendimento psicológico e assistente social.

Como explica o gestor, para garantir o acesso a todos, as atividades são orientadas por profissionais do início ao fim e totalmente gratuitas, tanto para pessoas com deficiência como as sem deficiência, que também podem participar das práticas esportivas e aulas com a doação de 1 kg de alimento não perecível. “Por meio das atividades, mostramos que o esporte é, além de possível, fundamental para a saúde do público PCD”, diz. 

Serviço:

UNA Parque

Onde: Estacionamento 10 do Parque da Cidade, Brasília – DF

Funcionamento: aos sábados e domingos, das 9h às 18h

Inscrição para as atividades: https://unaparque.com.br/agenda/

Entrada gratuita

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