O incêndio na Floresta Nacional de Brasília cresceu cerca de 81,3% ao longo do segundo dia de combate às chamas – cerca de 38,58% de toda a área da reserva. A informação é do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), gestor da área de conservação, de 5.640 hectares. A operação continua com três frentes de incêndio controladas e duas ainda em combate, afirmou o instituto às 18h30 desta quarta-feira (4).
Um inquérito policial foi instaurado na Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais da Superintendência da Polícia Federal no DF, em razão de se tratar de unidade de conservação federal. Com isso, a Polícia Federal fará a perícia do local para dar seguimento à investigação.
O fogo foi iniciado de maneira criminosa, mas ainda não há informações se foi provocado de maneira dolosa, com intenção, ou culposa, sem a intenção de provocar danos. A suspeita é que três homens tenham iniciado o incêndio em razão de atitude suspeita próxima a área do início das chamas, pouco antes do fogo atingir grandes proporções.
De acordo com major Godoy, um dos coordenadores da operação do CBMDF, o comportamento criminoso é explicado em razão da maneira em que se deu o início das chamas. “Os focos [três] estavam distantes cerca de um quilômetro um do outro, o que chamamos de múltiplos focos, e indica fogo criminoso”, destacou.
“O fogo normalmente anda em linha, mas não foi o que aconteceu. Ele começou no caminho de Brazlândia. […] O vento foi um fator complicador nesse contexto, porque ele foi trazendo o fogo para dentro do Parque”, explicou. A área mais afetada foi a composta por eucaliptos.
A operação contou com três principais frentes de combate como prioridade: a proteção de chácaras, para evitar que as chamas e fagulhas cheguem a áreas habitadas; a proteção de nascentes e a proteção de matas de galeria – vegetação que se estendem ao longo do curso dos rios da região.
De acordo com o ICMBio, o fogo ainda não foi controlado. Conforme a umidade do ar vai diminuindo e a temperatura vai aumentando, o combate se torna ainda mais difícil, conforme explicou o chefe da Flona, Fábio Santos. A vegetação seca favorece a propagação das chamas e a característica da floresta difere da maior parte do Cerrado. Dentro da reserva, predominam árvores mais altas e uma mata mais fechada, também dificultando o combate às chamas.
Ventos fortes também dificultaram o trabalho dos bombeiros e brigadistas, uma vez que, após a extinção do fogo em determinada área, as brasas, ainda quentes, podem ser acesas novamente com o sopro da ventania. Com a ajuda dos ventos, as fagulhas voam facilmente e se espalham com potencial de alcançar de 50 a 100 metros de distância desde o ponto de origem.
Por essa razão, parte dos esforços se concentrou em proteger as chácaras na área rural de Brazlândia e Ceilândia, uma vez que as fagulhas poderiam atravessar pistas e trazer mais prejuízos à comunidade.
Toda a operação de combate ao incêndio iniciado na última terça-feira (3) é realizada pelo ICMBio em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), e o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Jardim Botânico de Brasília, Zoológico de Brasília e Polícia Militar (PMDF).
O resgate e a preservação da fauna afetada pelo incêndio estão sendo realizados por equipes especializadas do ICMBio, Jardim Botânico de Brasília, Fundação Zoológico de Brasília, Ibama, IBRAM e PMDF, que seguem monitorando a área para identificar possíveis animais feridos ou mortos.