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Brasília

Fevereiro roxo: Saúde chama atenção para doença de Alzheimer

Apesar de não ter cura, a doença neurodegenerativa pode ser tratada

Mayra Dias

19/02/2024 16h58

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Todos os anos, mensalmente, é dada uma atenção especial a alguns temas que merecem uma atenção maior por parte da população. Neste mês, conhecido como Fevereiro Roxo, todos os esforços da Saúde estão voltados à divulgação de informações referentes à doença de Alzheimer, que atinge cerca de 12% dos idosos do Distrito Federal, segundo a Secretaria de Saúde (SESDF). Como explicam especialistas, essa doença neurodegenerativa provoca declínio das funções cognitivas e não tem cura, mas o tratamento pode ser feito.

Conforme os dados divulgados pelo site do InfoSaúde-DF, no ano de 2023, a população idosa da capital federal era de 405.058 idosos, grupo este formado por pessoas com o maior fator de risco para o desenvolvimento do Alzheimer: idade. “No Alzheimer, o que acontece é a perda de neurônios, e o principal fator de risco é a idade avançada”, afirma o neurologista Arthur Jatobá. Segundo o especialista, em pacientes com mais de 65 anos, 1 em cada 10 tem a doença, e a partir dos 85 anos, esse número cai para 1 em cada 3 pacientes. “Quanto à genética, existem sim alguns casos herdados, principalmente quando vem de um parente de primeiro grau, mas são raros”, salientou o médico.

Essa doença neurodegenerativa que provoca declínio das funções cognitivas não tem cura, e os primeiros sintomas, como explica o médico, são as perdas frequentes de memórias recentes. “Aquela pessoa que pergunta a mesma coisa várias vezes ao longo do dia, ou que esquece informações que você acabou de contar”, elucida. No entanto, outros sinais, como a dificuldade de localização, desorientação temporal e espacial (não saber o mês e ano que se encontra) e a dificuldade de exercer tarefas do dia a dia, como cozinhar ou pagar uma conta também são comuns de serem observados. “Geralmente esses sintomas começam a aparecer depois dos 65/70 anos de idade”, acrescentou o médico.

Apesar de a memória ser a função mais afetada, se engana quem acredita que ela seja a única. A incidência da doença pode afetar o comportamento, a linguagem, a fala de determinadas palavras, a capacidade de nomear objetos, e a compreensão de frases, até chegar ao ponto de reduzir a capacidade de trabalho e as relações sociais. “O comportamento fica modificado, a personalidade muda e ela fica cada vez mais dependente”, explica a  geriatra Marcela Pandolfi da Secretaria de Saúde (SES-DF), presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBBG-DF).

Prevenção e tratamento

A população, desta forma, deve estar ciente de que há fatores de risco modificáveis e não modificáveis na doença. O que não se pode mudar é a apenas a idade da pessoa. Há, assim, 12 fatores que, sob atuação e tratamento, permitem prevenir em até 50% as chances de um quadro demencial. São eles: hipertensão, escolaridade (tentar sempre aprender algo novo), deficiência auditiva, tabagismo, bebida alcoólica, obesidade, depressão, diabetes, baixo convívio social, poluição do ar e traumas cerebrais.

Conforme esclarece Arthur Jatobá, em quase 50% dos casos a doença pode ser prevenida. “Ter hábitos de vida e alimentação saudável, bem como o controle de pressão arterial e glicose são muito importantes. Manter o cérebro ativo também é essencial, haja vista que vemos uma incidência menor de desenvolvimento da doença em pessoas com escolaridade maior”, pontua.

É justamente nesse ponto que a campanha do Fevereiro Roxo se faz tão necessária. “A importância da campanha é de conscientização, tanto do combate de falsas informações quanto do apoio a essas pessoas e famílias. É importante observar e dar o diagnóstico da maneira mais precoce possível; e, após o diagnóstico, que essa família tenha acolhimento, o que ela precisar da equipe multidisciplinar, para que o paciente tenha uma doença controlada e que a equipe possa proporcionar conforto aos pacientes e às famílias”, acrescenta a médica Marcela.

O tratamento da doença de Alzheimer, hoje, é dividido em dois tipos: o medicamentoso e o não medicamentoso. “No primeiro, temos alguns remédios específicos que reduzem os sintomas da doença. Não conseguimos fazer a doença estacionar, mas conseguimos reduzir sintomas e evitar que o paciente chegue numa fase avançada em um curto período de tempo. Ou seja, melhoramos a qualidade de vida, prolongando as fases mais leves e moderadas”, explicou. O tratamento não medicamentoso inclui atividades como fisioterapia, terapia ocupacional, psicoterapia e outras atividades que mantêm o cérebro ativo.

As famílias, por sua vez, também recebem uma orientação por parte dos médicos. “Não é fácil lidar com pacientes que têm Alzheimer. É necessário muita paciência e didática. Existem diversas estratégias que, na hora da consulta, nós passamos para os familiares e cuidadosos”, ressaltou.

Outra orientação importante é que nem toda demência significa Alzheimer. Essa é a mais conhecida forma das demências, mas não a única. É importante que um paciente com a memória comprometida ou mudança de comportamento seja atendido por um médico. É o corpo clínico que será capaz de fazer os exames para diferenciar o tipo de demência, e somente após o diagnóstico se poderá determinar o tratamento correto.

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