Raphaella Sconetto
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A falsa corretora e seu marido, presos por estelionato na semana passada, conseguiram arrecadar cerca de R$500 mil no golpe que aplicaram em São Paulo, em 2011. A informação foi dada por uma vítima que conheceu o casal ainda em São Paulo. Ela falou com exclusividade ao Jornal de Brasília. Na época, Thiago Melo, de 34 anos, era jogador do Esporte Clube Pinheiros e pediu ajuda aos colegas para arrecadar dinheiro para o suposto tratamento de câncer da mulher, Fernanda Fonseca da Cruz, 33 anos.
A mulher preferiu não ser identificada. Ela convivia com o casal e disse que Fernanda e Thiago inventaram até as sessões de quimioterapia e radioterapia da falsa corretora. “Ela raspou o cabelo”, dispara. Mas, a mulher chegou a desconfiar da doença. “Não tinha sintomas e sinais de câncer nela. Comentei com um amigo que estava desconfiada, mas ele ficou bravo comigo”, lembra.
Para tratar Fernanda, os colegas do time de Thiago fizeram uma vaquinha e uma rifa, que ninguém recebeu o prêmio. “Quando questionados, os dois disseram que uma tia dela que foi sorteada e tinha levado uma TV”, comenta a mulher.
Após as suspeitas, a falsa corretora ainda disse que devolveria o dinheiro a todos que ajudaram. “Ela inventou uma historia de um tio muito rico que deixaria uma herança para ela, e que daria o dinheiro para todos”, conta. Mas, a desculpa não colou. “Acabou com seis jogadores na casa deles, ameaçando-os. Foi dai que fugiram no dia seguinte. Deixaram roupas, móveis e eletrodomésticos para trás e nunca mais tinham foram vistos”, completa a mulher.
O time chegou a fazer um boletim de ocorrência, mas o delegado informou que não teria o que fazer. “Desencanamos. Ficamos felizes pela prisão dos dois, mas lamentamos pelo filho pequeno. Esperamos que as novas vítimas resgatem o dinheiro”, finaliza, se referindo ao golpe da falsa corretora em Brasília.
Golpe
Com oito vítimas, a falsa corretora de imóveis presa no DF conseguiu faturar R$ 1 milhão com os golpes. De uma única vítima, ela obteve R$ 400 mil. Outra, após insistir pelo imóvel, chegou a se mudar para residência que acreditou ter comprado.
De acordo com o delegado da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), Marcelo Portela, a maioria das vítimas tinha baixo poder aquisitivo. “Um imóvel é o bem mais valioso que uma pessoa comum pode adquirir. Identificamos vítimas que trabalharam a vida inteira, retiraram o FGTS e perderam todo o dinheiro nessa transação”, destaca o delegado.