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Brasília

Vítimas de falsa corretora pagaram R$ 400 mil em única transação e até moraram em imóvel

Arquivo Geral

30/08/2018 17h29

delegado da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), Marcelo Portela. Kleber Lima/Jornal de Brasília

Raphaella Sconetto
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Com oito vítimas, uma falsa corretora de imóveis presa no DF conseguiu faturar R$ 1 milhão com os golpes. De uma única vítima, ela obteve R$ 400 mil. Outra, após insistir pelo imóvel, chegou a se mudar para residência que acreditou ter comprado. Fernanda Fonseca da Cruz, de 33 anos, e o marido dela, Thiago Melo, de 34 anos, foram detidos na noite de quarta-feira (29), em Águas Claras.

De acordo com o delegado da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), Marcelo Portela, a maioria das vítimas tinha baixo poder aquisitivo. “Um imóvel é o bem mais valioso que uma pessoa comum pode adquirir.  Identificamos vítimas que trabalharam a vida inteira, retiraram o FGTS e perderam todo o dinheiro nessa transação”, destaca o delegado.

A vítima que desembolsou R$ 400 mil, porém, era uma exceção. Ela iria comprar um imóvel de alto padrão. “Era uma residência de mais de R$ 1 milhão. Os R$ 400 mil foram exigidos como sinal”, afirma Portela. 

A outra vítima também depositou o sinal, e, por isso, pressionou para que a chave fosse entregue. “Por ter acesso aos apartamentos, a corretora cedeu a chave. A vítima havia até se mudado, mas o proprietário real não foi informado de que o imóvel havia sido negociado”, completa.

Fernanda atuava desde o fim de 2016. A demora para que as denúncias surgissem se deve ao prestígio da imobiliária a qual a corretora representava. A empresa não teve o nome divulgado por também ser tratada como vítima do golpe.  “Após recebimento do sinal, o contrato não ia para frente. Ela apresentava falsos contratos e sempre ficava iludindo as pessoas. Pedia para que não procurassem a polícia, que não se desesperassem, em decorrência da credibilidade que a imobiliária tem no mercado”, conta o delegado da Corf.

Após denúncias, a empresa fez um processo de auditoria interna, vasculhou os negócios intermediados por Fernanda e descobriu todas as vítimas.

Freelancer

A falsa corretora não tinha vínculo empregatício com a imobiliária, trabalhava apenas como freelancer. “Por isso ela tinha a carteira de clientes e de imóveis à disposição. A imobiliária também foi vítima dessa corretora. Estamos investigando uma possível participação de alguns dos corretores, mas até agora nada foi identificado”, acrescenta Portela.

Ao firmar contrato de trabalho, a estelionatária teria alegado que o número de registro dela no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) estava em processo de transferência do Mato Grosso do Sul para o DF. No entanto, passou a utilizar nos negócios números de registros desativados ou pertencentes a outras pessoas. Fernanda nunca foi, efetivamente, vinculada a qualquer Creci.

De acordo com o delegado, ainda não é possível dizer qual foi o caminho que o dinheiro percorreu. A mulher será indiciada por oito estelionatos, e Thiago, quatro. “Representa a quantidade de transferências feitas para a conta dele”, explica. Além de depósitos bancários, algumas vítimas fizeram o pagamento em dinheiro vivo. Nesses casos, segundo Portela, será mais difícil recuperar as quantias.

Cuidados

O delegado Marcelo Portela dá recomendações para quem está interessado em comprar um imóvel no DF. “Mesmo em imobiliárias conhecidas, peça para conhecer o proprietário do imóvel e que o depósito seja feito na conta dele. Não deposite na conta de intermediários, principalmente se forem valores tão altos”, conclui.

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