Menu
Brasília

“Eu não era responsável por planejamento contra manifestação”, afirma PM acusado de não cumprir plano de segurança no 8 de janeiro

Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra prestou depoimento à CPI da CLDF nesta quinta-feira (21)

Mayra Dias

21/09/2023 14h18

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do DF (CLDF) ouviu, hoje, o coronel da Polícia Militar Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra. Segundo relatório da Polícia Federal, o PM é acusado de não ter cumprido o plano de segurança para impedir os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Na ocasião, ele era chefe interino do Departamento de Operações (DOP) da PMDF.

Paulo José foi um dos alvos da chamada “Operação Incúria”, responsável por prender integrantes da cúpula da PMDF pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e por infringir a Lei Orgânica e o Regimento Interno da PM. Por essa razão, o coronel precisou da autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para prestar depoimento nesta quinta-feira (21), na condição de testemunha. O militar não precisa produzir provas contra si e, portanto, teve o direito de ficar em silêncio durante a oitiva, caso fosse de sua vontade. 

Durante o encontro, o coronel disse que não foi convidado para participar da reunião preparatória para atuação das forças de segurança dos atos antidemocráticos. Em seu depoimento, ele afirmou que não recebeu nenhum documento sobre a reunião convocada pela Subsecretaria de Operações Integradas, da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. “Eu não fui convidado, eu não recebo, respondendo pela chefia, documento chamando para a reunião, não sou incluído no grupo de WhatsApp para tratar das decisões sobre o que estava sendo conversado sobre as manifestações e não recebo ligação da subsecretaria de Operações Integradas, coronel Cíntia. Não recebo nenhuma solicitação dela”, garantiu aos parlamentares. 

O militar contou ainda que a tropa da PMDF ficou de sobreaviso e não de prontidão no dia 8 de janeiro por ordem do então subcomandante-geral, coronel Klepter Rosa. Segundo ele, nos casos de sobreaviso, os PMs podem ficar em casa, podendo ser chamados a qualquer momento, ao contrário da prontidão, onde os militares devem ficar nas unidades policiais à espera de atuação.

Paulo José confirmou ainda que o responsável pelo planejamento da atuação da PMDF na data em questão era o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues. Ele, segundo o depoente, pediu duas companhias operacionais. “Se ele pedisse 10 companhias operacionais, seriam apresentadas 10 companhias operacionais. Ele coloca no ofício que, caso o planejamento mude, o departamento será informado”, declarou o coronel. Ele estava afastado de novembro ao dia 2 de janeiro e conta que, quando voltou ao DOP, não encontrou os coronéis responsáveis pela unidade e foi designado para assumir o departamento. “Estranhei”, compartilhou. 

O depoente compartilhou que foi informado que não cabia a ele, como chefe interino do DOP, a realização do planejamento para o dia 8 de janeiro porque as manifestações, como ele salientou, eram consideradas de “baixo risco”. Como relata Paulo José, os dois representantes que compareceram na reunião Secretaria de Segurança Pública — Leonardo Santos e coronel Casimiro — saíram de lá e disseram que conseguiram bancar operacionalmente as manifestações. “Havia um plano em que a responsabilidade pelo planejamento era do comando da área, regional ou do batalhão”, diz o militar, preso desde agosto. O coronel acrescentou ainda que já havia um planejamento operacional e, neste caso, caberia ao DOP apenas “prover as necessidades de efetivos”. Na avaliação do depoente, se, na reunião do dia 6 de janeiro, tivessem mencionado que a manifestação era de responsabilidade do DOP, nada teria acontecido. 

Paulo José garantiu que, na época, as manifestações eram vistas como de “baixa adesão” e que a SSP não mencionou que elas iam de fato acontecer. vista como de “baixa adesão” e que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) não falou, em nenhum momento, que elas iam de fato acontecer.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado