O delegado da Polícia Federal Cláudio Tusco, cotado para assumir a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, realizou uma doação à campanha do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A doação ocorreu no mesmo dia em que o senador e filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro, publicou nas redes sociais uma campanha para que os apoiadores de Bolsonaro fizessem doações simbólicas de apoio para a campanha de reeleição à presidência de Bolsonaro.
O nome de Tusco surgiu para assumir a Segurança após o ex-secretário e ex-ministro da Justiça Anderson Torres ser exonerado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a conduta de Torres durante os atos antidemocráticos que tomaram a capital foram problemáticas, o que levou Torres à prisão.
No último dia 8, um grupo de contrários ao governo do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) invadiu e destruiu as sedes do Congresso Nacional e do STF e o Palácio do Planalto. Após o ataque, o governo federal decretou intervenção federal na segurança do DF até o dia 31 de janeiro, quando um novo secretário deveria ser indicado.
Tusco tem uma aproximação com o Partido dos Trabalhadores (PT) e com a esquerda. Após o fim da intervenção federal, ficou decidido com a governadora em exercício do DF Celina Leão (PP) que o governo federal ficaria responsável pela indicação do novo secretário.
O delegado realizou a doação via PIX no dia 13 de setembro de 2022. Nenhuma doação em nome de Cláudio Tusco foi encontrada nas contas de Lula.
Resquício de Bolsonaro
Quem também corre por fora na disputa pela cadeira de Secretário de Segurança do DF é o delegado Sandro Avelar. Para quem não sabe, Avelar possui ligações próximas com a cúpula do bolsonarismo e com familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em dezembro de 2021, Sandro Avelar foi nomeado diretor-executivo da Polícia Federal, ainda sob a gestão de Anderson Torres, chegando a atuar como “braço-direito” do então diretor-geral da corporação, Paulo Maiurino. Ele também é próximo a Torres, como ressaltou uma fonte ligada ao comando da Polícia Federal.
Avelar é delegado da Polícia Federal desde 1999, mas já ocupou diversos cargos de gestão na corporação policial e no Ministério da Justiça, como a função de diretor do Sistema Penitenciário Federal.
Em 2006 ele presidiu a ADPF (Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal), ficando na função até abril de 2010 e esta no páreo após a capital da República sofrer uma intervenção federal decretada pelo presidente Lula e aprovada pelo Congresso Nacional decidir novos rumos para a Segurança Pública em Brasília.
Beneficiada pelo Fundo Constitucional, que disponibiliza R$ 15.7 bilhões de recursos da União para serem gastos com Segurança Pública, Saúde e Educação, o Distrito Federal viu as sedes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário serem invadidos por bolsonaristas radicais no dia 8 de janeiro.