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Brasília

Dia de Finados tem pequenas aglomerações em cemitério

Grande fluxo de pessoas gerou algumas concentrações de visitantes, que logo se dissiparam

Vítor Mendonça

02/11/2021 13h04

Foto: Vítor Mendonca/Jornal de Brasília

Sob céu nublado na manhã desta terça-feira (2), os cemitérios do Distrito Federal recebem boa parte do público de 500 mil pessoas esperadas pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus/DF) neste Dia de Finados.

O Campo da Esperança da Asa Sul, apesar das restrições em decorrência da pandemia da covid-19, recebeu muitas pessoas, tendo, na entrada de pedestres, pequenos picos de aglomeração, gerados pela venda de flores e pela quantidade de pessoas que saíam do local ao mesmo tempo. A tenda da missa também concentrou fiéis em alguns pontos durante a cerimônia religiosa, com pouco distanciamento.

Os cemitérios abriram os portões para as visitas típicas do Dia de Finados às 7h e devem mantê-los abertos até as 19h de hoje. A data é celebrada pela igreja católica como um dia dedicado a rezar por entes e amigos falecidos, sendo uma das formas de honrar a memória de quem já partiu. Pela quantidade de pessoas esperadas para o dia, alguns preferiram ir mais cedo.

Clara Demeneck, 25, e Lúcia Helena, 64, escolheram ir ao cemitério por volta das 9h para prestar homenagens aos familiares falecidos. Embora houvesse quantidade considerável de pessoas no local, Clara conta que achou o Campo da Esperança mais vazio hoje, em comparação mesmo com o ano passado, quando as contaminações da pandemia estavam mais ativas.

“Nesse ano acho que está mais vazio por conta do risco de chuva. E as pessoas estão mantendo o padrão dos protocolos de manter distância”, opinou a jovem. Com oito vasos de flores em mãos, Lúcia foi levá-las para honrar a memória do filho e da mãe – esta morreu neste ano por complicações geradas pela covid-19. “Nós somos católicas e hoje é o dia de homenagear aqueles que partiram”, disse.

“A dor ainda é muito recente. Até viemos conversando que todas as vezes que vínhamos com minha mãe, aproveitávamos para planejar o Natal. Mas esse ano ainda não fizemos isso – é o primeiro ano sem minha mãe, não tivemos como fazer isso ainda”, relatou Lúcia.

Para Clara, ir aos túmulos é uma forma de “manter viva a lembrança deles”, que se foram. “Por mais que aqui as flores sejam mais simbólicas, essa é uma forma de manter na memória. É quase uma tradição para nós vir no Dia de Finados e relembrar o que vivemos juntos”, compartilhou. “Precisamos cultivar essa memória, de alguma maneira, viva dentro de nós. Esse é o importante.”

Maria Paiva Rodrigues, 60, também esteve no Campo da Esperança nesta manhã para prestar homenagens ao filho, que faleceu em um acidente de carro em 2004. Para ela, ir ao cemitério Dia de Finados é tradição desde criança, quando a mãe a levava para visitar parentes e amigos. “Sabemos que é uma lembrança que ficou, mas venho todo ano. Mesmo que ele não esteja aqui, entendo que onde ele está, está rogando por nós. Tem 54 anos que eu visito aqui [na Asa Sul] e Taguatinga”, disse.

Ela, por outro lado, achou muito vazio o movimento de pessoas dentro do local, principalmente pelo fato de alguns terem ido ao cemitério ontem, a fim de evitar possíveis aglomerações. “Não acho que seja pela covid-19. Ano passado já era pandemia e estava bem mais cheio do que hoje”, opinou.

Quem preferiu ir ao cemitério na última segunda-feira (1º) para evitar as aglomerações foi Fabrício Silva, 43, que prestou homenagens à mãe, que faleceu aos 76 anos, e à tia, que partiu aos 81. A primeira morreu recentemente, no dia 7 de setembro, devido a complicações de um câncer, agravado pela covid-19 e por uma bactéria.

Não era costume dele ir ao cemitério na época de Finados, mas desta vez fez questão de ir. “Fiquei pensando que no dia 2 teria muita gente, sendo muito complicado, daí tentei passar antes – não queria aglomerar. Mas hoje vi uma quantidade considerável de pessoas, apesar de não serem tantas quanto devem vir amanhã [2]”, pontuou.

“Apesar de tudo o que aconteceu, agradeço muito os últimos momentos que a gente teve; muitas pessoas não têm essa oportunidade. Os irmãos se uniram e fizemos uma força-tarefa para cuidar dela – foi algo impressionante. Uniu a família em um momento difícil. O importante é darmos seguimento aos ensinamentos e o exemplo dela passando por essas duas doenças, em que ela não se queixou de nada. Ela nos ensinou a seguir adiante e levar a vida de forma simples, aproveitando cada momento”, disse.

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