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Brasília

Dia das mães: longe dos olhos, perto do coração

A pandemia e o isolamento social impõem novas formas de parabenizar as mamães pelo seu dia

Pedro Marra

08/05/2020 7h12

O próximo domingo é Dia das Mães, mas a data terá outras formas de celebração por conta do isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus. Com isso, muitos filhos irão passar esse dia especial sem poder abraçar, beijar suas as mães, mas vão poder dizer um “eu te amo” por vídeo.

Esse é o caso da coordenadora de enfermagem do Hospital Brasília, no Lago Sul, Samara Rayani, 29 anos, que trabalha diariamente no combate ao novo coronavírus com uma equipe de quase 140 pessoas. Para evitar o contágio com os parentes, ela não tem se encontrado com os familiares desde o início da pandemia. Mas no domingo, ela pretende tirar um tempo para ver a mãe virtualmente e poder matar um pouco a saudade em meio à rotina de trabalho.

“Eu, como profissional da saúde, entendo a pandemia, fico angustiada, mas prefiro me resguardar neste momento, evitando assim sofrimentos posteriores. Desde que começou a pandemia, decidi me isolar da minha família porque atualmente estou na linha de frente de combate à covid-19. Não será das melhores experiências [estar longe da mãe], mas tentarei demonstrar todo o meu carinho e admiração por ela, com palavras e gestos. Vou estar de plantão no domingo, mas tentarei falar com ela por vídeo”, conta Samara, que mora em Águas Claras com o marido.

Samara acredita que ainda mais nesse momento, o afeto materno é importante. “Quando é um momento de mudança dura de rotina, ele te traz base e força para seguir adiante, sabendo que mesmo distante você tem um aconchego, você tem por que continuar lutando, pois tem alguém que se preocupa com você e que valoriza a sua presença, seja ela física ou por uma vídeo chamada”, emociona-se a enfermeira.

Juntos no isolamento

Irmã de Samara, a administradora Samanta Silva, de 31 anos, é casada e tem dois filhos, mas neste domingo vai ter a felicidade de ter o carinho próximo da mãe. “Como a minha filha mais nova de 11 meses, Bella, é prematura e está no grupo de risco, decidi me juntar aos meus pais para fazer companhia e ajudar no isolamento. Estamos na chácara deles”, conta.

Samanta irá presentear a mãe com um vestido, que virá com uma carta especial. “Conta a história de vida da minha mãe, os momentos mais marcantes. Sua infância, quando perdeu sua a mãe aos 13 anos e foi morar com uma tia que até então não conhecia, a separação dos irmãos. Casamento, nascimento dos filhos, luta contra um câncer de mama e o nascimentos dos netos. O presente é um vestido lindo. A intenção é estimular a vaidade dela nesses dias de isolamento, quando só queremos vestir pijamas”, brinca.

Ela reconhece que será um dia atípico para a família, já que ela não é a única filha. “Somos três filhos. Eu sou a mais velha, a do meio é uma enfermeira e está na luta contra a covid-19, trabalhando e sem poder ver nossos pais há mais de dois meses. O caçula não pode ficar conosco, por causa dos estudos. Então este será o primeiro dia das mães, incompleto, sem a presença dos três filhos dela”, explica.

O caçula é Antônio Júnior da Silva, de 24 anos. Estudante de Publicidade e Propaganda, ele tem ficado em casa enquanto os pais estão isolados na chácara da família para se protegerem de qualquer contágio. “Minha mãe teve câncer de mama, e meu pai, uma cirurgia de coração. Então fiquei aqui para estudar. Nunca passei o Dia das Mães longe da minha mãe. Vou ficar bem chateado por não poder estar perto dela e abraçá-la, porque querendo ou não, é a pessoa mais importante das nossas vidas. Ela pediu a caixa de som para nós, mas eu também estou dando um colar, que é bem especial. Toda vez que ela usar, vai lembrar de mim mesmo estando longe”, comenta o jovem.

Há quem se arrisque

Morador de Samambaia, o policial do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Samambaia, Jaerley de Sousa, 27 anos, pretende passar a data especial na casa da mãe, Maria Claneide, 61 anos, em Ceilândia,contrariando as orientãções de manter distanciamento social. Durante o isolamento, ele alugou uma casa na outra cidade para evitar retornar da rua e ter contato com os pais na antiga residência. Mas neste domingo, ele diz que irá visitar a mãe, mas tomando “tomando as devidas precauções”.

“Decidi mais ou menos o que fiz no meu aniversário algumas semanas atrás. Dei uma passada lá na casa da minha mãe, conversei com ela de máscara, trocando de roupa ao chegar lá com álcool em gel. E agora planejo fazer a mesma coisa, porque moramos perto. Estou morando sozinho, afastado da casa dos meus pais, porque trabalho fora e na rua tendo contato com muita gente. Para deixar os meus pais isolados, estou sozinho para não voltar do serviço para casa. Mas uma data como o Dia das Mães vou passar na casa dela e encontrá-la”, afirma Jaerley.

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