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Brasília

DF registra o 9º feminicídio em 2024

Uma mulher de 45 anos foi encontrada morta dentro da própria casa, em condomínio residencial do Núcleo Rural Ponte Alta Norte, no Gama

Redação Jornal de Brasília

07/08/2024 16h45

Programa Acolher Eles e Elas oferece auxílio financeiro a 79 órfãos do feminicídio | Fotos: Arquivo/ Agência Brasília

Mais um caso de feminicídio ocorreu no DF, nesta terça-feira (6) e com isso, a capital federal registra seu 9º feminicídio de 2024, segundo os dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). Uma mulher de 45 anos foi encontrada morta dentro da própria casa, em condomínio residencial do Núcleo Rural Ponte Alta Norte, no Gama.

A polícia acredita que o homem matou a mulher e depois, tirou a própria vida. Ele também foi encontrado morto no mesmo local. De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o casal passava por “idas e vindas”. Eles não tinham antecedentes criminais e, recentemente, haviam se separado. O caso está sob os cuidados da 20ª Delegacia de Polícia (Gama).

O filho do casal, de 13 anos, foi quem encontrou os corpos. O menino tentou entrar em casa e não conseguiu, com isso, decidiu pedir ajuda aos vizinhos. Quando conseguiu entrar no imóvel, avistou o pai e a mãe já sem vida. Ambas as vítimas tinham sinais de violência produzida por facas. Agora, os policiais tentam descobrir por quanto tempo o casal se relacionava.

De acordo com as informações da PCDF, as mortes teriam ocorrido entre as 16h e as 18h30 desta terça-feira. Em nota, a corporação explicou que por se tratar de uma ocorrência relacionada à violência doméstica ou familiar contra a mulher, o caso ocorre em sigilo, no âmbito da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).

A mulher se chamava Rosemeire Rosa Campos, e o homem, Anderson Cerqueira. Colegas de trabalho e familiares de Rosemeire afirmaram que a mulher já estava dando andamento em um processo de divórcio e que um dia antes do crime, ela denunciou Anderson por supostas ameaças. A PCDF apura as informações.

Outra filha de Rosemeire, uma jovem chamada Caroline Cavalcante, falou sobre o acontecimento nas redes sociais. Em um vídeo, ela desabafou: “Agora, não há mais o que fazer. Eu não sei como vou conviver com essa dor que estou sentindo. Minha mãe foi assassinada da forma mais cruel que existe. Ela não merecia isso”.

Em nota, a Secretaria da Mulher do Distrito Federal (SMDF) lamentou o ocorrido e se solidarizou com os familiares da mulher. “A Pasta informa que o enfrentamento ao feminicídio e à violência doméstica é prioridade da gestão. Como estratégia de prevenção, a SMDF conta com iniciativas e ações voltadas para os crimes de gênero, o fortalecimento dos canais de denúncia e a disseminação de informações”, informou.

A SMDF esclareceu ainda que, em parceria com outras secretarias, o Judiciário e a sociedade civil, tem trabalhado na criação e regulamentação de leis que visam o acolhimento de vítimas e de órfãos de feminicídios. Além disso, mantém ao longo de todo o ano programas e projetos para conscientização, educação e prevenção à cultura de violência contra as mulheres.

O feminicídio, qualificado pela Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015, é o crime praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, ou seja, misoginia e menosprezo pela condição feminina ou discriminação de gênero. Na maior parte dos casos, o feminicídio geralmente é resultado de violências sofridas anteriormente.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mais de 50 mil brasileiras sofrem algum tipo de agressão todos os dias. Além disso, houve um aumento no número de vítimas que procuram as delegacias para denunciar abusos, que passou de 11,8% em 2021, para 14% em 2023.

Como buscar ajuda

No Distrito Federal, existem diversos equipamentos públicos que prestam apoio e assistência para mulheres em situação de vulnerabilidade. O Centro Especializado em Saúde da Mulher (Cesmu), por exemplo, fica na quadra 514/515 da Asa Sul, e conta com especialidades médicas e não médicas voltadas à mulher, além de serviço de apoio às vítimas de violência.

Em Ceilândia, na QNM 2, e na Asa Sul, na EQS 204/205, a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) fica aberta 24 horas e atua na prevenção, proteção, investigação de crimes, registro de ocorrências, apuração de fatos e solicitação de medidas protetivas.

Também na Ceilândia, a Casa da Mulher Brasileira (CMB), na CNM 1, atende todas as mulheres que procuram por um atendimento humanizado, estando ou não em situação de violência. O local tem espaço para mulheres com risco iminente, atendimento psicossocial com equipe multidisciplinar e programas de capacitação, no formato presencial ou online.

“Em breve, serão inauguradas quatro unidades da Casa da Mulher Brasileira (CMB) para atender as populações de São Sebastião, Recanto das Emas, Sobradinho II e Sol Nascente. Nos espaços, as vítimas receberão acolhimento e terão acesso a cursos profissionalizantes e de capacitação. Já há uma unidade da CMB em funcionamento, em Ceilândia, e outros 15 espaços de atendimento às mulheres”, destacou a SMDF.

A rede de enfrentamento à violência contra a mulher conta ainda com o apoio da Defensoria Pública do DF, dos Centros de Atendimentos à Mulher (CEAM), do Núcleo de Atendimento à Família e Autores de Violência Doméstica (Nafavd), dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), da Casa Abrigo, da Unidade Móvel e da Ouvidoria do GDF.Morte no Gama

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