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Brasília

Desaparecida, testemunha de morte de jornalista foi levada da cena do crime

Arquivo Geral

28/07/2016 17h25

Reprodução/Facebook

Manuela Rolim
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Minutos depois de matar o jornalista João Miranda do Carmo, 54 anos, dentro de casa, os autores do crime fizeram outra vítima próximo ao local, em Santo Antônio do Descoberto (GO), no último domingo. Segundo a Polícia Civil, após testemunhar o assassinato, uma pessoa que passava pela rua foi raptada pelos suspeitos, entre eles, o chefe de segurança da prefeitura da cidade, Douglas de Morais, 40, que foi preso na tarde da quarta-feira passada.

A testemunha permanece desaparecida, informou o delegado- chefe Pablo Batista. “Eles a teriam abordado, pressionado contra o carro e atirado. Em seguida, teriam colocado dentro do veículo e fugido. Não sabemos se está morta. Até agora, ninguém registrou ocorrência de desaparecimento em Goiás e também no DF”, detalhou.

As informações chegaram à polícia depois do depoimento de uma segunda testemunha, que presenciou os dois casos. De acordo com o delegado, ela contou que Douglas era o condutor do Fiat Palio vermelho que parou em frente ao portão de João Miranda momentos antes dos disparos contra ele.

Um segundo homem estaria no carro e seria o autor dos tiros contra o jornalista – e, posteriormente, contra a testemunha. “Não confirmamos a informação de que eram quatro dentro do veículo. Os depoimentos dão conta de apenas dois”, completou.

O chefe de segurança foi detido na residência da mãe, no Parque Santo Antônio. A prisão é preventiva por 30 dias, mas pode ser prorrogada por mais um mês, por ser crime hediondo.
“Fizemos campana e conseguimos detê-lo. Ele negou tudo. Inclusive, afirmou que não tinha uma relação de proximidade com o prefeito. Além disso, ao contrário do que estão alegando, ele se disse amigo do jornalista e da família dele”, contou Batista.

Douglas tentou se defender, destacou o delegado. “Ele disse que estava com a irmã no momento em que o repórter morreu, mas não nos mostrou nada que comprovasse isso. Na casa da mãe, não encontramos armas nem provas”, acrescentou. Ontem, ele já dormiu no presídio, o mesmo em que está o irmão dele, acusado de homicídio.

Motivação política investigada

Douglas de Morais foi questionado sobre a reação do prefeito Itamar Lemes do Prado diante das publicações de João Miranda. No portal S.A.D. Sem Censura, o jornalista trazia à tona irregularidades da região. “Ele desconversou. Disse que não era amigo do político. Mas as investigações ainda estão no início, não descartamos nenhuma possibilidade. Pode ter sido crime político ou vingança por tudo o que já foi denunciado pelo jornalista”, disse.

Não por acaso foi decretada a prisão preventiva do suspeito. ” Além de acreditarmos, sim, que ele (Douglas) tenha responsabilidade, a prisão ajuda as investigações. Possibilita que a polícia corra atrás de provas sem perda de informação. Ainda há suspeito para ser identificado. O depoimento da testemunha foi muito rico em detalhes”, afirmou.

Em nota, a Prefeitura de Santo Antônio do Descoberto (GO) informou que expediu, ontem, o decreto de exoneração de Douglas Morais do cargo de assessor técnico do Departamento de Vigilância Patrimonial. O texto diz ainda que Douglas foi conselheiro tutelar, eleito em 2010.
“O prefeito continua cobrando publicamente das autoridades competentes que solucionem o mais rápido possível o inquérito e que os culpados sejam punidos no rigor da lei”, completou o documento.

A assessoria de comunicação da prefeitura declarou que o chefe do Executivo “repudia com veemência as insinuações irresponsáveis” sobre a existência de possíveis motivações políticas para o ocorrido, devido ao fato de a vítima ser da oposição: “Como todo político, o prefeito declara ter adversários, mas não inimigos. O prefeito espera que os atores políticos locais ajam com prudência, responsabilidade e equilíbrio, e não utilizem um fato tão grave para se promover”.

Saiba mais

O Fiat Palio vermelho utilizado no dia do crime não foi encontrado pela polícia. Quando foi detido, Douglas de Morais estava com um veículo prata, do irmão.

João Miranda do Carmo estava sozinho em casa quando levou vários tiros pelo corpo, no bairro Morada Nobre. No total, foram 22 disparos, segundo laudo apresentado pela filha do comunicador – sete teriam acertado a vítima.

Recentemente, Miranda publicou que uma grávida, de 20 anos, morreu com tiros no rosto no município. Além disso, noticiou a prisão do irmão de Douglas e um vídeo em que o prefeito aparece pagando uma funcionária.

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