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Brasília

CPI: Hacker que deu origem a “Vaza-jato” depõe por videoconferência na CLDF 

Walter Delgatti afirmou ter provas que incriminam a deputada Carla Zambelli e confirmou ter se encontrado com Bolsonaro

Redação Jornal de Brasília

14/09/2023 13h58

Brasília (DF) 17/08/2023 Depoimento do Hacker, Walter Delgatti Neto, na CPMI do golpe. Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Mayra Dias
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Apesar de estar preso em um presídio de Araraquara, no interior de São Paulo, o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por ter dado origem à chamada Vaza-Jato, foi ouvido, nesta quinta-feira (14), pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa Do Distrito Federal (CLDF). O depoente prestou esclarecimentos por videoconferência após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, deferir um despacho na noite de quarta-feira (13/9) determinando que ele falasse. 

O hacker foi preso em 2 de agosto, nos desdobramentos da investigação que apura a inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), incluindo um mandado de prisão falso contra Moraes. O caso também inclui possíveis ligações entre Delgatti e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). 

No encontro desta quinta-feira, o depoente disse que tem uma conversa com Carla Zambelli na qual a parlamentar confessa que foi responsável pelo texto falso de prisão de Alexandre de Moraes. Este, por sua vez, inserido após invasão no sistema do CNJ. “Existe uma conversa minha com a Carla, que ainda não saiu na mídia, em que ela confessa que realmente foi ela”, garantiu Delgatti. Segundo ele, Carla ainda teria lhe prometido um emprego, além de ter pago R$ 40 mil como “ajuda de custo”. 

Após ser questionado pelo deputado Hermeto (MDB), se ele poderia compartilhar essa conversa com a Comissão, o hacker informou que conversaria com o advogado e responderia depois, mas que estava esperando um “momento oportuno” para usá-la. 

Encontro com Bolsonaro

Walter Delgatti também falou sobre o encontro que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio da Alvorada para debater o plano de invasão das urnas eletrônicas. De acordo com ele, Bolsonaro teria dito que o hacker seria quem salvaria “a liberdade do povo” e disse ainda que havia um plano de “implantar o comunismo no Brasil’ e que “a China teria territórios aqui”. Todos, planos elaborados por parte da esquerda.

Nas palavras do depoente, Jair Bolsonaro “elogiou o que eu tinha feito com a Lava Jato, e disse que eu tinha uma missão, que seria salvar a liberdade do povo. Então, tendo acesso [às urnas eletrônicas] e mostrando ao povo [a fragilidade do sistema] seria a liberdade do Brasil”, disse o hacker aos deputados, confirmando que o ex-presidente da República “sabia e solicitou” a invasão ao sistema do Conselho para inserção de documentos falsos, e garantindo que Bolsonaro afirmou que o procurador-geral da República, Augusto Aras, era “de confiança” e que havia acabado com a Operação Lava Jato. 

De forma consistente, ele reafirmou o que relatou na CPI mista do 8/1, do Congresso Nacional, sobre reuniões no Ministério da Defesa, garantindo que esteve no órgão por cinco vezes para tratar de informações sobre supostas fragilidades das urnas eletrônicas. Segundo Walter, “eram reuniões em que eu dava dicas de como esconder o código, de como fazer o teste. Exemplo: se tivesse algoritmo no código, [explicava] como escapar dele. Porque, a vida toda, fui eu quem criava isso. Então, era muito mais fácil eu fazer o laudo com teste do que eles que aprenderam na faculdade”.

Ao final da reunião, Chico Vigilante (PT), que presidia a Comissão, disse que as falas de Delgatti serviram para confirmar “a participação do ex-presidente na preparação dos atos golpistas”. Na avaliação do deputado, os atos antidemocráticos de 12 de dezembro e de 8 de janeiro aconteceram porque houve uma conspiração antes. “Agora, podemos afirmar, definitivamente, que o grande responsável por tudo isso chama-se Jair Bolsonaro”, salientou o petista. 

Concordando com Vigilante, Fábio Felix (PSol) pontuou que o depoimento de hoje comprovou que o ex-presidente foi o “mentor intelectual” do plano de descredibilização das urnas. “Isso ficou claro porque ele [o ex-presidente] recebeu Delgatti no Palácio da Alvorada”, disse o deputado. 

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