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Brasília

CPI: Distritais ouvem o general Carlos José Russo Assumpção Penteado, ex-secretário executivo do GSI

Como garantiu o depoente, se tivesse recebido as informações, a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada

Redação Jornal de Brasília

04/09/2023 18h24

Foto; Rodrigo Fonseca/CMC

Em decorrência do feriado de 7 de setembro, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) ouviu, nesta segunda-feira (4), o general Carlos José Russo Assumpção Penteado, ex-secretário executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O oficial ocupava o cargo no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro deste ano, e era responsável pela segurança dos palácios presidenciais. 

Penteado foi convocado devido à declarações de integrantes do GSI que afirmaram terem recebido ordens do general para que os invasores fossem retirados do Palácio do Planalto sem serem presos. Carlos José Penteado foi exonerado do cargo que ocupava como número 2 do GSI desde julho de 2021, quando a pasta era comandada pelo general Augusto Heleno, em janeiro deste ano, sendo substituído pelo também general Ricardo José Nigri.

A CPI dos Atos Antidemocráticos também já ouviu o ex-ministro chefe do GSI, Gonçalves Dias, e, em seu depoimento, ele afirmou que não sabia o motivo do bloqueio em frente ao Palácio do Planalto, que deveria ter sido composto pela Polícia Militar, não estar montado no dia dos ataques. G. Dias declarou ainda que o general Penteado não soube explicar o que aconteceu. 

No encontro desta segunda-feira com os parlamentares, Penteado afirmou que Gonçalves Dias “reteve” informações enviadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. “Todas as ações conduzidas pelo GSI no dia 8 de janeiro estão diretamente relacionadas a retenção pelo ministro G Dias dos alertas produzidos pela Abin, que não foram disponibilizados oportunamente para que fossem acionados todos os meios do plano escudo”, disse o militar. 

Como garantiu o depoente, se tivesse recebido as informações, a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada. “Se a a Coordenação de Análise de Risco tivesse acesso ao teor dos alertas encaminhados ao general Gonçalves Dias pelo diretor da Abin, as ações previstas pelo plano escudo teriam impedido a invasão do Palácio do Planalto”, pontuou. Segundo ele, o “plano escudo” funciona de forma preventiva, a partir das informações que o GSI recebe previamente a um evento ou manifestação. 

Na ocasião, Penteado salientou ainda que ocorreu “falha no fluxo de informações”, na data dos ataques em Brasília. “Trabalhamos com sensores, aqueles que vão adquirir as informações, era feito pela Abin. [Os] decisores, à medida que vão recebendo, decidem e mandam para os atuadores. Tivemos uma quebra nesse fluxo de informação e isso levou a um planejamento do plano escudo abaixo do que se identificou”, declarou aos distritais. 

Conforme relatou, sua equipe sabia apenas que haveria uma “manifestação pacífica, de baixa intensidade e restrita ao Setor Militar Urbano (SMU)”, onde ficava o acampamento de bolsonaristas. 

Em seu depoimento, Penteado afirmou ainda que permaneceu no cargo de secretário-executivo à pedido de G. Dias. 

“Fui agredido”

O ex número 2 do GSI também disse que a manifestação do 8 de Janeiro foi “muito violenta” e contou que foi agredido. “Era uma manifestação muito violenta. […] Tivemos gente que nos agrediu naquele dia, eu fui agredido, mas, graças aà proteção dos soldados, não fomos atingidos por pedras, extintores, cadeiras e tudo mais”, relatou à Comissão. 

No entanto, Penteado ressaltou que nem todos os manifestantes eram violentos, e que muita gente permaneceu na Esplanada, na Praça dos Três Poderes. “Tínhamos manifestantes extremamente violentos, tínhamos gente que permaneceu no centro da Esplanada, tivemos gente que estava na Praça dos Três Poderes e tivemos quem invadiu Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo”, disse. 

Ele afirmou ainda que que “não há a mínima possibilidade de um integrante do Gabinete de Segurança Institucional sabotar qualquer autoridade desta República”. “Os militares que ali estão têm plena consciência do dever funcional. Somos servidores do Estado, servimos a nação brasileira”, argumentou.

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