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Brasília

Combate a incêndio no Parque Nacional seguirá pela madrugada

Pontos quentes continuaram a queimar de forma subterrânea nesta terça-feira (17)

Vítor Mendonça

17/09/2024 23h11

Fumaça no Parque Nacional de Brasília é causada por pontos quentes e fogo subterrâneo. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Apesar de ter sido controlado, o incêndio no Parque Nacional de Brasília continuou a queimar de forma subterrânea. O combate, portanto, permanecerá ao longo de toda a madrugada dessa quarta-feira (18). O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) aproveitará a queda na temperatura e o aumento da umidade relativa do ar para resfriar a área que ainda possui pontos quentes, onde novos focos podem surgir.

Não há previsão de fim das ações. “Infelizmente não é possível prever pela mudança de temperatura e do vento, que são fatores críticos. Mas só de não ter expandido, isso é bastante favorável”, afirmou o tenente-coronel Rangel, do CBMDF. Foram cerca de 2,4 mil hectares queimados dentro da reserva, o que equivale a aproximadamente 2.400 campos de futebol, trazendo prejuízos para a vegetação nativa.

A corporação destaca que 640 militares atuaram nas áreas com foco de incêndio subterrâneo ao longo do dia desta terça-feira (17) para evitar que novas fagulhas provocassem uma reignição do fogo na reserva florestal do Cerrado. Outros 50 brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e 10 do Prevfogo (ligado ao Ibama) compuseram a equipe de combate, somando 700 pessoas envolvidas no esforço.

O foco das ações de combate aconteceram em dois pontos quentes na região do Bananal, na mata de galeria – caracterizada por ser mais densa e próxima a cursos d’água, como o próprio Córrego Bananal. Esses pontos geram muita fumaça e podem crescer diante da queda de umidade e aumento da temperatura. Durante o alerta amarelo emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) nesta tarde, a umidade relativa do ar caiu de 55% para menos de 30% entre 10h e 13h na área central de Brasília. O ar é considerado insalubre na capital.

“O incêndio na mata de galeria acontece em profundidade, e isso dificulta o acesso. Temos que revirar o local [com enxadas, por exemplo]. Mas nós temos cinco bombas d’água no local [puxando água do Córrego Bananal], temos carros pipa do Exército também. Nossa logística foi bastante favorável”, destacou o coronel sobre as ações desta tarde. Além da ação em solo, houve o apoio aéreo da Polícia Militar (PMDF), de um helicóptero do CBMDF e de aeronaves de combate ao fogo.

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Helicóptero do CBMDF levanta voo no fim desta terça-feira (17) para monitorar áreas atingidas pelo incêndio. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Combate

A situação no terceiro dia de combate foi considerada muito mais favorável para as equipes, segundo a chefe do Parque Nacional de Brasília, Larissa Diehl. Pelo monitoramento do CBMDF, a operação é considerada exitosa, uma vez que o fogo não se alastrou para outras áreas da reserva nesta terça-feira.

De acordo com João Morita, coordenador de Manejo Integrado do Fogo, do ICMBio, o trabalho realizado foi importante para garantir que novos focos não surgissem. Não houve resgate ou encaminhamento de animais. A área atingida, ainda que expressiva, representa pouco mais de 5% de toda a reserva, que conta com 42 hectares. Portanto, segundo João, a rota de fuga de animais é favorável devido à extensão da reserva. O ICMBio informa que não está recebendo doação de alimentos para animais silvestres.

A recuperação do bioma nas áreas queimadas ainda é difícil de ser estimada, mas o trabalho será intensivo para ajudar a reserva a regenerar as perdas. “O Cerrado tem uma resiliência e se recupera mais rápido, mas as matas de galeria sofrem mais, porque são árvores maiores e demoram mais tempo para crescer. O tempo de recuperação é mais lento”, disse.

“A recorrência de incêndios é muito ruim. A mata já foi danificada e, com mais fogo nos próximos anos, vai ser mais danificada ainda. A primeira ação é proteger de novos incêndios”, afirmou João.

Crime

A Polícia Federal está investigando a origem do fogo na região e tenta apurar se as chamas na floresta iniciaram de maneira criminosa, com o dolo de atingir a vegetação nativa da reserva.

João Morita ressalta que a ação humana é a única responsável pelos incêndios, uma vez que o fogo por causas naturais acontece em decorrência de raios – o que não é possível no atual cenário da capital, com 147 dias sem chuva e sem nuvens. Outro cenário seria por algum acidente com energia elétrica, o que também é improvável que aconteça com tamanha frequência.

Por este motivo, o CBMDF ressalta a importância de não utilizar fogo em nenhuma circunstância nesta época do ano, seja para queimar uma área pequena de lixo, seja para limpar algum terreno. A simples fagulha de um incêndio pode ser levada pelo vento e iniciar queimadas de grandes proporções.

Nesta terça-feira, o CBMDF combateu 61 focos de incêndio em todo o DF. Em um deles, que ocorreu no Parque Burle Marx, próximo ao Noroeste e ao fim da Asa Norte, há suspeita de que o início das chamas tenha sido causado por um homem de 19 anos, que foi encontrado pela PMDF portando uma garrafa e um galão com gasolina nas proximidades do parque. Ele foi encaminhado à 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte).

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