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Brasília

Com produção de mel cada vez mais robusta, apicultura cresce no DF

Arquivo Geral

13/08/2018 7h17

Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

João Paulo Mariano
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Tem gente que se apavora só de ouvir o zumbido de uma abelha. O servidor público Luís Lustosa, 62, era assim. Com uma alergia que já causou graves crises no decorrer da vida, descobriu há pouco tempo que esses insetos não são aliados apenas da natureza, mas também dos homens. Ele foi além, tornando-se criador de abelhas para aproveitar o mel que elas produzem. Luís é um dos mais de 2 mil apicultores da capital.

A produção de mel no DF se torna cada vez mais robusta. Estimativas das associações locais mostram que são produzidos mais de 14 mil toneladas de mel apis e meliponas anualmente – bom número para os parâmetros locais.

Ao contrário do que muitos pensam, nem toda abelha oferece perigo. Existem aquelas que têm o ferrão atrofiado (ou nem os têm). Com essas, é possível ter uma criação em casa. Qualquer um, aliás, pode ter uma colmeia para chamar de sua e usufruir do mel.

As abelhas citadas logo acima são as meliponas, que, ao contrário da espécie apis, não apresentam ferrão. Outro fato interessante é que elas são originais do Brasil – que comporta 300 espécies endêmicas diferentes. As da outra família foram trazidas da África ou da Europa há alguns séculos e se reproduziram aos montes por aqui.

Foi pela família melipona que Luís Lustosa se apaixonou há três anos. “Apareceu uma colmeia no quintal da minha filha. Eu tirei e levei para um especialista, que me falou da ausência do ferrão. Achei diferente e comecei a pesquisar”, lembra o criador, que transformou o medo de abelhas em mais que um simples hobby.

Luís se tornou presidente da Associação dos Meliponicultores do Distrito Federal (AMeDF) e, hoje, dá cursos sobre a assunto. Além disso, se vinculou ao UniCEUB para uma pesquisa com esses insetos. A intenção é tentar fazer com que as criações de meliponas e apis cresçam cada vez mais na cidade. Se depender da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), isso vai ocorrer com mais força, tecnologia e criatividade.

“Estamos em um momento de recuperação e repovoação de APPs. Isso pode viabilizar uma melhora na apicultura, pois há produção de mais flores e, assim, mais néctar para as abelhas”, diz o extensionista da Emater-DF, Névio Gonçalves Guimarães. Para ele, o papel da abelha é importantíssimo para o meio ambiente. “A polinização feita pelas abelhas é única. Em vários casos, ela representa 80% da polinização das sementes. Não há tecnologia de polinização que suporte a produção de alimentos da atualidade. Sem elas, não dá”.

Com as criações dos animais e a produção de mel se alastrando, a fiscalização precisa aumentar. Segundo o responsável pela Diretoria de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal e Animal (Dipova) da Secretaria de Agricultura (Seagri), Athaualpa Nazareth, as inspeções são feitas em todo o DF e nos vários setores da cadeia produtiva – criação, manipulação e venda.

Quem quiser vender o produto no DF, precisa apenas da autorização da Dipova. Para ser revendido para fora, precisa ter carimbo do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). As ações da Seagri ocorrem após denúncias ou por meio das rondas feitas, costumeiramente, pela instituição. O Luís Lustosa explica, em vídeo, como é possível identificar a procedência do mel.

No quintal de casa

Quem já se imaginou ficar no quintal de sua casa e estar envolto de centenas de abelhas dos mais variados tamanhos e espécies? Pode até parecer assustador – e agoniante – em um primeiro momento, mas para o servidor público Luís Lustosa é uma situação comum.

As abelhas têm até uma plantação só para elas pegarem o néctar das flores, na casa da sogra de Luís, no Cruzeiro Velho. Tem babosa, funcho, erva cidreira e outras plantas que fazem as pequenas crescerem fortes.

“Quando eu vi que poderia ter mel na minha casa com uma abelha sem ferrão, fiquei louco”, conta o servidor. Após fazer o treinamento necessário e comprar as caixas para os insetos ficarem, ele começou a aumentar sua criação. As abelhas não ficam presas em uma gaiola, como muitos podem imaginar. Elas ficam em caixas abertas com a liberdade de ir e vir.

Os gastos para iniciar uma criação de abelhas pode variar de R$ 100 a R$ 700, a depender da quantidade de insetos.
As vantagens são ajudar a natureza e obter o mel produzido pelas mesmas. A manutenção não é tão complicada, pois as abelhas são bem independentes da atividade humana.

Uma melipona produz menos mel que uma apis, por exemplo. Enquanto uma colmeia da primeira rende 40 kg por ano, a segunda faz somente 5 kg. Porém, Luís garante o mel de melipona é mais saboroso e nutritivo. Para ter certeza que o produto comprado é de qualidade, o meliponicutor sugere que se compre o insumo dos próprios produtores, pois é mais fácil de conferir a veracidade do mel.

Saiba mais

Segundo o Corpo de Bombeiros, os ataques de abelhas ficam mais comuns nessa época do ano devido à seca e às queimadas, que obrigam as colmeias a mudarem de lugar.

E explica que, se aparecer uma abelha em sua casa, não dá para começar a criá-la sem ter certeza de que não oferece nenhum risco a você ou aos vizinhos.

A Associação dos Meliponicultores do Distrito Federal (AMeDF) disponibiliza o serviço de resgate de abelhas. Os contatos são 9 9363-8801 (Anselmo), 9 8173-4719 (Bruno), 9 8176-5588 (Vinicius), 9 9985-3345 (Leonel) e 9 8133-9110 (Luís Lustosa). E eles também vendem o mel.

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