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Brasília

Com as chuvas de fevereiro, Reservatório de Santa Maria atinge 100% do volume útil

O segundo mais importante manancial da capital é responsável pelo abastecimento de 27% do DF

Mayra Dias

16/02/2022 17h23

Foto: Divulgação/Adasa

As chuvas de verão chegaram e, junto a elas, boas notícias. Esta semana, o Reservatório de Santa Maria atingiu 100% do seu volume útil. O manancial, junto com o do Descoberto, abastece a maior parte das regiões do Distrito Federal. O sistema é responsável pelo abastecimento de 27% das regiões da capital, e possui um espelho d’água de 7,65 Km² e uma área de drenagem de 101 Km2. O evento, desta forma, ocorre um ano após o primeiro transbordamento de 2021, momento em que o reservatório alcançou 1.072 metros, o que corresponde a 61,31 milhões de metros cúbicos de água.

Localizado no Parque Nacional de Brasília, Santa Maria é o segundo mais importante manancial da capital, junto com o reservatório do Descoberto e com o lago Paranoá. Ele integra o sistema Torto/Santa Maria, que abastece cerca de 19% da população de Brasília, enquanto o reservatório do Descoberto abastece cerca de 64% da população do DF. O reservatório de Santa Maria atende, de forma integrada com as demais captações do Sistema, as localidades de Brasília, Lago Norte e Sul, Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Jardim Botânico, Itapuã, Paranoá e Taquari. Se tratando das regiões do Guará I e II, Colônia Agrícola Águas Claras, Colônia Agrícola Bernardo Sayão, Lúcio Costa, Park Way (Quadras 01 a 05), Núcleo Bandeirante, Candangolândia e, zona baixa de Águas Claras, estas podem ser abastecidas pelo Sistema Descoberto ou pelo Sistema Torto/ Santa Maria/ Bananal.

Já o Lago Paranoá é um reservatório de usos múltiplos, cuja operação é acompanhada pelos níveis altimétricos. “Um reservatório é uma estrutura construída, geralmente em rios, lagos e lagoas, para acumular a água disponível nos períodos chuvosos e compensar as deficiências nos períodos de estiagem”, explica Lôide Angelini Sobrinha, especialista em engenharia hidráulica e saneamento. Como ela pontua, os reservatórios podem ser utilizados para abastecimento de água para consumo humano, irrigação, geração de energia elétrica, controle de cheias e para fins industriais.

O Santa Maria é operado pela Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), que segue as condições definidas pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa), a partir de dados de previsões climáticas, dos níveis anteriores do reservatório, das vazões outorgadas à Caesb para captação, e das vazões observadas nos principais afluentes do reservatório. Assim como os demais, o reservatório é formado por meio de barragem implantada no curso de água e de dispositivos de controle de fluxo. “Barragem é a estrutura construída na seção transversal do corpo de água para prover o acúmulo de água”, desenvolve a engenheira.

Entendendo um reservatório

O funcionamento, como ilustra a profissional, não é muito complexo. A água do corpo de água (rio, lago ou lagoa) é represada pela barragem, formando um lago com volume e nível de água suficientes para o aproveitamento. “A montante do barramento, antes da barragem, são colocadas as tomadas de água para captação, que encaminham as águas, por meio de adutoras, até as estações de tratamento e, após tratada, até o consumidor final”, diz.

Em períodos de chuvas intensas, como salienta Lôide, o reservatório atinge o nível máximo de operação e pode chegar a um nível superior ao máximo (nível máximo maximorum) por um curto período. “Os volumes que ultrapassam os níveis de água aproveitáveis são extravasados pelo vertedor”, acrescentou. “Vertedor é um dispositivo utilizado para verter a água excedente e manter o reservatório na faixa de operação”, pondera.

A Adasa atua no monitoramento da bacia hidrográfica e na fiscalização das atividades da concessionária de água. Para isso, a Agência monitora os principais afluentes do reservatório Santa Maria, o seu volume útil, a vazão do rio após o reservatório, e as vazões efetivamente captadas pela Caesb para abastecimento da população. A Agência também monitora as condições de qualidade da água.

Atingir todo o volume útil: Bom ou ruim?

Além dos bons índices pluviométricos, o uso consciente dos recursos hídricos é fundamental para que os reservatórios do DF operem com sua capacidade máxima, contribuindo para a segurança hídrica e para os diversos usos da água. Volume útil, como aclara Lôide, corresponde ao volume de água aproveitável. “É a parcela que pode ser efetivamente utilizada. Corresponde à diferença entre o volume máximo e o volume morto”, esclareceu a profissional.
Conforme destaca a perita, visto que os reservatórios são projetados para compensar a falta de chuvas nos períodos de estiagem, o abastecimento deve ser garantido durante todo o ano. “Entretanto, em períodos de estiagens longas o reservatório passa a operar com níveis mínimos de água ou com níveis abaixo do mínimo, onde encontra-se o volume morto”, expõe. Quando o reservatório atinge 100% do seu volume útil, a insegurança no abastecimento de água passa a ser importante. “Pois caso o período de estiagem seja prolongado o reservatório terá que operar com o volume morto, comprometendo o sistema de abastecimento”, argumentou Lôide Angelini.

Para esclarecer, a profissional relembra que um dos parâmetros de projeto dos reservatórios é o consumo de água da população a ser atendida. “Que é praticamente constante durante o inverno (menor consumo) e o verão (maior consumo) e, como os reservatórios são alimentados por chuvas, nos períodos de extrema estiagem o volume consumido pela população supera o volume útil disponível, gerando a insegurança do abastecimento”, completou.

Como informa a Adasa, como ainda estamos no período chuvoso, a tendência é que haja a manutenção do volume útil do reservatório em patamares máximos, com a ocorrência de vertimento de forma segura e controlada.

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