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Brasília

Caso Felipe: Polícia Civil divulga imagens de dois suspeitos

Uma pessoa foi presa até então. Outros dois suspeitos e quatro menores de idade são procurados

Willian Matos

11/11/2019 14h25

Willian Matos
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A Polícia Civil do DF (PCDF) divulgou, nesta segunda-feira (11), imagens de dois dos suspeitos de esfaquearem Felipe Augusto Correia Milanez, 23 anos, motivados por homofobia. O crime aconteceu no dia 7 de outubro, na Rua do Lago, em Brazlândia.

Na última sexta-feira (8), um terceiro suspeito já havia sido preso. Gustavo de Sousa Marreiro, 19 anos, é um dos — pelo menos — 12 acusados por Felipe de terem cometido o crime.

Agora, a polícia procura Jean Lima da Silva, 20, e Rickelmy Martins Batista de Carvalho, 18 (foto em destaque). Outros quatro menores de idade supostamente envolvidos no crime são procurados pela Delegacia da Criança e do Adolescente II (Ceilândia). Para a Polícia Civil, um adolescente de 15 anos de idade teria dado o primeiro golpe de faca em Felipe no dia da barbárie.

Ao todo, sete suspeitos foram identificadas até então. No entanto, a Polícia Civil trabalha com a hipótese de que havia de 12 a 14 agressores no dia do crime.

Rusga por conta de cachorro

O delegado da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), Anderson Cavichioli, que cuida do caso, revelou que a hostilidade do grupo de agressores contra Felipe começou um dia antes, na mesma Rua do Lago, ponto turístico da cidade. “No dia anterior, a vítima estava com um grupo de amigos no lago. Havia dois cachorros pertencentes aos agressores, e os animais começaram a brigar próximo aos amigos da vítima. Um deles amigos foi separar os cachorros e fez um empurrão com o pé. Neste momento, alguns dos agressores já estranharam e começaram a provocar o grupo de amigos da vítima”, explicou Cavichioli. Segundo o delegado, neste dia não houve nenhuma agressão física, mas os suspeitos já praticaram os primeiros atos de homofobia contra Felipe, com insultos e xingamentos.

Delegado Anderson Cavichioli, da 18ª DP, que cuida do caso. Foto: Reprodução

O dia seguinte, 7 de outubro, ocorreu a agressão, como explica o delegado. “No dia seguinte, ambos os estavam no lago de Brazlândia, e eles [Felipe e amigos] encontraram três indivíduos do grupo de agressores — um menor de idade, um maior e outro não identificado. Daí, o menor começou a provocar a vítima, fazendo referência à orientação sexual. Ele teria perguntado ‘você sabe quem é meu pai?’ Felipe respondeu: ‘não sei’ e virou de costas”, relatou.

Logo após Felipe virar de costas, o menor teria dado o primeiro golpe de faca. Depois, os mais de 10 agressores revezaram a arma branca entre si para golpear a vítima, fora socos, chutes e xingamentos homofóbicos. Um amigo de Felipe, identificado como Leandro, tentou defendê-lo, mas também acabou agredido.

Gustavo Marreiro, preso na sexta (8), alegou à polícia que entrou na agressão para proteger o amigo menor de idade. “Negou que tenha cometido homofobia, embora ele tenha descrito que, durante as agressões, o grupo dizia ‘olha, é viado’, fazendo referência pejorativa à orientação sexual da vítima”, contou o delegado.

Felipe foi orientado a sair do DF, deixando família e estudos, por segurança. Foto: arquivo pessoal

“Gangue do Lago”

Alguns moradores de Brazlândia afirmam que o grupo de agressores se intitula “Gangue do Lago”. Há boatos de que eles estariam fazendo outras vítimas que frequentam a Rua do Lago, e que no dia anterior à tentativa de homicídio contra Felipe, uma vítima teria sido até jogada na água do lago pelos suspeitos.

O delegado afirma que não foram registradas ocorrências a respeito. No entanto, ele confirma que os suspeitos costumavam andar armados pela região. “Como ele [Gustavo Marreiro, preso na sexta] pertence a um grupo e há algumas rivalidades na região, alguns deles costumam andar armados”, afirma Cavichioli.

Buscas

Mais de um mês depois do crime, apenas um membro está preso. Outros dois maiores e quatro menores de idade são procurados, além de a polícia trabalhar para identificar outros suspeitos. Segundo o delegado, os dois maiores (Jean Lima da Silva, 20, e Rickelmy Martins Batista de Carvalho, 18) fugiram do DF após o crime.

O jovem preso e os procurados responderão por homicídio tentado e homicídio duplamente qualificado por motivo torpe, tanto em razão do racismo homotransfóbico, quanto pela impossibilidade absoluta de defesa da vítima.

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